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Estado de Minas

Copasa quer captar água do Rio São Francisco para abastecer Montes Claros

Copasa planeja construir adutora de 146 quilômetros, a maior do Sudeste, para levar água do rio a Montes Claros, que enfrenta racionamento. Obra, de R$ 323 mi, depende de outorga


postado em 27/09/2017 06:00 / atualizado em 04/10/2017 16:34

Trecho do São Francisco: Copasa afirma que o manancial tem vazão suficiente para o fornecimento de água para a cidade polo sem alterar muito seu nível(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Trecho do São Francisco: Copasa afirma que o manancial tem vazão suficiente para o fornecimento de água para a cidade polo sem alterar muito seu nível (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
A Copasa pretende captar água no Rio São Francisco para abastecer Montes Claros, sexta maior cidade do estado (400 mil habitantes, no Norte de Minas), com a promessa de resolver o problema da crise hídrica município, onde a população enfrenta racionamento. O plano é instalar 146 quilômetros de tubulação, a maior adutora de abastecimento de água do Sudeste brasileiro e uma das extensas do Brasil, com investimentos previstos da ordem de R$ 323 milhões. A informação foi confirmada ao Estado de Minas pelo superintendente Operacional Norte da estatal em Montes Claros, Roberto Botelho.

Montes Claros será a maior cidade de Minas Gerais a ter a captação no Rio da Integração Nacional, que atingiu neste ano o mais baixo nível desde a sua descoberta, que completará 516 anos em 4 de outubro. Como mostrou o EM na série de reportagens “São Francisco soterrado”, o rio já sofre com a superexploração de seus recursos hídricos, além de ser castigado pelo assoreamento que aterra seu leito. Segundo estudo do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (Usacle) e da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), divulgado com exclusividade pelo EM, o Velho Chico recebe 23 milhões de toneladas de sedimentos por ano.

Roberto Botelho disse que a captação será feita em Ibiaí, em um ponto onde o rio tem vazão suficiente para o fornecimento de água para a cidade polo do Norte de Minas, sem alterar muito o seu nível. O local fica 50 quilômetros abaixo do ponto em que o São Francisco tem o seu volume aumentado com a água que chega do Rio das Velhas (Barra do Guaicuí). Ele acredita que não deve ser enfrentada barreira para a outorga, porque a finalidade é o abastecimento humano, prioritário, segundo a Constituição Federal.

Atualmente, Montes Claros enfrenta grave crise no abastecimento de água, com a população convivendo com o racionamento. A água chega às casas com interrupções de 48 horas. Devido à falta de chuvas, o nível de água alcança apenas 18% da capacidade da barragem do Rio Juramento (Sistema Verde Grande), que abastece 65% da cidade. Como medida emergencial, a Copasa iniciou a construção de uma adutora para captar água no Rio Pacuí, no município de Coração de Jesus, a 56 quilômetros de distância de Montes Claros.

Os pequenos produtores de Coração de Jesus reagiram, alegando que, com a captação para atender Montes Claros, eles ficarão sem água para manter lavouras e seus animais e até para o consumo humano. No dia 12, deferindo pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a juíza Luciana de Oliveira Torres, de Coração de Jesus, suspendeu as obras do Pacuí, em decisão liminar. Mas a Copasa recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), cassou a decisão e reiniciou os serviços.

LEVANTAMENTOS O superintendente regional Norte da Copasa disse que, nesta semana, técnicos da empresa chegaram à região de Coração de Jesus e Ibaí para os levantamentos que visam à elaboração do projeto de levar água do Rio São Francisco até Montes Claros. Ele explicou que a companhia vai aproveitar a própria tubulação entre Montes Claros e o Pacuí para fazer uma outra adutora e alcançar o São Francisco. Por isso, o projeto passará a ser denominado Pacuí/Ibiaí.

Conforme Roberto Botelho, no primeiro momento serão feitos os 56 quilômetros de adutora até o Rio Pacuí, orçados em R$ 135 milhões, já iniciados e que deverão ser concluídos dentro de um ano. Está sendo feito o projeto para a construção da nova adutora, de 90 quilômetros, entre o Rio Pacuí e o ponto do Rio São Francisco em Ibiaí, orçada em R$ 188 milhões, totalizando R$ 323 milhões em investimentos. Ainda de acordo com o superintendente, a previsão é de que os serviços da adutora até o Velho Chico fiquem prontos dentro de três anos. “A água sairá de uma adutora em Ibiaí, de onde será bombeada até o Pacuí. De lá será levada para Montes Claros”, disse o representante da Copasa.

“Será construída a adutora para a captação no Rio São Francisco para se ter uma solução definitiva para o abastecimento de Montes Claros. Além disso, trata-se de uma obra em que a Copasa não depende de terceiros”, disse Botelho, lembrando que, na ampliação do sistema de abastecimento do município, a empresa ficou aguardando a construção da barragem Rio Congonhas, prometida pelo governo federal há mais de 10 anos e que nunca saiu do papel.

O superintendente regional da Copasa informou ainda que serão captados 500m3/s de água no Rio São Francisco e no Rio Pacuí, aumentando a capacidade de oferta de água de Montes Claros dos atuais 885m3/s para 1.250m3/s. Assim, será garantida uma quantidade suficiente para atender a cidade pelos próximos 35 anos.

Botelho acrescenta que foi fixado um limite para retirada de água do Pacuí, para manter vazão mínima de 399m3/s, evitando prejudicar a população local. O sistema deve permitir que a retirada de água do Rio Pacuí seja suspensa em períodos de seca, mantendo a captação de 500m3/s somente no São Francisco.


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