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Estado de Minas

Elaborada por Aarão Reis, planta da construção de BH não foi cumprida à risca


postado em 17/02/2016 06:00 / atualizado em 17/02/2016 16:29

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Quando Aarão Reis (1853-1936) concluiu a planta da construção da nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte ganhou status de uma cidade moderna e planejada, com propostas inspiradas em Paris e Washington, antes mesmo de ser inaugurada, em 12 de dezembro de 1897. Mas quem correr os olhos pelo mapa assinado pelo engenheiro e urbanista perceberá que várias propostas não saíram do papel. A BH que não vingou é cheia de curiosidades.

A metrópole erguida sobre a empoeirada área do então arraial Curral del-Rei teve como uma de suas missões o fortalecimento da República, instituída em 1889, em detrimento ao colonialismo na antiga capital, Ouro Preto. Por isso, Aarão Reis pensou em extensas e largas avenidas. E em espaços que valorizassem tanto o paisagismo quanto grandes construções.

Muita coisa não saiu como ele desejou. O prédio da prefeitura foi pensado em frente à Praça Raul Soares, inaugurada como 14 de Setembro, onde deveria existir uma espécie de largo na Avenida Amazonas. O edifício não foi levantado por falta de recurso. Pelo mesmo motivo, uma igreja católica prevista para o outro lado da praça também não foi construída.

“Por causa de logística, infraestrutura, orçamento ou prazo, muitos pontos da planta foram improvisados ou mudados. O projeto previa muito mais do que foi construído”, disse Yuri Mesquita, historiador e diretor do Arquivo Público Municipal.

Aarão Reis planejou a maioria das construções e espaços públicos no perímetro interno da 17 de Dezembro, atual Avenida do Contorno. Na esquina com a Afonso Pena, até então o ponto mais alto da nova capital, deveria ser erguida a catedral da cidade. As bases do templo foram feitas, mas as paredes – mais uma vez por falta de verba – jamais ganharam forma. Lá, hoje, é a Praça Milton Campos.

O único símbolo religioso levantado naquela época no local foi um cruzeiro de madeira, o que deu origem ao nome do tradicional bairro da Região Centro-Sul. “A catedral não foi construída por falta de dinheiro. Se você tirar o piso atual, verá que as bases dela ainda estão lá. É uma arqueologia que um dia iremos ter de fazer”, prevê o arquiteto e urbanista Leônidas Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura.

Somente em 2021 – 126 anos depois de a planta elaborada por Aarão Reis ser aprovada – é que BH ganhará sua catedral. A Cristo Rei será inaugurada às margens da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Juliana, na Região Norte. Também é por aquelas bandas da cidade que já funcionou o Hipódromo Serra Verde, de 1964 a 2006, quando deu lugar à Cidade Administrativa, sede do governo de Minas.

Já o hipódromo planejado por Aarão Reis seria no Bairro Prado, onde hoje estão a academia, o regimento de cavalaria e outras unidades da Polícia Militar. O quartel, por sua vez, foi previsto para ocupar uma área entre as ruas Alvarenga Peixoto e Gonçalves Dias, em Lourdes, um dos bairros mais nobres da Belo Horizonte do século 21. Atualmente, o terreno abriga prédios residenciais e comerciais.

O mesmo ocorreu com uma extensa área do Parque Municipal, cujo tamanho atual é menos de um quarto do estampado no mapa do engenheiro e urbanista. A principal área verde da cidade começaria na Afonso Pena e terminaria no Bairro Floresta. Há mais curiosidade no mesmo cartão-postal: o Ribeirão Arrudas, hoje um dos mais poluídos de Minas, cortaria o parque.

PRAÇAS A proposta do engenheiro-urbanista era valorizar o meio ambiente e o paisagismo. Algumas praças da área central foram substituídas por construções ao longo do tempo. Em frente à portaria principal do Parque Municipal, deveria existir a Praça da República, onde estava previsto a construção do Congresso (Assembleia Legislativa) e do Palácio da Justiça.

Cemitério no Centro

Uma das curiosidades que aguçam a imaginação das pessoas envolve um terreno entre as ruas Tamoios e São Paulo. Foi numa área vizinha à Capela Nossa Senhora do Rosário, a mais antiga de BH, de 1897, que funcionou o cemitério provisório.

Lá, foram enterrados 285 corpos em quatro quadras. Na primeira, foram sepultados corpos de mulheres adultas. Na segunda, os dos homens adultos. Na terceira, de crianças do sexo feminino. Na última, crianças do sexo masculino.

A calunga provisória, com características modestas, funcionou até a inauguração da necrópole do Bonfim, previsto para ocupar um terreno de 170 mil metros quadrados, numa distância de 650 metros do Centro da cidade.

NOMES A região hoje batizada com o nome do cemitério era chamada de Menezes. Muitos bairros, vias e praças tiveram os registros alterados desde 1897. A começar pela própria certidão de nascimento da nova capital. Até 1901, BH era a Cidade de Minas.

A Avenida do Contorno, por exemplo, foi a 17 de Dezembro. A Praça Floriano Peixoto, no Santa Efigênia, surgiu como Bello Horisonte. A Rua do Comércio, depois da visita do pai da aviação, mudou para Santos Dummont. A Avenida Paraopeba passou a ser conhecida como Augusto de Lima.


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