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Estado de Minas ASSÉDIO SEXUAL

Secretaria exigirá rigor na apuração de abusos contra estudantes

Embora destaque que casos de assédio envolvendo professores são pontuais, secretária de estado da Educação ressalta compromisso com rigor na apuração e intolerância com desvios


postado em 27/09/2015 06:00 / atualizado em 27/09/2015 08:10

Macaé Evaristo:
Macaé Evaristo: "Não existe essa história de que o aluno sabia, autorizou. É crime" (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

A secretária de estado de Educação, Macaé Evaristo, entende que não pode haver tolerância com situações que envolvem abusos por parte de professores, como os relatados nos processos da Corregedoria-Geral do Estado que levaram à exoneração de seis servidores neste ano. “Não existe essa história de que o aluno sabia, autorizou. Não existe isso. É crime. Na escola, temos que ser muito rigorosos. São intoleráveis atitudes dessa natureza e a gente tem que ter uma atitude disciplinar”, afirma. A secretária, porém, destaca que são mais de 200 mil profissionais na rede estadual de ensino e que os casos são pontuais. “Assim como tem advogado pedófilo, padre pedófilo, podemos ter algum professor pedófilo. O que a instituição não pode fazer é compactuar com essa prática”, destaca.

O presidente da Federação das Associações, Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais, Mário de Assis, considera os casos investigados pelo governo estadual graves, e afirma que vai propor à Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma audiência pública para debater o assunto. “As providências tomadas pelo estado já aliviam, mas é preciso discutir a situação”, afirma. Mas o representante dos pais deixa claro que não se trata de uma guerra de famílias contra professores, e frisa que maioria dos docentes não compactua com comportamentos de assédio e imoralidade.

A presidente da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais (APPMG), Joana d’Arc Gontijo, acredita que os profissionais não podem ter receio de tratar do assunto. “Temos que ter pulso firme. Com as redes sociais, os casos de abuso e assédio ficaram mais evidentes”, avalia Joana. Para ela, é preciso ter cuidado para não julgar as vítimas em hipótese nenhuma, pois crianças e adolescentes estão em estágio de desenvolvimento.

DISTÚRBIO
E CRIME


O psiquiatra Paulo Roberto Repsold explica que adultos que sentem atração por crianças devem procurar ajuda e tratamento. “Mas quem assedia a criança é pedófilo e criminoso”, destaca Repsold, diretor da Associação Médica de Minas Gerais e da Associação Mineira de Psiquiatria. Para ele, uma pessoa normal pode se apaixonar por um de seus alunos, mas imediatamente entra em conflito e deve procurar suporte profissional.

O problema maior, segundo o psiquiatra, é que adolescentes gostam de heróis e são frágeis a ponto de se encantar. “São mais vulneráveis psicologicamente ao encantamento”, define Repsold. A posição do professor o coloca em um papel privilegiado, que não pode ser manipulado, segundo o psiquiatra.

Cabe aos pais, alerta Repsold, dialogar com os filhos constantemente, para evitar que sejam vítimas de abuso e assédio. “Tem que viver próximo, compartilhar do cotidiano, pois, se houver algo errado, a criança ou o adolescente acaba revelando uma coisa aqui e outra ali, demonstrando algo diferente. Quanto mais próxima a família estiver, maior a chance de perceber”, aconselha. O conselho da presidente da APPMG, Joana d’Arc Gontijo, é parecido: “Os pais precisam ficar muito perto, pois a escola não dá conta de olhar tudo”.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ananias Neves Ferreira, entende que a raiz do assédio e do abuso está na relação de confiabilidade estabelecida entre adultos, crianças e adolescentes. “Na escola, o aluno tem um relacionamento muito próximo dos professores e o abuso nasce desse contexto”, explica Ferreira. Para prevenir desvios, ele aconselha acompanhar como as crianças e adolescentes se comportam, se ficam mais arredios, se estão se isolando, e conversar. “Os filhos precisam se sentir protegidos e confiar nos pais.”


Previna-se


Apesar de casos de abuso serem absoluta exceção entre profissionais que lecionam, é preciso que os pais estejam atentos, pois educadores estabelecem uma relação de confiança e poder com alunos

A posição do professor o deixa em um papel privilegiado, que usado de maneira distorcida tem influência nociva, pois estudantes estão em fase de formação e têm necessidade constante de buscar referências ou heróis

Os pais devem acompanhar o cotidiano dos filhos de perto, para evitar assédio e abuso, não apenas no ambiente escolar

É importante conversar com os filhos, observar se há alguma mudança de comportamento, se crianças e adolescentes estão se isolando, e buscar incessantemente o diálogo

Acompanhar a maneira que os filhos usam as redes sociais e com quem e sobre o que conversam em mensagens privadas são atitudes que ajudam a prevenir situações de abuso

Ao constatar algum tipo de assédio, os pais devem comunicar a direção da escola, o conselho tutelar da cidade e registrar a ocorrência na polícia


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