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Estado de Minas

Carro de empresário é confundido com de bandidos e é parado a tiros por PMs

Militares afirmam que motorista, com veículo semelhante ao usado em assassinato de policial, não obedeceu ordem de parada e jogou automóvel sobre bloqueio. Condutor e passageiros negam e sugerem despreparo de agentes


postado em 10/03/2016 22:15 / atualizado em 11/03/2016 08:28

O cerco para prender os assassinos do sargento-PM Vanderli Geraldo dos Reis gerou outra ocorrência polêmica na tarde desta quinta-feira. Militares atiraram no Renault Duster dirigido por um empresário, semelhante ao veículo usado pelos criminosos na fuga pela BR-040, entre Sete Lagoas e Belo Horizonte. Além do mesmo modelo e cor, o automóvel tinha apenas os dois últimos números da placa diferentes do usado no crime. Para justificar os tiros, a PM afirma que o motorista não atendeu a ordem de parada. Os ocupantes da Duster garantem que foram surpreendidos pelos disparos quando passavam perto dos policiais, que não fizeram qualquer sinalização.

O tenente Pedro Henrique Barreto, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), que não estava no local da ocorrência, disse que, depois de alerta na rede de rádio da PM sobre a fuga dos assassinos pela BR-040 em direção a BH, foram montados pontos de bloqueio. “A placa que foi informada na rede de rádio correspondia à do veículo. Os policiais que estavam na alça de saída da BR-040 para o Anel Rodoviário, ao avistarem o veículo suspeito, sinalizaram para parar. Mas, como o motorista seguiu e jogou o carro em direção aos agentes, foram disparados dois tiros”, argumentou. De acordo com PM, dois militares deram um tiro cada.

Depois que o motorista parou, foi feita a abordagem e constataram-se irregularidades em relação ao veículo, como tarjeta da placa com nome de cidade diferente do documento, pneus dianteiros desgastados e películas dos vidros com transparência abaixo do especificado pela legislação. Foram lavradas quatro multas, incluindo a de parada em local proibido. O empresário e duas passageiras do carro foram levados para o plantão policial do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MG) e um boletim de ocorrência seria registrado, com acusações de direção perigosa e desobediência a sinal de parada.

Já a sala de imprensa da PM informou que no bloqueio realizado no Km 533, no Anel Rodoviário, as viaturas foram posicionadas na via, com dois militares no acostamento, dois na parte de trás dos veículos e outro na alça de acesso. Segundo a PM, foi observado a aproximação de um veículo idêntico ao dos suspeitos. Os policiais afirmam que deram ordem de parada, usando apito e sinais de braço, mas o carro não obedeceu. A polícia alega que o motorista seguiu em velocidade elevada na alça do Anel Rodoviário, em direção ao Rio de Janeiro, avançando em direção ao militar. Como o policial ficou com a integridade física ameaçada, deu dois tiros contra o veículo. Os policiais alegam que os vidros eram muito escuros e que não foi possível ver quantas pessoas estavam no carro.

Susto e pedido de desculpas

O empresário L.M., de 29 anos, e sua namorada A.S., de 30, dona da Duster, garantem que os militares não fizeram sinal de parada e atiraram sem qualquer justificativa. Uma mulher de 36 anos, que também seguia no banco de trás do carro, reforçou as afirmações do casal e contou que depois que os agentes da PMRv perceberam que não se tratavam de bandidos, pediram desculpas ao empresário.

L., demonstrando tranquilidade, considerou que a ação policial aponta para a falta de preparo dos militares. “Não estava correndo. Entrei na alça em velocidade moderada, até mesmo pelo risco do trecho. Quando percebi que atiraram, parei imediatamente, desci e foi quando eles perceberam que eu não era criminoso”.

O empresário disse que os vidros do veículo estavam fechados. Um tiro atingiu a janela do lado do motorista na altura do painel e outro, a porta. L. achou estranho que entre as multas, uma se refira ao fato de parar em local proibido. “Depois de dois tiros, onde queriam que eu estacionasse? Parei de imediato, para não ser metralhado”, protestou. Advogados do casal, que acompanhavam o registro da ocorrência no plantão, preferiram não se manifestar antes da conclusão do procedimento.


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