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Estado de Minas

Laboratório que fabrica vacinas contra a febre amarela opera no limite

Surto obriga linha de produção de vacinas da Fundação Oswaldo Cruz a operar no limite da capacidade. Total de doses entregue em dois meses, 21 milhões, supera volume de remessas de um ano inteiro


postado em 17/02/2017 06:00 / atualizado em 17/02/2017 07:23

Instituição assegura que não faltarão doses para a população, mas para isso conta com surto sob controle (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Instituição assegura que não faltarão doses para a população, mas para isso conta com surto sob controle (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
O surto de febre amarela, que bate recordes de vítimas em Minas Gerais e deixa todo o país em alerta, exigiu um esforço que levou o laboratório Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a chegar ao limite da produção de vacinas, suspender a exportação do produto e a superar, em pouco mais de dois meses, toda a entrega de doses normalmente feita em um ano ao Ministério da Saúde. Nos 12 meses de 2015, a instituição entregou 19,1 milhões de doses. Em 2016, 16,3 milhões. Já de dezembro do ano passado a 8 de fevereiro deste ano, foram liberadas 21 milhões de vacinas. A fundação sustenta que, apesar da situação adversa, não haverá desabastecimento. Mas, para isso, aposta no controle dos casos.


O vice-diretor de Produção de Bio-Manguinhos, Antônio Barbosa, explica que, desde dezembro, quando se teve notícia dos primeiros casos da virose, a instituição começou a estocar mais doses da vacina. Em janeiro, a produção mensal, que era de 2 a 3 milhões de doses/mês, saltou para até 9 milhões, o que representa a capacidade máxima do laboratório. “A produção varia de acordo com a demanda do programa nacional de imunização, mas em geral é de 22 milhões a 30 milhões de doses por ano. E, de dezembro para cá, num período de pouco mais de dois meses, entregamos ao ministério o que normalmente é entregue em um ano inteiro. Essa produção é espantosa. Passamos a trabalhar sábados, domingos... É um trabalho de sete dias por semana, 24 horas por dia”, afirma o vice-diretor.

Outra medida que o laboratório precisou adotar para reforçar a produção da vacina da febre amarela foi alterar o planejamento em relação a outros imunizantes. “Alteramos o plano-mestre e postergamos a entrega da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola). Em vez de entrar em produção em fevereiro, ela vai entrar em abril”, explica o vice-diretor. Porém, Antônio Barbosa afirma que a mudança no calendário não trará prejuízo à população, já que há estoque do produto no Ministério da Saúde. “Essa linha de produção (da tríplice viral) é compartilhada. Quando voltarmos a produzi-la, serão duas linhas de produção: a dela e a da febre amarela, que praticamente não para.” O imunizante contra a febre amarela é produzido em duas etapas e leva cerca de 80 dias para ficar pronto.

Apesar dos altos números de doses, a atual produção e distribuição da vacina não é recorde em Bio-Manguinhos, segundo Antônio Barbosa, diante do grande número de casos em outros grandes surtos já registrados no Brasil, a exemplo do ocorrido em 2009. O laboratório sempre exporta o que é excedente da demanda nacional. “Nossa prioridade é atender ao programa nacional de imunização e ao Sistema Único de Saúde. Se não sobrar nenhuma dose, não exportamos, e é o que tem ocorrido no momento. Não estamos vendendo para o exterior desde novembro”, explica. As remessas para outros países representam entre 20% e 30% da produção nacional. Em situações epidêmicas, como ocorreu na África, em 2015, o laboratório chega a fazer doações.

Em Minas Gerais, a febre amarela já tem 995 casos notificados, com 76 mortes confirmadas e 93 sob investigação. Apesar da procura que lota postos de saúde em cidades como Belo Horizonte, o vice-diretor acredita que a produção atual de vacinas está alinhada com a demanda do ministério, e crê que, além de o surto de febre amarela silvestre estar chegando ao fim, a doença não vai se espalhar para outras áreas no país, nem se urbanizar. “A febre amarela silvestre sempre existiu. A chance de uma pessoa doente ser picada por um mosquito Aedes aegypti na cidade e transmitir a doença existe, mas é pequena. Nós, da Fundação Oswaldo Cruz, não acreditamos na urbanização da doença. E defendemos que as pessoas se vacinem, paulatinamente, com responsabilidade e seguindo o calendário de vacinação e a recomendação das áreas endêmicas”, afirmou.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Mais R$ 8,9 mi para Minas


Minas Gerais vai receber mais recursos para intensificar as ações de imunização da população contra a febre amarela. O Ministério da Saúde publica hoje, no Diário Oficial da União, portaria autorizando a liberação de R$ 8,9 milhões para o estado, informou ontem, por meio de nota, o senador Aécio Neves (PSDB), que se reuniu com o ministro Ricardo de Barros e prefeitos mineiros para discutir o surto no estado. Os novos recursos se somam aos R$ 7,4 milhões já autorizados na quarta-feira para cobrir despesas hospitalares e ambulatoriais.


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