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Estado de Minas

Insegurança no varejo leva lojistas a investir em equipamentos de vigilância

Pesquisa do setor supermercadista mostra que quase metade dos estabelecimentos de BH sofreu com algum tipo de violência neste ano. Empresários cobram providências


postado em 01/10/2016 06:00 / atualizado em 01/10/2016 13:33

"Os assaltos na região são muitos, a transeuntes, roubos de celulares, a casas e a lojas menores. Esses imóveis sofrem muito mais, pois as pessoas têm menos condições para um preparo de segurança", Ivo José de Castro, Comerciante (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

O aumento no número de assaltos e agressões vem espalhando medo por trás dos balcões de estabelecimentos do setor alimentício de Belo Horizonte, de mercearias a hipermercados. Neste ano, quase metade dos donos desse tipo de comércio relataram ter sido vítimas de crimes. Entre eles, o assalto à mão armada é dos mais citados. Os números aparecem na Pesquisa de Vitimização do Segmento Supermercadista, divulgada ontem. Para tentar se defender do avanço da criminalidade, grande parte dos empresários está investindo em itens de segurança.

O levantamento vem sendo feito desde 2013 pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Belo Horizonte (Sincovaga-BH). Neste ano, a equipe técnica de Estudos Econômicos da Fecomércio ouviu 364 empresas de diferentes regiões da capital, entre 10 e 18 de agosto. A apresentação do estudo contou com a presença de autoridades de segurança pública do estado.

A pesquisa mostra que em 44,5% dos estabelecimentos ocorreu, pelo menos uma vez, algum ato de violência, número que continua alto, mas é discretamente menor que o de 2015 (48,8%). Entre os crimes registrados, 37,4% foram furtos a lojas (37,3% em 2015) e 26,8%, assaltos à mão armada a comerciários. No ano passado, esse tipo de crime correspondia a 20% entre os entrevistados.

A pesquisa da Fecomércio revela um medo cada vez maior entre os comerciantes. Em 2015, 19,8% dos entrevistados sentiam insegurança em trabalhar até mais tarde. Em 2016, esse número saltou para 87,5%. Abrir as portas nos fins de semana leva insegurança a 79,7% dos empresários, sendo que no ano passado os que declaravam a mesma sensação eram 14,8%.

Para evitar assaltos, os comerciantes chegam a aplicar, em média, 20% do faturamento mensal em segurança dos estabelecimentos. A maioria investe em circuito interno de TV (38,8%), alarmes (26,6%) e grades em janelas ou portas (11,3%). Para tentar se defender, 42,4% dos comerciantes ouvidos em agosto de 2016 mudaram algum hábito nos últimos tempos, sendo que 43,9% alteraram o horário de funcionamento da loja, 29,5% passaram a guardar objetos de valor em outros locais e 24,5% reforçaram a segurança.

“Na minha loja, em 17 anos, nunca tivemos segurança fixo no sistema de controle da televisão. Agora, 40 dias atrás, eu contratei. Equipamento e pessoal todo voltado para a segurança”, diz o presidente do Sincovaga-BH, Gilson de Deus Lopes. Outro comerciante que investiu para tentar ter mais proteção foi o dono de supermercado Ivo José de Castro, de 53 anos. Há duas décadas ele tem um estabelecimento no Bairro Cachoeirinha, Região Nordeste da capital mineira. Por muito tempo sofreu com os assaltos seguidos, mas, depois que comprou câmeras de alta resolução, as ocorrências diminuíram. “Foi um grande investimento. Tenho 16 aparelhos somente dentro da loja, outros no depósito, além da área externa. Como fica na esquina, instalei as câmeras de um jeito que dá para vigiar as três ruas de acesso”, explicou.

Se a segurança dentro do comércio foi reforçada, na área externa a situação continua preocupando. “Os assaltos na região são muitos, a transeuntes, roubos de celulares, a casas e a lojas menores. Esses imóveis sofrem muito mais, pois as pessoas têm menos condições para um preparo de segurança”, disse.

RESPONSABILIDADE
Entre as vítimas ouvidas na pesquisa, 98,9% acionaram a polícia e a maioria atribui às corporações a responsabilidade pela segurança pública (64,7%). “É insuficiente o que está sendo feito para conter a criminalidade”, disse Gilson Lopes, ao ser questionado sobre o policiamento. “Tivemos um caso recente que ilustra muito isso: o assaltante parou o carro no meio da rua, sem nada no rosto, completamente descoberto, e ficou ao volante; o comparsa desceu, assaltou os caixas e foi embora. Foi a primeira vez que eu vi isso na minha vida. Normalmente eles têm algumas preocupações, mas a situação está começando a se banalizar”, relata.

O coronel Winston Coelho Costa, comandante do policiamento da capital, cobrou maior participação dos comerciantes nas reuniões com a polícia. “A população tem até participado, formando as redes de vizinhos, por exemplo. Mas esse contato é em um número maior que o de representantes do próprio setor de comércio”, diz. Segundo ele, a participação dos empresários é importante para direcionar as ações da PM.

“Essa relação precisa ser melhorada, para entendermos melhor onde está essa sensação de insegurança. Nossas viaturas param em locais de comércio produtivo. Quando detectamos que o crime está acontecendo mais no horário de abertura, nos aproximamos. Quando percebemos que o maior medo é no fechamento, designamos guarnições para isso”, afirma o comandante. “A estratégia é feita e modificada diariamente, a partir dos dados que a gente tem”, explica. Segundo o coronel Winston, o Comando de Policiamento da Capital vai acolher e analisar os resultados da pesquisa para decidir quais atitudes serão tomadas.

O secretário-adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais, Ailton Aparecido de Lacerda, disse que a pasta vai trabalhar junto às instituições para tentar diminuir os delitos. “Talvez até adotemos novas estratégias, apontadas pelas instituições e coordenadas pela secretaria, para tentar reduzir as ocorrências, principalmente naquelas áreas que têm mostrado maior índice.”


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