
Ao ser advertida pelo homem, Débora, que visitava o clube apenas pela segunda vez, contou que ele possivelmente não a conhecia, já que seu marido era o sócio. "Falei que éramos irmãs e ele duvidou, dizendo que aquele era um 'clube de família', e que não era permitido abraçar, nem beijar, naquele local", explicou. Ainda sem entender, a jovem precisou chamar o marido para "provar" que não era lésbica.
"Fui até a diretoria e o funcionário veio dizendo que outro cotista havia pedido para chamar nossa atenção e que aquela era uma norma do clube", disse. Após o desentendimento, a jovem chamou a Polícia Militar para registrar o boletim de ocorrência. No documento, Débora disse que não sabia que ele era funcionário, já que não usava uniforme. Porém, após apuração, o homem, identificado por M. R. S., já havia encerrado o expediente quando abordou as irmãs. Segundo o registro, o autor achou que elas eram namoradas e que não se pareciam.
Ainda no local, segundo Débora, o presidente do estabelecimento entrou em contato por telefone. Na ligação, o representante reafirmou a "norma do clube". "Ele disse que abraçar não era permitido no local e para eu não render assunto, pois corria o risco de ser expulsa", disse a jovem, que, junto ao marido, quis cancelar a cota e processar o estabelecimento.
O marido de Débora, Deivid Corcino, de 30, contou que também foi repreendido pelo presidente. "Ele me ligou na segunda-feira, dizendo que eu era moleque e que devia agir como homem", informou o engenheiro, que ainda aguarda os comprovantes do cancelamento do serviço.
LGBTfobia
Débora disse que ficou "extremamente nervosa" com a situação. "Perguntei: e se a gente fosse namorada, qual seria o problema? Não estava fazendo nada de errado. Da mesma forma que abraçaria meu marido, abracei minha irmã", contestou a estudante. Ela ainda completou que o homem "foi bem preconceituoso e deixou a entender que LGBTs não eram bem-vindos".A ocorrência, que aconteceu no fim de outubro, foi encerrada na delegacia de plantão da Polícia Civil de Sete Lagoas. O em.com.br tentou entrar em contato diversas vezes com o clube pelo telefone, mas, nenhuma ligação foi atendida. A reportagem também entrou em contato por e-mail e aguarda um posicionamento do estabelecimento que informou que responderá até o fim da semana. As informações foram confirmados pelo BO.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie
