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Estado de Minas

Sol e baixa umidade do ar castigam especialmente quem trabalha na rua em BH

Termômetros vão a 35,8 graus no dia mais quente do ano na capital. Em Arinos, temperatura chega a 40,1°C


postado em 25/09/2015 06:00 / atualizado em 25/09/2015 07:32

O rasteleiro Manoel Alves enfrenta o sol e a massa asfáltica despejada a 100 graus(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
O rasteleiro Manoel Alves enfrenta o sol e a massa asfáltica despejada a 100 graus (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )

Se não bastassem os 35,8 graus registrados em Belo Horizonte ontem, o dia mais quente do ano, com a segunda maior temperatura já alcançada em um mês de setembro na capital mineira desde 2007, o rasteleiro Manoel Caetano Alves, de 53 anos, não teve como fugir do sol, assim como vários outros profissionais que trabalham em espaços abertos. No caso de Manoel, a situação é pior. É que ele trabalha espalhando massa asfáltica na pavimentação de ruas e o material é despejado da máquina a uma temperatura que ultrapassa os 100 graus. “O calor do asfalto vem todo no meu rosto. Calor do sol em cima, calor do asfalto embaixo”, reclama Manoel. O colega dele, Nilton Bispo da Costa, de 43, conta que já se acostumou com a “quentura” do seu trabalho, mas reclama que o sol “pega pesado” de vez em quando e complica ainda mais a sua vida.

O encarregado de obras Sérgio Luiz dos Santos, de 47, trabalhava levantando pilastras no topo de um prédio em construção na Savassi, na Região Centro-Sul, e disse que daria tudo por uma sombra. “O sol está rachando. Não tem como a gente escapar. É assim o dia todo, das 7h às 17h”, reclama o encarregado de obras, que compara o calor de BH ao de Montes Claros, no Norte de Minas, onde já trabalhou e disse considerar “um inferno” por causa das altas temperaturas.

O ajudante de pedreiro Marcos Vinícius da Silva Soares, de 21, trabalha na mesma obra e conta que a empresa fornece protetor solar para todos. “Com um sol pelado como esse, se não fosse o protetor eu ia chegar em casa todo ardendo”, disse. Os operários também recebem óculos escuros para proteger os olhos. “Toda hora um de nós desce para encher as garrafas térmicas com água gelada. A gente acaba de tomar água e já fica com sede de novo. O dia inteiro a gente fica fritando em cima dessa laje”, conta o pedreiro. “A gente fica muito cansado com esse calor todo, com o corpo todo mole. Trabalhar com o dia fresco é bem melhor”, disse o colega dele, o encarregado de fôrma, Wendel Rodrigues, de 29.

O animador Matuzalém Martins Gonçalves, de 32, trabalha nas ruas fazendo propaganda para uma empresa de segurança eletrônica. Até aí, tudo bem, se não fosse a fantasia de cachorro feita em pelúcia que ele tem que usar. “Meus miolos ficam cozinhando dentro desta cabeça de cachorro. Ainda tenho que usar roupa preta, coturno de couro e luvas”, disse o animador, que enfretava o sol escaldante em um cruzamento do alto da Avenida Raja Gabáglia. “A empresa escolhe os locais, mas não é em todo lugar que tenho a sorte de encontrar uma sombra”, disse Matuzalém, que ainda tem que ficar dançando o tempo todo para chamar a atenção dos motoristas.

Nas alturas, o pedreiro Marcos Soares não dispensa o filtro solar para tentar se proteger(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
Nas alturas, o pedreiro Marcos Soares não dispensa o filtro solar para tentar se proteger (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )

PICOS Em BH, os termômetros registraram 35,8ºC por volta das 15h na estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), localizada no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul. Essa foi também a segunda maior temperatura já alcançada em um mês de setembro desde 2007, quando os termômetros marcaram 36,1ºC. E o calor continua hoje, com previsão de máxima de 34ºC. A maior temperatura da história em BH foi em 31 de outubro de 2012, de 37,1 graus.

Além de ontem ter sido o dia mais quente, a madrugada foi a de maior temperatura mínima na capital, com 22,2ºC, entre as 4h as 5h. A mínima do ano foi em 30 de março, quando os termômetros não caíram de 23,2ºC. Em todo o estado, Arinos, na Região Noroeste, foi a cidade mais quente ontem, com 40,1ºC.

Além do calor, o belo-horizontino sofre também com a baixa umidade do ar, com registro de 16% ontem na região da Pampulha, segundo o Inmet. Índice próximo ao que vem sendo alcançado nos últimos dias. E o clima seco não deve melhorar até domingo, quando os índices de umidade devem ficar entre 16% e 20% nos momentos mais quentes do dia. A partir  da tarde de domingo, de acordo com o Inmet, o calor deve ceder um pouco, com a chegada de massas de ar frio vindas do Sul do país, que devem conseguir romper a barreira provocada pela massa de ar quente que está sobre o estado e provocar chuvas em algumas regiões.

Segundo o meteorologista Luiz Ladeia, em alguns pontos do estado pode haver tempestades com trovoadas e possibilidade de precipitação de granizo. Mas na capital, as chuvas só devem chegar a partir do meio ou fim da semana que vem. “O calor dos últimos dias é resultado de uma grande massa de ar quente e seco que está estacionada sobre o estado de Minas Gerais, provocada pelo efeito do El Niño (que decorre do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, provocando temperaturas elevadas)”, explica Luiz Ladeia.

Incêndios

O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça voltou a registrar incêndios ontem, depois de dois dias de trégua. Dois grandes focos foram combatidos pelo Corpo de Bombeiros e brigadistas do Instituto Estadual de Florestas (IEF) na região conhecida como Cachimbo e outro próximo ao Bairro Independência, Região do Barreiro. O primeiro foi apagado. No último fim de semana, pelo menos 450 hectares da área de conservação, entre Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, na Grande BH, foram consumidos pelas chamas. Análise preliminar aponta que pelo menos 450 hectares de mata foram queimadas no fim de semana. Ontem, continuava crítica a situação de pelo menos 10 unidades florestais de conservação em Minas Gerais.


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