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Estado de Minas

Elke Maravilha defende a causa dos portadores de hanseníase

Musa dos portadores de hanseníase, Elke Maravilha divide a função com o padrinho da causa, o músico Ney Matrogrosso


postado em 20/09/2015 11:00 / atualizado em 20/09/2015 11:05

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%u201CSou mais de ver a alma das pessoas e não a aparência. Se não tiver nariz nem dedos, tudo bem. Não enxergo as diferenças, talvez porque seja filha da guerra", diz Elke Maravilha (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

“Sou madrinha dos leprosinhos. Prefiro chamar a doença de lepra (termo politicamente incorreto), porque tem jornalista que nunca ouviu falar de hanseníase. Quando digo a palavra, ficam me olhando sem entender nada”, diz assim, de bate-pronto, a musa dos portadores de hanseníase Elke Maravilha, que divide a função com o padrinho da causa, o músico Ney Matrogrosso (veja entrevista ao lado). Com visual surpreendente, sempre paramentada com roupas e perucas excêntricas, a ex-modelo e glamour girl é a personificação do oposto da hanseníase, que no passado enfeiava os doentes, que ficavam marcados para sempre na superfície da pele. “A hanseníase não tem visibilidade e nem dá votos por ser considerada doença de pobre, mas não é um bicho de sete cabeças. Desde o dia em que se começa a tomar o remédio já deixa de transmitir o bacilo, e, em seis meses de tratamento o paciente está novo em folha, se já não tiver sequelas”, explica.

Com o surgimento das colônias, na década de 1930, ainda não havia meios de esconder as feridas, remanescentes de um tempo em que ainda não havia tratamento médico. Nada disso atemoriza a artista. “Sou mais de ver a alma das pessoas e não a aparência. Se não tiver nariz nem dedos, tudo bem. Não enxergo as diferenças, talvez porque seja filha da guerra. Não cheguei a viver isso, porque era nenem em 1945, mas meu pai ficou prejudicadinho. Lutou como voluntário para defender a Finlândia”, explica ela, que nasceu na Rússia e veio aos 8 anos para o Brasil.

Em conversa com o EM, Elke Maravilha contou como passou a militar na causa dos hansenianos, há 22 anos. Foi levada pelas mãos da atriz Márcia de Windsor, que ficou conhecida por estrelar 15 novelas e como jurada dos programas na TV de Flávio Cavalcanti e Silvio Santos. “Ela me apresentou ao Mohran. Disse que precisava de alguém como eu para ir com ela visitar uma colônia, porque a maioria das pessoas reagia com medo ou nojo. Qual vai ser a sua reação? Respondi a ela que nunca tinha estado com um hanseniano e que só conhecia a doença da Bíblia. Só vendo para saber como iria me sentir”, afirma Elke.

Mais de duas décadas se passaram desde a primeira vez em que ela foi apresentada ao Mohran. Nunca abandonou a militância e faz presença em eventos organizados pelo movimento no país inteiro. “Sofro do coração desde criança e tenho diabetes, mas ninguém me apedreja por eu ter essas doenças. Não tenho e nunca tive hanseníase. Se tivesse, já teria dito, porque não é imoral ter hanseníase. Imoral é roubar o povo. Por acaso é pecado estar doente? Todos nós estamos no mesmo barco. Sou o que sou e me mostro a você”, finaliza Elke.

Pedido ao papa


“Vamos pedir ao papa para que abrace os hansenianos do seu tempo e pare de usar o termo lepra para designar coisas muito ruins, como já fez no início do seu pontificado, ao se referir à pedofilia e à corrupção no Banco do Vaticano”, informa Thiago Flores, da Colônia Santa Isabel, um dos representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas por Hanseníase (Morhan), que foi em junho a Roma levar o pedido ao sumo pontífice. Um dos argumentos usados pelo grupo, que também convidou o papa a visitar uma ex-colônia na próxima vinda ao Brasil, em 2016, foi o episódio do beijo no leproso, passagem que consta da vida de São Francisco de Assis. O santo inspirou o batismo do pontificado.


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