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Estado de Minas BH 120

Primeiro bloco de carnaval de BH, Leão da Lagoinha festeja 70 anos de folia

Considerado a 'mãe de todos os blocos', grupo foi pela primeira vez às ruas em 1947 com homens vestidos de mulher e vice-versa


postado em 10/12/2017 06:00 / atualizado em 10/12/2017 09:19

Jairo Moreira (E), presidente do bloco, a Madrinha Marli Pedra Pereira e as novas gerações: disposição para resgatar a história(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Jairo Moreira (E), presidente do bloco, a Madrinha Marli Pedra Pereira e as novas gerações: disposição para resgatar a história (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Aos jovens foliões que porventura pensem na BH do início do século XX como uma donzela recatada e bem-comportada, a capital, se pudesse, certamente diria, entre divertidas e debochadas gargalhadas: “Sabem de nada, inocentes!”. Quem descobriu os bloquinhos carnavalescos da cidade no início dos anos 2000, afinal, pode não imaginar, mas está lidando com uma senhora pra lá de “saliente”, que, desde 1897, – ano de seu nascimento – já sabia bem como dar festas cheias de irreverência.

Que o diga O Leão da Lagoinha, primeiro bloco de carnaval de Belo Horizonte. Das 120 folias que a cidade completa nesta terça-feira, a “mãe de todos os blocos” acompanhou pelo menos 70. Fundado em 1947, o grupo saía às ruas, já naquela época, arrastando multidões de homens vestidos de mulher e vice-versa. Famoso pelos bailes animados com que encerrava seus cortejos – frequentados até mesmo pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek – o bloco interrompeu suas atividades em 1985. No último carnaval, voltou à ativa e esquenta os tamborins para sair novamente no ano que vem. “Para se ter uma ideia, nós demos origem à Banda Mole, proclamado bloco mais antigo de BH. Mas ela foi formada a partir de uma dissidência nossa, em 1975. Sobrevivemos aos trancos e barrancos até 1985 e acabamos por suspender o carnaval por 32 anos. Mas quem começou com a tradição de sair com homens e mulheres com roupas trocadas pela rua afora fomos nós”, defende Jairo Nascimento Moreira, atual presidente do bloco.

O ponto de partida do Leão da Lagoinha ainda é o mesmo da década de 1940: no cruzamento das ruas Itapecerica e Machado de Assis. “De lá, exatamente como era no passado, abrimos os desfiles das escolas de samba, na Avenida Afonso Pena, e encerramos o trajeto com muito agito na Praça Vaz de Melo”, diz Jairo. Frequentador do Leão desde os 7 anos, o secretário parlamentar de 54 anos lembra com nostalgia dos áureos tempos do cordão festivo. “Descia a cidade inteira para nos acompanhar. Era lindo. Estou muito feliz de ter retomado este projeto. Eu cresci nesse carnaval. A comunidade não pode deixar isso morrer”, ressalta o belo-horizontino.

Resgatar o bloco custou a Jairo e seus companheiros de organização bem mais que energia. “Para um bloco de carnaval sair na rua, não se gasta menos de R$ 60 mil. Ano passado, entramos no edital da prefeitura e recebemos R$ 10 mil. A Ambev patrocinou outros R$ 10 mil. O restante saiu do meu bolso e de outros amigos meus, que abraçaram a causa. Então imagine que estamos pagando dívidas de carnaval até hoje!”, brinca, destacando que ainda não deu início aos trâmites de arrecadação de recursos para 2018.

Segundo Nascimento, cerca de 3,5 mil pessoas acompanharam o grupo pelas ruas de BH este ano. A expectativa é de que no ano que vem mais pessoas descubram o Leão. Entre as novidades do para 2018, o bloco prepara 500 cópias para distribuição gratuita de um DVD comemorativo de seus 70 anos – espécie de documentário sobre a história do bloco – camisas temáticas e uma festa especial. “Fechamos também uma parceria com o carnavalesco Léo Piló. Ele vai elaborar para nós a escultura de um leão, alegoria que vai puxar o nosso cortejo. E, para quem não sabe, nossa banda é da melhor qualidade, formada por músicos da UFMG e do Palácio das Artes”, relata o presidente.

Os ensaios – serão dois, segundo Jairo – começam na véspera do desfile. Uma das organizadoras é Marli Pedra Pereira, de 62, madrinha do bloco. Sua história, tanto com o Leão quanto com o carnaval da cidade, também é antiga. “Moro na Lagoinha e cresci vendo o Leão. E saía não só nele: já fui porta-estandarte da escola de samba Unidos do Guarani por 20 anos também. O carnaval de BH era o segundo mais animado do país, ficava atrás só do Rio de Janeiro. Fiquei triste quando acabou e agora estou muito satisfeita de ver essa animação toda brotar de novo”, comemora a enfermeira aposentada.

 

 

 

Leões e leoas: a origem

Confira um raio-x da história do Leão da Lagoinha, bloco carnavalesco mais antigo de BH

Fundação: 1947
Origem: Terrestre Esporte Clube
Cores: vermelho e branco
Símbolo: Leão
Marca: homens saem às ruas vestidos com trajes femininos e mulheres, com roupas masculinas
Origem: o bloco nasceu no antigo Terrestre Esporte Clube (TEC), equipe de futebol de várzea popular em BH, graças aos animados bailes proporcionados em sua sede social, na Rua Itapecerica. Como o TEC, na época, era patrocinado pelo time mineiro Villa Nova – cujo símbolo é um leão – o grupo carnavalesco acabou batizado de “O Leão da Lagoinha”.

Hino
Salve, salve, Leão da Lagoinha!
Com suas pastoras, na avenida a desfilar
Estamos aqui sambando e botando para quebrar
Carnaval é com o Leão, que nasceu para abafar
Salve, Salve o Leão da Lagoinha!
Salve, salve, BH


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