
A proximidade do Natal lota a Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, de visitantes atraídos pela iluminação especial do complexo. Porém, com o aumento do movimento chegam os transtornos, como a presença de flanelinhas não regularizados pela prefeitura, que aproveitam o aumento da demanda para extorquir dinheiro e achacar motoristas em busca de vagas no entorno do cartão-postal, pelas quais chegam a cobrar R$ 30. Em duas operações da Polícia Militar nesta semana, foram 26 abordagens, sendo que apenas cinco eram de pessoas com a devida autorização para trabalhar como lavador e guardador de carro. Das 21 abordagens de clandestinos, quatro foram feitas com reincidentes, que estavam na praça tanto no domingo passado quanto na última quinta-feira atuando de forma ilegal. Em todo o ano de 2017, o 1º Batalhão da PM, responsável por policiar a área central da cidade, já fez 296 conduções de flanelinhas.
“A Polícia Militar tem intensificado as operações justamente para garantir a sensação de segurança. No domingo, levamos 12 pessoas para a delegacia. Quatro delas retornaram achando que não teriam problemas, e foram levados novamente na quinta-feira, junto com outros 10”, afirma o militar. Enquanto 21 pessoas foram flagradas exercendo de forma ilegal a profissão, no mesmo período, apenas cinco lavadores de carro credenciados e trabalhando da forma correta foram encontrados pelos militares. Entre os conduzidos, de acordo com a Polícia Civil, estavam pessoas com antecedentes criminais por furtos e roubos. As pessoas detidas respondem pelo crime previsto no artigo 47 da Lei de Contravenções Penais por exercício ilegal da profissão ou atividade econômica. A pena é de prisão simples de 15 dias a três meses de detenção ou multa. “Na delegacia, o policial militar é ouvido e relata o que aconteceu e presenciou. Em seguida, é colhida a versão do indivíduo que foi preso pelo crime. É assinado um termo circunstanciado de ocorrência e depois o acusado passa por uma audiência no juizado especial”, explica a delegada Fernanda Rezende, da Delegacia Adida ao Juizado Especial Criminal.
Na maioria dos casos os detidos são liberados. O sargento Gonçalves acrescenta que o fato de os conduzidos serem ouvidos e voltarem para as ruas é um entrave para a atuação da polícia, porque como a atividade é muito rentável, eles não temem as abordagem e retornam em pouco tempo para extorquir dinheiro dos motoristas. “Se o flanelinha cobra entre R$ 20 e R$ 30 do condutor e consegue arrecadar de 10 a 20 veículos por dia, isso o incentiva a voltar”, diz. “A reincidência é muito comum. Não tem como a polícia ter outra atitude, pois somos obrigados a seguir o que a lei manda. Então, ficamos limitados”, completou a delegada.

Cadastrados
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, há 1.137 pessoas cadastradas no Programa de Lavadores atuando na Região Centro-Sul da capital. A administração ressaltou que eles não podem pedir dinheiro aos motoristas. “Se o dono do veículo for lavar o carro, o preço da lavagem tem que ser acertado antes”, completou. Quando os flanelinhas são detidos pela PM pela contravenção e não são cadastrados, recebem multa da prefeitura.
Para se cadastrar no programa, o lavador deve solicitar autorização, indicando o local onde pretende trabalhar. Na área, passa por vistoria da administração municipal. Além disso, o interessado deve apresentar uma lista de documentos, que passam por análise. Se aprovado, o trabalhador recebe credencial e colete.
