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Estado de Minas

Fogo assusta comunidades da Região Sul de BH pela terceira vez em três dias

Incêndio na mata do Comiteco, parte da Serra do Curral, ameaça imóveis e deixa moradores apavorados diante da demora de bombeiros. Em três dias, foram três ocorrências semelhantes


postado em 14/10/2015 06:00 / atualizado em 14/10/2015 07:22

Na casa mais ameaçada, Georgina de Jesus e a neta Aida tentavam suportar o calor e a fumaça na sacada, enquanto observavam apreensivas as chamas que tomaram a encosta na área de preservação(foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Na casa mais ameaçada, Georgina de Jesus e a neta Aida tentavam suportar o calor e a fumaça na sacada, enquanto observavam apreensivas as chamas que tomaram a encosta na área de preservação (foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Tempo seco, altas temperaturas, fogo sem controle em área de preservação, demora de bombeiros e pessoas apavoradas com a aproximação das chamas de suas casas. Essa combinação alimentou um incêndio de grandes proporções na Serra do Curral, em torno de moradias do Comiteco, ao lado ao Mangabeiras, bairros nobres da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. As chamas, que chegaram a atingir o muro de um dos imóveis, deixaram moradores da área assustados e indignados com a demora dos militares do Corpo de Bombeiros, que levaram duas horas até chegar para atender a ocorrência. É a terceira vez em três dias que o fogo assusta comunidades da Região Sul da capital. No domingo, em situação parecida, o foco foi em parte da Mata do Cercadinho, localizada entre o Belvedere e Nova Lima, na Grande BH, em uma área que voltou a arder no dia seguinte, exigindo inclusive a ação de helicóptero.

Na ocorrência de ontem, de acordo com o vigilante Wallace Marques, de 19 anos, que faz segurança no cruzamento das ruas João Ceschiatti e Germano Chati, o fogo começou por volta das 18h30. “Um colega meu foi até a parte de cima, onde fica uma caixa d’água da Copasa, e confirmou que as chamas estavam altas. Liguei para o telefone dos bombeiros e me disseram que outras seis pessoas já tinham denunciado o incêndio, mas não havia equipes para atender”, contou o vigilante.

O advogado Marcus Freitas, de 52, há 11 anos morador da Rua João Ceschiatti, afirma que também ligou para o 193, mas não conseguiu convencer os atendentes sobre o risco de o fogo atingir imóveis. “Todo ano é a mesma coisa e ninguém faz um  trabalho de prevenção. Só que as chamas hoje (ontem) estão bem altas e, se o vento mudar, vão colocar em risco as casas. Ligamos mais de uma vez para os bombeiros e se passaram quase duas horas sem que apareça uma viatura. Até a Cemig acionamos, já que o fogo está perto da rede elétrica, mas nada”, reclamou.

O temor do advogado foi mais concreto para a doméstica Georgina de Jesus, de 53, que, ao lado da neta, Aida, de 9, estava na sacada da casa mais atingida pelas labaredas, no terreno entre as Ruas João Ceschiatti e Alcides Pereira Lima. “Liguei mais de uma vez para os bombeiros. Meus patrões estão viajando e não sei o que fazer. Dentro de casa não dá para ficar, com tanta fumaça”, disse Georgina, que junto com sua neta tentava suportar a situação enquanto observava as chamas fortes no lado esquerdo do muro. “Em quatro anos que trabalho aqui nunca vi nada igual. A gente fica com medo, sem saber o que fazer.”

A primeira viatura do Corpo de Bombeiros, uma caminhonete cabine dupla, chegou ao local às 20h39, com cinco militares. Quatro deles desceram pelo terreno com bombas costais, para apagar focos abaixo do mirante da Alcides Pereira Lima. Nesse momento, as chamas que devastaram uma área de pelo menos três hectares do terreno acima da Rua Ministro Vilas Boas, distante dos imóveis residenciais, tinham se apagado sozinhas. Um dos militares contou que a equipe estava vindo de outro incêndio em mata no Bairro Nacional, em Contagem, na Região Metropolitana de BH. O comando do Corpo de Bombeiros foi procurado para falar sobre as razões para a demora no  atendimento à ocorrência no Comiteco, mas ninguém se pronunciou.



VULNERÁVEL
Os incêndios na chamada mata do Comiteco são frequentes em período de estiagem, já que a vegetação rasteira fica bastante seca e sujeita a combustão. Em agosto de 2013, um incêndio de grande proporção na área de preservação da Serra do Curral devastou oito hectares de vegetação, o equivalente a 11 campos de futebol, ameaçou mansões e deixou um manto de sujeira. A fuligem cobriu tudo e o cheiro de queimado se espalhou pela região. Moradores passaram a madrugada apreensivos, como medo do fogo, que chegou a assustar novamente depois dos trabalhos dos bombeiros.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), neste ano foram detectados 6.867 focos de calor em Minas Gerais. Em setembro, foram contabilizados 3.088 pontos, enquanto só nos primeiros 12 dias deste mês foram 1.698 focos e nas últimas 48 horas, 42 ocorrências. Minas é o nono estado do país com o maior número de fontes de calor flagradas por satélites. Até agosto foram 2.423 ocorrências de incêndio atendidas pelo Corpo de Bombeiros. Em 2014, no mesmo período, foram 1.912 casos. (Com João Henrique do Vale e Pedro Ferreira)
Ver galeria . 25 Fotos Militares do Corpo de Bombeiros trabalham com bombas de água nas costas para apagar focos de incêndioLandercy Hemerson/EM/DA Press
Militares do Corpo de Bombeiros trabalham com bombas de água nas costas para apagar focos de incêndio (foto: Landercy Hemerson/EM/DA Press )


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