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Estado de Minas

Mais um caso de agressão em saída de boate expõe problema em Belo Horizonte

PM admite casos em série e pede colaboração de casas noturnas. Associação de bares sustenta que segurança do lado de fora é papel do estado


15/10/2016 06:00 - atualizado 15/10/2016 07:18
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Vitor Lomeu foi agredido na Rua Major Lopes, no Bairro São Pedro
Vitor Lomeu foi agredido na Rua Major Lopes, no Bairro São Pedro (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A PRESS)
Pouco mais de um mês depois do caso de espancamento na saída da casa de eventos Hangar, em Belo Horizonte, novo episódio de violência na saída de uma boate da Região Centro-Sul chama a atenção para a violência nas baladas da capital e volta a causar indignação entre vítimas e familiares.

Desta vez, um jovem de 19 anos foi agredido na madrugada de ontem depois de deixar o estabelecimento Major Lock, no Bairro São Pedro. Segundo a Polícia Militar, Vitor Lomeu Cerqueira foi abordado por dois homens na altura do número 533 da Rua Major Lopes, próximo à esquina com a Rua Congonhas.

De acordo com a ocorrência policial, ele foi agredido com socos e chutes e a violência só parou quando um guardador de carros que trabalhava no local ajudou a conter as agressões. Uma das linhas de investigação é a de que o jovem foi agredido após tentativa de assalto.


Essa foi pelo menos a quinta ocorrência mais grave deste tipo este ano. Nas situações anteriores, as agressões foram por motivos fúteis no fim da noitada. Dois dos casos terminaram com a morte de duas pessoas.

Assim como na ocorrência da casa de eventos Hangar, quando o jovem Henrique Papini, de 22 anos, foi espancado, a vítima de ontem foi agredida até ficar inconsciente e precisou de atendimento médico. Ele foi levado desacordado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII com escoriações e hematomas por todo o corpo e um corte no queixo.

Ontem, segundo a unidade de saúde, Vitor apresentava quadro estável. Até o fechamento desta edição, a Polícia Militar não havia prestado informações sobre a identificação dos autores das agressões ou sobre trabalhos de captura.

Do lado de quem sentiu o horror da violência, casos como o de ontem reforçam o pedido por maior segurança nas casas noturnas e entorno. Para o estudante Henrique Papini, agredido no mês passado, não há um aparato que garanta segurança para quem quer se divertir na noite.

“Penso que a contratação de seguranças particulares para o interior e também para a área externa das boates é muito importante e também pode ajudar muito. Nas casas em que há esse serviço, vejo que o número de profissionais é pequeno”, disse.

Ele afirma ainda que a presença policial, especialmente em festas de grande porte, é fundamental para garantir tranquilidade aos eventos. “No dia da festa em que fui agredido, por exemplo, não havia nenhuma viatura, nem ambulância”, lembra o jovem que se recupera do traumatismo craniano e de face que sofreu como consequência da agressão.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que apura a participação de pelo menos quatro jovens, entre eles, Rafael Bicalho, acusado de ser o mentor da briga. Segundo testemunhas, ele teria ficado com ciúmes da ex-namorada, que teve um relacionamento com Henrique. De acordo com a Polícia Civil, o inquérito deve ser concluído nos próximos dias.

Responsabilidades A Polícia Militar reconhece que é alto o número de confusões registradas em casas noturnas da capital. O capitão Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da PM, afirma que há “diversos chamados durante uma mesma noite” por conta de desentendimentos.

“São ocorrências de brigas, ameaças, superlotação, agressões, que sobrecarregam o trabalho policial, já que a corporação tem outros chamados da comunidade para atender”, afirma. Ele explica que, de modo geral, os casos estão relacionados ao uso imoderado de álcool e drogas e cobra dos estabelecimentos postura mais responsável com a venda de bebidas.

“Ao promover festas com venda de convites que dão direito a bebida liberada, as casas noturnas passam a ser responsáveis por grande parte do problema”, opina.

Além de rever essa prática, o policial afirma que as casas noturnas precisam assumir sua “corresponsabilidade”, com adoção de medidas como contratação de segurança própria e bem treinada, além de instalação de câmeras de segurança, inclusive do lado de fora. Ainda segundo Flávio Santiago, a PM tem aumentado as operações em saídas de festas e mantido veículos do Batalhão Tático Móvel.

Para o conselheiro administrativo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Tulio Montenegro, o estado é responsável pela segurança do lado de fora das boates e casas de shows. “Você imagina uma boate ter que contratar dez ou 15 seguranças para impedir que o sujeito brigue lá fora? Lá dentro não tem essa briga”, disse Montenegro.

Por suavez, o dono da boate Major Lock, Felipe Marreco, disse que a noite foi tranquila e ressaltou que a agressão a seu cliente ocorreu a dois quarteirões do estabelecimento. “A informação que tenho é que o meu cliente teve o carro fechado por outro carro e assaltantes tentaram levar o veículo dele. Meu cliente teria reagido”, afirmou. O empresário disse ter uma equipe de segurança treinada e defende policiamento mais rigoroso em áreas de grandes aglomerações.

Linha do tempo


Outros casos de violência na balada em BH este ano


7 de setembro

O estudante de medicina Henrique Papini, de 22 anos, foi brutalmente espancado na saída da boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro. Segundo a Polícia Civil, pelo menos quatro suspeitos podem ter participado das agressões. O principal suspeito é Rafael Bicalho, de 19 anos, que chegou a ser preso por violência contra uma ex-namorada.


29 de abril

O desentendimento entre frequentadores de uma boate na Avenida Raja Gabaglia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, terminou em tragédia. Guilherme dos Santos Alves, de 33 anos, foi morto a tiros ao deixar uma casa de shows. Paulo Filipe da Silva Gonçalves, de 28, foi preso momentos depois do crime, que foi motivado por um desentendimento dentro da boate.


12 de abril

Em Nova Lima, uma confusão ocorreu em casa de shows na Rua Senador Milton Campos, no Bairro Vila da Serra. O agressor foi expulso por seguranças do estabelecimento e, logo depois, começou uma briga no estacionamento. A vítima tomou um soco, se levantou e foi novamente agredido. Na sequência, levou com um chute. Depois das agressões, segundo versão do defensor e da própria casa de shows, o agressor  fugiu em um carro antes da chegada da polícia.


8 de abril

Uma confusão ocorreu pouco depois das 4h30 em um estabelecimento no Bairro Novo Eldorado, em Contagem. De acordo com a polícia, uma testemunha que estava na companhia de Cristiano Guimarães Nascimento, de 22 anos, disse que, quando eles deixaram o local, pessoas que ameaçaram Cristiano no bar começaram a agredi-lo. O amigo disse que tentou separar a briga e também apanhou. A vítima foi perseguida e espancada violentamente. Quando a polícia chegou ao local do crime, Cristiano estava morto.


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