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Estado de Minas

Mineiros divergem sobre histórias de cidades planejadas

Polêmicas surgiram depois da publicação do jornal Estado de Minas sobre o município de Pintópolis, no Norte de Minas, e o seu fundador, o fazendeiro Germano Pinto


postado em 02/09/2015 06:00 / atualizado em 02/09/2015 08:42

Montalvânia, no Norte de MG, teve traçado projetado pelo fundador, Antônio Montalvão(foto: Prefeitura Municipal de Montalvânia/Divulgação)
Montalvânia, no Norte de MG, teve traçado projetado pelo fundador, Antônio Montalvão (foto: Prefeitura Municipal de Montalvânia/Divulgação)
Quem tem a oportunidade de conhecer Zelito Montalvão, de 60 anos, não deixa de se impressionar com as histórias que ele conta sobre o pai, Antônio, o fundador de Montalvânia, no Norte do estado, a 775 quilômetros de Belo Horizonte. “Ele fundou o lugar para livrar o povo do controle dos coronéis”, conta o herdeiro. A cidade norte mineira faz parte de um seleto grupo de municípios que desfrutaram do privilégio de crescer a partir de um planejamento prévio, ao contrário da esmagadora maioria dos centros urbanos do estado.

No Norte de Minas, a cidade tem a companhia de Pintópolis, idealizada por Germano Pinto e, assim como Montalvânia, batizada em homenagem ao fundador. Sua história foi contada pelo Estado de Minas na edição de segunda-feira, que revelou a saga do fazendeiro decidido a lotear suas terras. Para concretizar seu sonho, Germano desenhou ruas, ergueu igreja e contratou professores, ajudando a povoar o lugar, do qual foi delegado, juiz de paz e, depois, vereador.

A partir da história de Germano, não faltaram manifestações de leitores reivindicando para os próprios municípios o título de cidades igualmente planejadas. Entre eles, naturais de Montalvânia. Com justiça: no início dos anos 1950, Antônio Montalvão decidiu transformar suas terras em cidade. Para isso, desenhou praças e ruas, que seriam abertas onde antes era mata virgem. As vias ganharam nomes de pensadores e filósofos e rapidamente o lugar começou a ser povoado.

Para emancipar o novo povoado de Manga, cidade-sede, Montalvão colocou em prática um plano curioso: candidatou-se a prefeito e, eleito, transferiu a prefeitura para Montalvânia. “Isso durou dois anos. Depois, meu pai fez um acordo com os coronéis: 'Devolveu' a prefeitura em troca da emancipação”, conta o herdeiro Zelito.

Também em meio à repercussão relativa à reportagem sobre Pintópolis, moradores de outros municípios cobraram o reconhecimento da condição de cidades planejadas no estado, entre eles Mariana, Dores do Indaiá, Divinópolis e Nova Ponte. O processo nessas cidades, contudo, foi diferente, pois o planejamento foi colocado em prática em lugares onde já havia comunidades previamente instaladas.

Pelas redes sociais, Lauro Soares, por exemplo, comentou que Mariana, vila pioneira do estado, tornou-se a primeira cidade planejada de Minas “por Carta Régia de 23 de abril de 1745”. A professora Mônica Eustáquio Fonseca, que leciona história da arte e da arquitetura na PUC Minas, lembra que Mariana já era vila desde 1711. Ela esclarece que o direito canônico proibia bispos de ter residência em vila e aldeia. Para que o lugar tivesse o seu bispado, foi elevado à categoria de cidade, o que ocorreu em 1745. Foi a partir de então que se planejou o que a especialista classifica como “reforma urbana”.

O leitor Moacir escreveu que “a primeira cidade projetada do interior de Minas foi Dores do Indaiá (Centro-Oeste)”. “Sua planta foi elaborada com inspiração na de Paris, em 1898”, afirmou. Porém, também nesse caso o planejamento ocorreu em uma comunidade já existente. De acordo com a prefeitura, “em 1854, a vila e o município de Dores do Indaiá foram instalados”.

Já o leitor Fabian defendeu Divinópolis como a primeira cidade planejada do interior, “projetada e emancipada em 1912”. Porém, nesse caso, da mesma forma, o planejamento foi diferente do que ocorreu nas duas cidades do Norte mineiro. Segundo a prefeitura, em 1813 o lugar contava com mais de 1,1 mil moradores. A historiadora da PUC Minas considera um redesenho do espaço urbano o que ocorreu em Dores do Indaía e Divinópolis. No caso de Nova Ponte, o planejamento ocorreu depois de o antigo povoamento ser alagado para a construção de uma represa, quando o governo do estado transferiu os moradores para a nova cidade, planejada.


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