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Estado de Minas

Estudantes fazem redação sobre desfecho do romance entre os cães Xerife e Olívia

Atividade sobre a história que comove moradores do Prado foi pedida por professora de BH


postado em 27/06/2015 06:00 / atualizado em 27/06/2015 07:37

 Alunos da 5ª série da Escola Sesi Comar se emocionaram com história dos cachorros: um deles sugeriu até construir cabana para os dois (no detalhe)(foto: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
Alunos da 5ª série da Escola Sesi Comar se emocionaram com história dos cachorros: um deles sugeriu até construir cabana para os dois (no detalhe) (foto: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )

“Na verdade, Olívia Palito não dá muita bola para o Xerife. Ele gosta mais dela do que ela dele”, entrega a estudante de direito Ana Luiza Coutinho, de 25 anos, irmã da dona dos cães e protetora de animais, Tatiana Azeredo Coutinho. Quanto mais a dama esnoba o vagabundo, mais o vira-latas insiste em voltar para a amada. Depois de passar uns dias sumido, durante a semana, Lord Voldemort, mais conhecido pela alcunha de Volde ou Xerife, está de volta à vizinhança da Rua Turquesa, no Bairro do Prado, que nunca mais foi a mesma desde o início do romance do casal, que começou no último carnaval.

Moradores da rua, do bairro e até de outras regiões da cidade batem campainha na casa, buzinam e insistem em saber notícias sobre o amor canino, que ainda não teve desfecho na vida real. Ansiosos, 49 alunos das quintas-séries A e B da Escola Sesi Comar, inventaram diversos finais para a história, nem todos felizes, porém. “Eles estão muito entusiasmados. Acompanham o namoro entre os cães como se fosse uma novela. Buscam novidades nas redes sociais, pedem aos pais para visitar a casa onde eles moram e dão toda a série de palpites”, conta a professora de português Ângela Nogueira de Andrade, que está ensinando sobre produção de textos em sala de aula.


Com enorme boa vontade para ajudar no desenlace entre Olívia e Xerife, as crianças chegam a sugerir uma campanha de arrecadação de fundos, com o patrocínio de uma nova residência exclusivamente para os cães. Outra dica dos estudantes seria montar uma cabaninha na calçada, o que permitiria a Xerife ter a liberdade de dar seus pulos pelo bairro.

No aperto para tentar solucionar o caso, os alunos não escondem um certo quê de maldade em relação a Kurt Cobain, pivô da separação entre Olívia e Xerife. Com 12 anos de convivência com a família, esse vira-latas já idoso é o primeiro cão a ocupar o espaço. Mas há quem o defenda. “Sei que ele é doente (tem epilepsia), mas torço pelo Kurt. Gosto de ouvir as músicas do Nirvana e alguns rocks com meu pai”, justifica Luiz Henrique Souza Dias, de 10 anos.

Em peso, a turma prefere que Xerife fique com Olívia e os 10 filhotes. Ou, na verdade, cinco deles, já que os outros estão adotados em lares diferentes. “Na minha opinião, para a história de Xerife e Olívia ter um final feliz, é preciso divulgar para as pessoas adotarem o Kurt, pois Xerife e ele não se dão bem”, sugere Felipe Lauria Fialho, de 10 anos, colocando o roqueiro para escanteio. Em outro trecho da redação, porém, o estudante oferece uma saída: “Também é possível adotar Xerife e Olívia. Por favor, ajudem para continuar esse tão lindo e verdadeiro amor de cachorro”.

Paz difícil

A animosidade entre os machos tem sido um dos impedimentos para a adoção do cão abandonado que faz a corte, do lado de fora do portão, à cadela adotada pela família da Rua Turquesa. Para que Xerife possa viver sob o mesmo teto de Olívia, é preciso que a paz com o rival seja selada. Para a boa convivência dos cães, chegou-se a cogitar castrar os três cães. No dia D, entretanto, Xerife fugiu do veterinário. Segundo análise clínica, Kurt está muito idoso para se submeter a uma anestesia geral, enquanto a cadela precisa finalizar o desmame dos filhotes, antes de passar pelo procedimento. “Voldemort e Kurt continuam se estranhando muito. Na última briga, Kurt precisou tomar antibiótico”, disse Ana Luiza Coutinho.

Entusiasmado com a história, o aluno Fernando de Souza, de 10 anos, desenhou uma ilustração em que os cachorros aparecem de braços dados, encimados por um coração vermelho. Ao redigir o texto, porém, o estudante se nega a decidir qual dos cães irá ganhar o coração de Olívia. Em tom feminista, ele defende que o direito da escolha pertence à cadela. “Minha opinião para o final da história é que o dono poderia colocar ela no meio dos dois machos e ela iria para o que ela gosta”, aponta o menino, que determina também que o cão rejeitado seja transferido para outro local. Na prática, no entanto, Xerife, Olívia e Kurt continuam convivendo sob o mesmo teto da Rua Turquesa, às voltas com os filhotinhos, que fazem xixi de meia em meia hora. Dura realidade para os donos da casa.


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