
“Esses casos precisam ter punição severa”, defende Zaqueu, adiantando que, até amanhã, será feita a limpeza dos monumentos por funcionários da prefeitura local. Ele explicou que, por sorte, o ataque foi na parte de alvenaria, e não nas pedras de cantaria, o que dificultaria o serviço. Uma câmera flagrou o momento da pichação e o material gravado foi entregue à delegada para não atrapalhar as investigações, disse Zaqueu. Na tarde de ontem, ele teve um encontro com a promotora de Justiça da Vara Criminal, Luíza Helena da Fonseca, com a juíza da Vara Criminal Lúcia de Fátima Magalhães Albuquerque e Silva e o delegado regional Silvério Rocha.
TESTEMUNHAS A pichação do Chafariz de Marília ocorreu na madrugada de segunda para terça-feira, e da Ponte de Barra, de sábado para domingo. Os monumentos são tombados individualmente pelo Iphan. Segundo um morador de Ouro Preto que prefere não se identificar, o vandalismo no chafariz teria sido feito por quatro mulheres, na faixa de 25 anos de idade, sendo três turistas de Santa Catarina e uma de Belo Horizonte. Uma delas seria estudante de psicologia. O grupo teria chegado à cidade a Ouro Preto na segunda-feira e se hospedado numa república do Bairro Antônio Dias. Já o vandalismo na ponte teria sido obra de dois rapazes.

Uma curiosidade no caso, investigada pela polícia, é que as letras são muito parecidas. Na ponte, os pichadores deixaram mensagens políticas contra o presidente da República, Michel Temer. O secretário municipal de Cultura e Patrimônio informou que o Chafariz de Marília, localizado no Largo de Marília, em frente ao Clube 15 de Novembro, no Bairro Antônio Dias, faz referência a Marília de Dirceu, nome dado a Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, noiva e musa inspiradora do poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
RESTAURO O chafariz pichado faz parte de um conjunto de 22 chafarizes restaurados com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, do governo federal. A maioria foi construída entre 1740 e 1760, época de grandes investimentos em obras públicas na então capital da Capitania de Minas Gerais, chamada de Vila Rica. A pichação ocorre no momento em que está sendo restaurado o Chafariz dos Contos, no Centro Histórico de Ouro Preto, que, depois de mais de 20 anos no seco, e com muitos problemas na preservação, voltará à cena barroca com a mesma serventia do século 18: jorrando água. Os recursos de R$ 52 mil para a obra são do Fundo Municipal do Patrimônio e a expectativa é de que tudo fique pronto no fim de outubro ou início de novembro.
