(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Técnicos do Ministério da Saúde procuram mosquitos da febre amarela em Esmeraldas

Cidade onde ocorreu o primeiro óbito humano na Grande BH recebe equipe em busca de vetores para avaliação em laboratório. Capital investiga mortes de mais cinco macacos


postado em 10/03/2017 06:00 / atualizado em 10/03/2017 07:31

Espécimes capturados nas armadilhas são enviados à Fiocruz, no Rio de Janeiro, para análise(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Espécimes capturados nas armadilhas são enviados à Fiocruz, no Rio de Janeiro, para análise (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Esmeraldas – Uma equipe do Ministério da Saúde se embrenha na mata no entorno da cidade de  Esmeraldas, onde ocorreu o primeiro – e por enquanto único – caso de morte por febre amarela na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Desde a última segunda-feira, seis técnicos em entomologia montam armadilhas no solo e nas copas de árvores para capturar mosquitos transmissores da doença. Para fechar o cerco aos vetores, equipamentos também foram instalados em moradias rurais.


Desde o início do ano foram confirmados 101 óbitos por febre amarela em Minas, segundo o último balanço da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Outras 77 mortes são investigadas. Entre pacientes com sintomas, há 272 diagnósticos confirmados e 747 em apuração. Embora única na região metropolitana da capital, a morte em Esmeraldas – uma das 29 cidades com óbitos humanos comprovadamente causados pela doença –, foi suficiente para preocupar autoridades quanto à saúde dos quase 4,5 milhões de moradores da Grande BH.

Por isso, técnicos do Ministério da Saúde foram a Medeiros, lugarejo de Esmeraldas a 30 quilômetros do Centro, o maior trecho por estrada de chão, onde a vítima se contaminou. O homem tinha 48 anos, morava em Contagem, mas prestava serviços a um sitiante da cidade, à qual tinha chegado havia 15 dias. O grupo do ministério já capturou dezenas de insetos na região, mas ainda não há notícias de que estejam contaminados. O resultado depende de análises que serão feitas em laboratório.

“Pegamos de 30 a 40 insetos por dia. Eles são colocados em um recipiente com gelo seco, para serem encaminhados à Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde serão feitos outros procedimentos para saber se estão ou não infectados”, explicou o técnico José Otaviano Madureira de Almeida.

Os caçadores de mosquitos dos gêneros Sabethes e Haemagogus, transmissores da doença na modalidade silvestre, usam três tipos de armadilhas. Uma delas é chamada de ovitrampa – na prática, um recipiente de plástico com líquido capaz de atrair fêmeas para desova. A segunda usa gelo seco para atrair os insetos, independentemente do sexo. Por fim, é usada a puçá, uma rede acoplada a um pequeno cano, uma espécie de caça-borboletas.

Assim que um inseto é capturado, os profissionais recorrem a um aspirador manual para sugá-lo da armadilha e colocá-lo em um recipiente com gelo seco. Enquanto fazia a manutenção em um dos aspiradores, José Geraldo Martins capturou um mosquito. E alertou o grupo: “É um da febre amarela”. O espécime foi colocado no recipiente.
José Geraldo Martins avalia armadilha instalada na zona rural de Esmeraldas(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
José Geraldo Martins avalia armadilha instalada na zona rural de Esmeraldas (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)


Além da busca aos transmissores, o grupo também está atento à presença de macacos mortos na região. Os primatas são uma espécie de sentinelas da doença. Não a trasmitem diretamente, mas servem de alerta para possíveis focos de vetores contaminados. Tão vítimas quanto o ser humano, os macacos também podem morrer se infectados pelo mosquito.

FORÇA-TAREFA A equipe do Ministério da Saúde trabalha com apoio da secretaria estadual e da prefeitura. Assim que surgiu a notícia de uma vítima na área rural de Esmeraldas, a Secretaria de Saúde do município fez o chamado bloqueio. Quem explica a estratégia é a coordenadora de Atenção Primária da cidade, Kaity Magalhães: “Fomos de casa em casa em Medeiros, onde o homem foi picado, e em outros lugarejos. Nas casas em que as famílias não estavam, deixamos avisos”.

Além dos vilarejos, moradores da área urbana foram vacinados. “Foram mais de 6,2 mil doses, contando tanto a parte rural quanto a urbana”, calculou João Costa, diretor da secretaria municipal. Apesar do esforço de vacinar toda a população, há quem ignore o perigo, como João Cláudio, dono de uma venda no município. “Mosquito não me pega”, acredita o comerciante. Mas seria prudente ouvir o alerta da técnica em enfermagem Lusia Martins de Souza: “Um mosquitinho pode matar um gigante”.

MACACOS MORTOS EM BH

Subiu para 14 o número de mortes de macacos sob investigação em Belo Horizonte por suspeita de contágio por febre amarela. Com cinco novos casos do tipo em avaliação em relação ao último dado divulgado, a capital já registra dois óbitos de primatas comprovadamente causados pela doença, o que indica a circulação do vírus na cidade, mas ainda não há suspeita de casos humanos da virose.

Localizado no Bairro Nova Gameleira, Região Oeste de BH, onde ocorreu uma das mortes de macacos provocada por febre amarela, o Câmpus II do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) suspendeu ontem as aulas nos períodos da manhã e da tarde, para uma ação preventiva de combate a mosquitos. A pulverização com fumacê foi recomendada pela prefeitura.

BH detectou um total de 16 macacos mortos, com duas confirmações para a virose e 14 análises pendentes. Segundo o último informe epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, 93 municípios mineiros já tiveram óbitos de primatas confirmados pela doença, incluindo casos da Grande BH (além da capital, Betim, Contagem e Juatuba).

O diretor-geral do Cefet-MG informou que as medidas são preventivas e que as atividades acadêmicas seriam retomadas ainda ontem, no turno da noite. “É uma situação que requer cuidado devido à taxa de mortalidade pela doença. Por isso, em parceria com a Prefeitura de BH fizemos um dia de imunização no câmpus e agendamos dedetização preventiva, já que é um espaço com muitas árvores”, afirmou. Para a estudante Bárbara Werneck, de 17 anos, foi uma surpresa. “É comum ver esses micos no Cefet, mas não esperava que eles corressem risco de infecção. Fiquei preocupada. Pensei até em não ir às aulas, mas acredito que a partir de sexta-feira, depois da dedetização, tudo esteja resolvido e poderemos estudar normalmente”, disse.

O infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, tranquiliza a população. “Não há motivo para pânico. As confirmações das mortes de primatas por febre amarela não significam automaticamente que haja risco de urbanização da doença. E, mesmo se isso acontecer, temos a ferramenta para combater a febre amarela, que é a vacinação”, explica.

O professor afirma que a morte dos primatas deve ser um alerta para que aqueles que ainda não se vacinaram não percam mais tempo. Ele reforça ainda que os casos notificados estão em queda. “Espera-se que nos próximos boletins o número se reduza ainda mais, o que já era esperado devido à cobertura vacinal.”

Enquanto isso...
...UPA Venda Nova estende vacinação


A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Venda Nova ficará aberta até as 21h para aplicar a vacina contra a febre amarela. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a medida foi tomada para facilitar o acesso das pessoas que trabalham durante o dia. As senhas serão distribuídas até as 19h30. A unidade fica na Rua Padre Pedro Pinto, 175. Outros dois postos foram montados para receber a população, um no Centro de Saúde Betânia, na Região Oeste, e outro no Centro de Referência do Trabalhador, no Barreiro. Até ontem, 515.545 pessoas haviam recebido a vacina na capital.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)