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Estado de Minas

Protesto após morte de jovem na BR-040 expõe rotina de tragédias nas estradas

Após atropelamento de jovem de 19 anos, manifestantes fecham trecho da BR-040 por 16 horas. Concessionária acena com solução para garantir a segurança dos pedestres. O atropelamento é a segunda modalidade de acidente que mais provoca mortes nas estradas, responsável por 14,6% dos óbitos


postado em 29/09/2015 06:00 / atualizado em 29/09/2015 08:09

Manifestantes queimaram pedaços de madeira, galhos de árvores e pneus, impedindo a passagem de veículos na altura de Conselheiro Lafaiete(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Manifestantes queimaram pedaços de madeira, galhos de árvores e pneus, impedindo a passagem de veículos na altura de Conselheiro Lafaiete (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)

A morte de Thayna Cristine do Nascimento, de 19 anos, atropelada na noite de domingo na BR-040, no Bairro Gagé, em Conselheiro Lafaiete, na Região Central, despertou a revolta dos moradores do local, que fecharam a rodovia por 16 horas, até a tarde de ontem. O trecho está sob a concessão da empresa Via 040, que cobra pedágio dos motoristas e é responsável pela manutenção desde o mês passado. Os moradores querem a construção de dois quebra-molas e interromperam o protesto após negociarem com a empresa. A Via 040 informou, por meio de sua assessora de imprensa, que enviará técnicos para o local hoje e analisará a melhor solução para o trecho.


Thayna cursava o segundo período de engenharia civil na Faculdade Santa Rita (Fasar), em Conselheiro Lafaiete. O enterro da jovem foi na tarde de ontem e as aulas da Fasar foram canceladas. A dor sentida pela família da jovem é recorrente entre os moradores do trecho. “A insegurança aqui é constante e já estamos cansados. É de vidas que estamos falando”, afirma o morador do Bairro Gagé, Getúlio das Dores Moreira, que já perdeu uma sobrinha de 12 anos atropelada na rodovia.

O atropelamento é a segunda modalidade de acidente que mais provoca mortes nas estradas, responsável por 14,6% dos óbitos. As colisões frontais são as mais fatais: 33,7%. Os dados são de relatório acidentes de trânsito nas rodovias federais brasileiras produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de 2014 e divulgado na semana passada.

O relatório aponta que o índice de morte nos atropelamentos é de 29,1 a cada 100 acidentes e 71,73% dos atropelamentos ocorreram em trechos urbanos, como o local onde Thayna foi atropelada. O período noturno concentrou 63,12% das mortes por esse tipo de acidente. Em 2014, houve 4.144 acidentes com atropelamento, com 1.204 mortes e 1.912 feridos graves.

“Geralmente, rodovias em áreas urbanas concentram a maior parte desses acidentes, que podem ser evitados com bons projetos, visando ao aumento de segurança das pessoas, com destaque para equipamentos de travessia de pedestres (passarelas) e também melhoria da iluminação pública nos trechos de maior fluxo de pessoas, já que no período noturno há maior ocorrência de atropelamento”, aponta o relatório do Ipea.

Manoel Vespúcio da Costa Vasconcelos é coordenador do Movimento em favor da vida, organização criada em 1993 para tentar melhorar as condições de travessia da BR-040 em Conselheiro Lafaiete. “Crianças precisam atravessar a rodovia todo dia para ir à aula (na Escola Estadual Queiroz Júnior). Já fizemos audiência na Câmara e até na Assembleia Legislativa, mas nunca olharam por nós”, lamenta Manoel. O líder comunitário destaca que dois projetos de construção de passagens subterrâneas foram engavetados pelo poder público. A Via 040, informa, em nota, que planeja duplicar o trecho e que as obras estão previstas para começarem em março, assim que a licença ambiental for expedida.

Moradores atravessam a BR-040 perto da comunidade de Pires, trecho perigoso marcado por mortes(foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 1º/8/13)
Moradores atravessam a BR-040 perto da comunidade de Pires, trecho perigoso marcado por mortes (foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 1º/8/13)

LENTIDÃO A manifestação dos moradores atrasou a viagem de muita gente. Dois ônibus de turismo que retornavam do Rio de Janeiro para Belo Horizonte ficaram parados no trânsito, o que obrigou os passageiros a passarem a noite na estrada. Os coletivos saíram da capital fluminense por volta das 18h e somente na manhã de ontem puderam prosseguir o trajeto.Segundo a Polícia Rodoviária Federal, aproximadamente 30 pessoas foram para a rodovia por volta das 21h30 de domingo. Os manifestantes incendiaram pedaços de madeira, galhos de árvores e pneus, impedindo a passagem de veículos.

Os policiais foram até o local para negociar com os manifestantes, mas não tiveram sucesso. A Via 040 informou, em nota, que mantém diálogo com as lideranças comunitárias de Conselheiro Lafaiete e que implantou quatro redutores de velocidade – nos quilômetros 617, 618, 621 e 628 – além de ter reforçado a sinalização. O pedágio custa R$ 4,60 par automóveis.

À espera de passarela


Distante 20 quilômetros do local onde a estudante Thayna Cristine do Nascimento foi atropelada, na mesma BR-040, está um dos pontos mais perigosos da rodovia, a travessia do Bairro Pires, em Congonhas. A presidente da Associação Comunitária do Bairro Pires, Ivana Gomes, calcula que nas últimas duas décadas dezenas pessoas tenham morrido atropeladas. Ela lembra que em uma das várias manifestações no local pediu aos moradores para levarem cruzes com nomes de vítimas da rodovia. “Foram mais de 50”, recorda.

A tão aguardada passarela para travessia do bairro, dividido pela rodovia, ainda não tem data marcada. A concessionária Via 040 informou, em nota, que fez uma readequação do projeto da passarela (cuja conclusão foi prometido pela prefeitura para ocorrer no ano passado) e que aguarda o aval do poder público municipal. “Essa promessa é antiga. Agora o argumento é que a BR-040 vai ser duplicada nesse trecho e a passarela tem que ser feita contemplando o novo traçado”, explica Ivana.

Os moradores do Pires ainda precisam conviver com a Ferrovia do Aço, que corta o bairro em outra porção. Na semana passada, o estudante Victor Emídio Matos Gomes morreu atropelado pela composição férrea. “Ele foi atravessar e a máquina passou por cima”, descreve Ivana, que era prima da vítima. O jovem era o caçula de três irmãos e, segundo a líder comunitária, o que amplia a revolta da família é que Vitor foi atropelado embaixo de uma passarela inacabada, cuja estrutura existe desde 2012, mas não foi terminada pela empresa MRS.

Acidente na BR-381

Um ciclista de 69 anos morreu na manhã de ontem ao ser atropelado por um carro-forte na BR-381, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Renato Antunes Lopes estava atravessando a rodovia, na altura do quilômetro 491, quando foi atingido pelo veículo. O condutor foi encaminhado para a delegacia, onde prestou depoimento. A perícia da Polícia Civil foi acionada, e corpo da vítima levado para o Instituto Médico Legal (IML).


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