Moradores de condomínios e de bairros de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, marcaram um protesto no próximo domingo contra o corte de árvores na BR-040. Um abaixo-assinado foi criado em um site na Internet e já coletou, até o fechamento da reportagem, 1.644 assinaturas. Os organizadores alegam que a retirada das plantas não vai aumentar a segurança, como informado pela Via 040, concessionária que administra a rodovia. Especialistas de trânsito afirmam que as árvores podem apresentar riscos aos condutores.
Os trabalhos de remoção de árvores começaram no início deste mês. Os trabalhos vão fazer a remoção de 5.295 plantas que estão a nove metros da pista entre o Viaduto da Mutuca, no km 544, até o trevo de aceso a Ouro Preto, no km 563. A primeira etapa está prevista para ser concluída em junho de 2016. Na segunda etapa, serão retiradas mais 15 mil árvores entre Ouro Preto e Curvelo. O término será em dezembro de 2017. Segundo a Via 040, “a medida tem o potencial de salvar vidas ao criar áreas livres de obstáculos, que permitirão ao condutor reduzir a velocidade ou recuperar o controle do veículo sem se chocar contra uma árvore”.
Além disso, afirmam que as árvores a filtragem da poluição do ar e absorção do barulho, poeira e poluição dos carros da rodovia, absorção de até 70% da água da chuva, reduzindo o risco de enchentes, aumento da umidade do ar, redução da temperatura garantindo o conforto térmico e a produção de oxigênio, que é vital para nossa sobrevivência. No próximo domingo, o grupo vai se reunir a partir das 10h em frente ao Posto do Chefão, no Bairro Jardim Canadá.
Para o especialista em trânsito e instrutor de direção defensiva, Rogério Mateus, as árvores podem representar perigos para os motoristas. “Precisamos de árvores, e quanto mais plantar melhor. Só que ali naquele trecho, o número de acidentes são altos. Várias ocorrências já aconteceram por causa, de por exemplo, galhas que quebraram e caíram na pista. Além disso, temos que lembrar que o veneno para o carro são obstáculos rígidos, fixos e resistentes, como árvores e postes”, explicou.
Sobre a colocação das muretas o especialista afirma que são mais seguras que as árvores, mas faz um alerta. “As muretas que são colocadas no Brasil são instaladas do lado errado. O lado bom, que tem uma espécie de degrau, fica para fora, por isso, a roda bate ao lado e a tendência é de subir”, afirmou Rogério Mateus.
Em nota, a Via 040 informou que no trecho de 20 quilômetros entre a Lagoas dos Ingleses e o Jardim Canadá foram registradas 53 batidas de veículos contra árvores entre 2013 e 2014. Os dados foram apurados com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Esclareceu que a remoção das plantas foi a aprovada e é fiscalizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Disse, ainda, que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou os trabalhos e que funcionários tiveram encontros com membros da comunidade para explicar a ação antes dela começar.
A concessionária vai realizar o plantio de 65 mil mudas de espécies nativas na região. O reflorestamento, segundo a empresa, favorecerá áreas de proteção, com prioridade para os territórios onde ocorre a supressão vegetal. Na região de Nova Lima, cerca de 80% das árvores removidas não são nativas desta região, caso de eucaliptos e pinheiros. Como compensação, todas as mudas plantadas e doadas pela Via 040 serão de árvores nativas de biomas como Cerrado e Mata Atlântica.