(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Pai lamenta morte do delegado que estava prestes a se casar

Buscas pelos menores envolvidos no crime vão continuar durante a madrugada, segundo chefe da Polícia Civil, Wanderson Gomes


postado em 19/09/2015 19:32 / atualizado em 19/09/2015 19:58

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

“Minha vida acabou. Acabou todo o meu desejo de viver, de passear e de ter uma vida boa. Nós lutamos, trabalhamos e agora que a gente ia poder passear, acontece uma coisa dessas.” O desabafo é do corretor de imóveis Fábio Bothrel Campos, de 72 anos, pai do delegado Vanius Henrique de Campos, morto por dois menores na madrugada de ontem em uma loja de conveniência no Bairro Cidade Jardim, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Era um filho nota mil. Morava comigo.”, disse Fábio, que também tem uma filha casada.

Para o pai, é muito difícil descrever o sofrimento de quem perde um filho. “É lamentável porque vivemos em um país sem lei. Não estou tendo raiva, não estou tendo nada. Só estou muito magoado. É muio triste e estou sem condições de pensar em nada”, lamentou. A mãe do delegado é idosa e, por motivos de saúde, está internada numa clínica de Lagoa Santa, na Grande BH. A família decidiu não contar a ela o que houve, pelo menos por enquanto, para poupá-la de sofrimento.

Vanius, segundo o pai, tinha um relacionamento de muitos anos e estava noivo. “Construíram uma casa e pretendiam se casar em breve”, informa o pai, que conversou por telefone com o filho pouco antes do crime. “Telefonei e ele me disse que estava voltando da casa da namorada, que estava vindo aqui para a minha casa, no Sion. O esperei por meia-hora, liguei e ele não atendeu. Aí, fui ficando tenso e esperei o dia amanhecer. Pela manhã, eu e minha filha estávamos indo para a casa de uns colegas dele, perto da Avenida Nossa Senhora do Carmo, onde ele costumava ficar conversando. Foi aí que recebemos a notícia”, disse o pai.

Ontem, parentes da vítima tentavam autorização judicial para cremar o corpo. Por se tratar de uma vítima de crime, há impedimento antes da conclusão do laudo confirmando a causa da morte. Nesses casos, o corpo é sepultado, para a hipótese de mais tarde ser necessária uma exumação. Se não houver autorização até a manhã de hoje, o corpo será sepultado no Cemitério Bosque da Esperança. “Perdi um irmão caçula que queria ser cremado. A família toda aprovou e a gente gostaria de fazer o mesmo com o meu filho. Ele não manifestou nenhum desejo do que fazer com as cinzas, mas vou deixar para os colegas dele decidirem. Não gostaríamos de túmulo. A pessoa fica ali, enterrada, e continua o sofrimento”, disse Fábio.

Antes de seguir a carreira policial, Vanius trabalhou por muitos anos como advogado, segundo o pai. Há oito anos, ele decidiu prestar concurso para delegado da Polícia Civil e foi aprovado. “Ele nunca reclamou da profissão, mas eu, como pai, não gostava. Mas nunca comentei com ele. Achava uma profissão perigosa, sem valor, pois o poder público não reconhece o valor do policial. Os policiais estão morrendo um atrás do outro, mas quando um policial apronta qualquer coisinha com o bandido, ele está sujeito a ser expulso da corporação”, reclamou Fábio, que defende a redução da maioridade penal. “Comecei a trabalhar com 8 anos de idade na roça e já tinha responsabilidade”, comentou.

Ex-colegas de trabalho do delegado estiveram no Instituto Médico Legal (IML). “Era um excelente profissional. Trabalhou no Departamento de Investigação e na 17ª Delegacia de Venda Nova. Agora, era da delegacia adida do Juizado Especial Criminal”, contou o delegado José Farias. “Era uma pessoa muito tranquila. Ninguém sabe o que realmente houve. Ele deve ter ouvido uma ofensa muito grave dos menores”, disse Islande Batista.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)