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Estado de Minas

Especialistas cobram ações para evitar nova epidemia de dengue em Minas em 2017

Dengue dá sinais de baixa após recorde de casos e mortes, mas especialista alerta para intervalo curto até que o clima volte a ser propício para o Aedes e cobra prevenção


postado em 22/07/2016 06:00 / atualizado em 22/07/2016 07:48

O Aedes aegypti, transmissor da dengue: previsão é de mais chuva no fim do ano em comparação com 2015, o que pode favorecer proliferação do mosquito(foto: Luis Robayo - 25/1/2016)
O Aedes aegypti, transmissor da dengue: previsão é de mais chuva no fim do ano em comparação com 2015, o que pode favorecer proliferação do mosquito (foto: Luis Robayo - 25/1/2016)
Com número de casos de doenças transmitidas pelo Aedes aergypti em baixa, Minas Gerais já tem um desafio para os próximos meses: se armar para combater o mosquito pôs Minas em primeiro lugar no Brasil no número de casos prováveis de dengue e também na liderança das mortes no período epidemiológico 2015/2016. As mais de 500 mil notificações superaram em muito as 201 mil de São Paulo – que ocupa o segundo lugar no ranking e tem o dobro da população mineira – além de representar aumento de 155% em relação aos 196 mil casos do ano passado. O total de 193 pessoas que morreram neste ano em decorrência da enfermidade também já é maior que o número de 2015, quando 76 mortes foram registradas. Apesar de casos já seguirem tendência de queda, especialistas alertam sobre o perigo de uma nova explosão da doença e dos casos de zika e chikungunya e chamam a atenção para a necessidade de medidas de combate ao vetor.


“O espaço entre uma epidemia e outra é muito curto. O governo deve ter um plano de enfrentamento anual que comece bem antes da epidemia. Acredito que já estejam trabalhando nisso. Mas, independentemente do quanto foi executado neste último período, as ações não foram suficientes e alguma coisa a mais tem que ser feita para a próxima época de infestação”, afirma o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano.  Mesmo com a diminuição no número de casos, a doença continua presente em Minas Gerais. Em maio, sete cidades mineiras, entre elas Belo Horizonte, figuraram na lista dos municípios brasileiros com a maior incidência da doença. São elas: Barroso, na Região Central; Guaraciama, no Norte; Araxá, no Alto Paranaíba; Conselheiro Lafaiete, Região Central; Sabará e Contagem, na Grande BH.

Outro risco tem relação com as condições climáticas, já que a água e as altas temperaturas são fundamentais para o processo de reprodução do Aedes, cujos ovos podem eclodir mesmo depois de um ano em ambiente seco, desde que tenha tido um contato inicial com a água. Outro fator é que, em altas temperaturas, o ciclo pode diminuir de 30 dias para apenas 10 dias. Nos próximos meses, quando a incidência da doença aumenta, a previsão é de chuva dentro da média, mas em proporção maior do que no ano passado.

De acordo com o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Instituto TempoClima PUC Minas, o estado está sofrendo influência do fenômeno La Niña. “Não é possível ter a exata previsão por causa da distância do período chuvoso, mas podemos dizer que a estação deve ser mais chuvosa. Em dezembro, no final da primavera e início do verão, teremos um índice pluviométrico maior que o do ano passado”, diz.

Para Estevão Urbano, um trabalho conjunto entre governo e população precisa ser feito. Por parte da administração, ele ressalta a ampliação das visitas domiciliares, uso de inseticidas para eliminar a população de mosquitos, aumento do número de mutirões, além de, entre outros fatores, investimento em pesquisas para viabilização da vacina contra a dengue, já disponível em outros países. O especialista também ressalta o papel da população no combate ao mosquito. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), mais de 80% dos focos do inseto estão dentro dos domicílios.

Para quem teve caso de morte por dengue entre familiares, há muito a ser feito no combate à doença. Moradora de Contagem, a advogada Cíntia Dias Giordani, de 31 anos, perdeu a irmã, Anelise Dias Giordani, de 28, vítima da dengue. Ela avalia que faltam informação e fiscalização. “O número alto de óbitos em Minas por dengue não me surpreende. Falta muita informação e fiscalização”, opina. “Vamos esperar ano que vem a avalanche de dengue de novo?”, cobrou.

Clique para ver os números da dengue em Minas neste ano(foto: Arte EM)
Clique para ver os números da dengue em Minas neste ano (foto: Arte EM)
PROMESSA DE REFORÇO Tanto no estado como em BH, os órgãos gestores das ações de prevenção à dengue reconhecem a explosão dos casos e mortes e afirmam que mantêm medidas de combate e planejam reforço para os próximos meses. O secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta, destaca possíveis fatores para explicar o aumento na capital. A lista inclui ampliação da doença em áreas antes com baixa transmissão; interferência da crise hídrica, que resultou em acúmulo inadequado de água – o que foi constatado no Barreiro, regional com maior número de casos neste ano – além de ocorrência de altas temperaturas, especialmente entre agosto e outubro. Imóveis fechados e impedidos de ser visitados pelos agentes de controle de endemias também podem ter contribuído para o aumento significativo. Segundo ele, houve uma transmissão simultânea de dengue 1 e zika vírus e não há suporte de laboratório que discrimine o que é cada caso, tendo em vista que o Ministério da Saúde priorizou essas análises para gestantes. “Com isso, pode ser que boa parte dos casos de dengue possam ter sido de zika”, afirma.

Para a próxima temporada epidemiológica, Fabiano informa que as visitas domiciliares serão intensificadas (foram 4,1 milhões de imóveis visitados no ano passado, contra 3,1 milhões somente nos primeiros meses de 2016). “A meta é visitar a mesma quantidade no segundo semestre”, diz. Outra medida para evitar casos de zika e de microcefalia em bebês será o aumento na instalação de telas em residências de grávidas. Os mutirões de limpeza também são uma aposta da Secretaria, que realizou 167 dessas ações nos primeiros seis meses e tem o mesmo número programado para o restante do ano. “Esse total do semestre já é 30% maior do que o realizado no mesmo período do ano passado”, compara. O secretário afirma que orçamento não foi um problema. “BH está fazendo mais do que foi feito e estamos introduzindo outras ações. Mas precisamos do apoio da população”, conclui.

No estado, o armazenamento inadequado de água em função do longo período de estiagem no ano passado, além das altas temperaturas de 2016, aliadas a um período chuvoso, são apontadas como razões para a explosão da dengue. Ao reconhecer que o período epidemiológico “deixou ensinamentos”, o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas, Rodrigo Said, garante que o estado já tem ações em andamento e planeja um novo pacote para combate à dengue. Segundo ele, foram investidos R$ 66 milhões nas ações contra a dengue em 2017, contra R$ 50 milhões no ano passado.

“Estamos elaborando um plano de trabalho no qual vamos rediscitur a manutenção da campanha ‘10 minutos contra dengue”, informou.” Também  estamos fornecendo materiais para campanhas de prevenção, atualizando o plano de contingência, dando  apoio a fornecimento de remédios e insumos, realizando licitações. Este momento é preparatório. Algumas ações são imediatas, enquanto as mais pesadas começam a partir dos próximos meses”, diz.


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