
Enquanto nas alturas o frio continua intenso, a capital e demais municípios da região metropolitana tiveram uma trégua. De acordo com o Instituto PUC Minas TempoClima, a menor temperatura registrada ontem em BH foi de 12 graus, bem acima dos 6,1 graus da manhã do último dia 4, quando a cidade foi a mais gelada das capitais. Apenas no fim de semana a temperatura cai novamente, mas a mínima deverá ficar na casa dos 10 graus.
Os meteorologistas explicam que uma massa de ar seco deixa o tempo estável em Minas. Em BH, a quarta-feira ensolarada teve temperatura máxima chegando aos 24 graus, à tarde, com umidade relativa do ar na casa dos 40%. A menor temperatura do estado foi de 3 graus, na Serra da Mantiqueira, no Sul do estado. Nas demais áreas, predomínio de sol e ausência de chuva. Na Serra da Piedade não há estação meteorológica, mas funcionários registraram 7 graus ontem de manhã.

VENTO SUL Da rodovia BR-381, motoristas e passageiros podem contemplar o topo do maciço envolto numa nuvem densa. À medida que as pessoas vão percorrendo a estrada de cinco quilômetros, a pé ou de carro, vão sentindo a cerração que bate no rosto e faz buscar um agasalho com urgência, principalmente proteção para o pescoço. Prestes a completar 40 anos de serviço no santuário, o guardião Zacarias Profeta Pereira, de 63, garante que inverno assim só mesmo em 1979, quando choveu muito em Minas. “A gente tolera pela precisão de trabalhar, ainda com o vento do Sul trazendo mais frio aqui para a serra”, diz ele, que sentiu na pele, semana passada, os 3 graus de temperatura.
Participando de um retiro espiritual de três dias no local, os diáconos Emerson Rodrigo e Lucas Vinícius Oliveira, ambos de 27 e visitantes de primeira viagem, e Marcos de Freitas Santos, de 37, não economizam nos cobertores e não deixam de lembrar que o lugar ganha mais charme nessa época. “Durmo com cinco cobertores”, garante Emerson. “Eu, com quatro”, assegura Lucas, enquanto Marcos se contenta com três. Quem trabalha ao ar livre, na manutenção, passa seus perrengues em junho e julho, admitem Elias Corrêa, de 45, e Júnio Alex, de 21. O primeiro usa até cinco blusas e o outro, duas calças. “Às 6h, a gente não enxerga nada”, diz Elias, que trabalha há quatro anos no santuário aprendeu a conviver com os nevoeiros.
