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Estado de Minas

Ladrões trocam moto por carro para assaltar em Belo Horizonte

Polícia Militar afirma que tem monitorado ações e reagido, mas diz que elas são residuais


postado em 05/05/2015 06:00 / atualizado em 05/05/2015 07:27

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Casos recentes de assaltos na Região Metropolitana de Belo Horizonte têm chamado a atenção por causa da forma de atuação dos bandidos em ações envolvendo pequenos roubos. Para levar celulares, carteiras, cartões bancários e outros bens de menor valor de pedestres, criminosos não têm se limitado apenas a roubar a pé ou de moto, modalidades mais conhecidas da polícia. Eles também têm usado carros, rodando à procura de oportunidades, como pessoas em pontos de ônibus, em locais menos movimentados ou em qualquer outra situação que facilite as investidas. Levantamento feito pelo Estado de Minas indica que, nos últimos dois meses, houve pelo menos quatro situações em que o perfil de ataque se assemelha. Para a Polícia Militar (PM), é certo que essa modalidade tem sido mais frequente, mesmo sem ainda se destacar no universo das ocorrências. Para combater o problema, a corporação diz que está intensificando as blitzes nas áreas urbanas e nas estradas da Grande BH.

A situação contribui para manter acelerado o crescimento dos roubos. Dados divulgados recentemente pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostram que, no primeiro trimestre de 2015, foram registrados 15.846 assaltos, 14,67% a mais do que os 13.819 do mesmo período de 2014. Só na capital mineira, houve aumento de 8,73%, saindo de 8.504 para 9.246 roubos. No sábado, a PM foi chamada para coibir a ação de ladrões no Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha. Com as informações de um carro suspeito, os militares localizaram um casal no Bairro Xangrilá, em Contagem, depois de uma perseguição que teve até o apoio do helicóptero da corporação. Com a prisão de Richard Wilson do Monte, 34 anos, e Laiza Mirele Gabriel, 18, os policiais obtiveram a informação de que a dupla e um adolescente que fugiu seriam suspeitos de pelo menos nove assaltos na região, sempre da mesma forma. Eles rodavam procurando mulheres, consideradas mais fáceis de serem abordadas. Richard ficava no carro, enquanto Laiza e o adolescente se apropriavam dos objetos de valor da vítima. O jovem usava revólver, e a garota simulava portar uma arma de fogo.

Em 17 de abril, outro caso com o modus operandi parecido foi registrado, dessa vez na Savassi, Centro-Sul. Enquanto alunos da Escola de Arquitetura da UFMG assistiam a um filme numa área externa, um homem armado roubou oito celulares. “Estacionou um carro na porta e desceu um cara. Ele gesticulou com uma arma nas mãos dizendo que era um assalto e falou que queria os celulares bem rápido. Depois, entrou no carro pelo banco do passageiro e o veículo foi embora”, conta a estudante G. C., 21 anos, uma das pessoas que tiveram o aparelho levado. Ela conta ainda que, 15 minutos antes, uma conhecida foi abordada por um estranho em um carro com as mesmas características. “Ela estava na Rua Pernambuco e tinha acabado de sair da igreja. Como não tinha nada, ele mandou que ela seguisse o caminho”, diz a jovem. G. acredita que o esquema usado pelos bandidos iniba, por exemplo, o risco de alguém reagir, além de facilitar a fuga.

Cerco a motos seria detonador


Para o doutor em criminologia e presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adílson Rocha, essa forma de atuação é reflexo direto do fato de a PM ter voltado o foco de sua repressão para as motocicletas. “No momento em que temos a repressão às motos, a tendência é de que essa empreitada migre para o carro, que normalmente é roubado e clonado”, observa. Ele, porém, avalia que as chances de combate são mais positivas em situações desse tipo. “Como a mobilidade é menor, fica mais fácil reverter a situação se acompanhada de perto pela PM”, diz o especialista.

Veja mais detalhes das ocorrências(foto: Arte EM)
Veja mais detalhes das ocorrências (foto: Arte EM)
O major Gilmar Luciano, chefe da sala de imprensa da PM, confirma que mais casos de bandidos motorizados com carros para cometer assaltos de menor vulto têm aparecido recentemente. “O fato de um carro abrigar mais criminosos e esconder melhor a identidade deles é um fator que tem facilitado esse tipo de ação. Mas temos de lembrar que em um universo de 12 mil a 14 mil ocorrências trimestrais na Grande BH, essa forma de atuação não é a que mais se destaca. O roubo com as motos ainda é a maneira que mais aparece”, afirma o militar. O major acrescenta que nem mesmo o trânsito complicado para os carros tem diminuído a ousadia dos bandidos, mas garante que a polícia está atenta à nova tática. “Temos intensificado as operações nas áreas dos batalhões e também de trânsito, incluindo as estradas. Todas as nossas ações de blitz não procuram apenas infrações de trânsito, mas são feitas para verificar a presença de pessoas mal- intencionadas e veículos suspeitos”, completa. O Estado de Minas procurou a Polícia Civil, mas a corporação não indicou nenhum responsável para comentar o caso.

DOIS BALEADOS, TRÊS PRESOS
Mais duas abordagens semelhantes ocorreram em outras regiões da cidade. Na sexta-feira, uma mulher aguardava um ônibus em um ponto da Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, quando um carro se aproximou. Um ladrão saiu e apontou a arma, levando o celular da vítima. Já em 22 de fevereiro, quatro homens foram interceptados pela PM depois de assaltarem de carro um grupo de jovens que estava em um ponto de ônibus do Bairro Santa Maria, Zona Oeste de BH. Momentos depois, a mesma quadrilha atacou uma mulher no Camargo (Oeste). A perseguição policial levou a três prisões. Dois dos acusados foram baleados. Um está foragido.


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