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Estado de Minas

Vítimas de acidente reclamam da demora e da burocracia para receber a indenização

Dificuldade de quem precisa receber o DPVAT contrasta com a facilidade encontrada por quadrilha que causou rombo de R$ 28 milhões


postado em 15/04/2015 06:00 / atualizado em 15/04/2015 06:50

Policiais federais cumpriram 229 mandados em Montes Claros e outras cidades, na segunda-feira, e prenderam 40 pessoas por fraude no DPVAT(foto: MAURO MIRANDA/DIVULGAÇÃO)
Policiais federais cumpriram 229 mandados em Montes Claros e outras cidades, na segunda-feira, e prenderam 40 pessoas por fraude no DPVAT (foto: MAURO MIRANDA/DIVULGAÇÃO)

Burocracia e estado debilitado de saúde formam o conjunto ideal para a ação de fraudadores do DPVAT, o Seguro Obrigatório. Aproveitando- se da fragilidade de quem acabou de sofrer um acidente ou da falta de tempo das pessoas para enfrentar a via-sacra de leva e traz de documentos, os chamados “atravessadores”, pessoas que servem de intermediárias entre as vítimas ou familiares e a Seguradora Líder dos Consórcios, administradora do benefício, encontram terreno fértil para aplicar golpes milionários e levar, se não tudo, uma boa porcentagem do pagamento. A empresa afirma que a concessão do seguro não depende desses facilitadores, o grande foco de operação coordenada pela Polícia Federal anteontem, na qual 30 pessoas foram presas em Minas Gerais e 10 no Rio de Janeiro e na Bahia, incluindo policiais civis e militares, médicos, empresários, advogados e agenciadores de seguros.


A comerciante Érika Paranhos, de 38 anos, foi direto ao escritório do DPVAT, no Centro de Belo Horizonte, depois do acidente sofrido pelos pais em maio do ano passado. Na ocasião, 10 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas quando o ônibus de turismo caiu numa ribanceira da BR-262, em Luz, no Centro-Oeste de Minas, quando voltava de Caldas Novas (GO). Embora na porta do hospital onde os pais foram atendidos em Bom Despacho houvesse cartaz informando o contato de um “especialista” em DPVAT, ela preferiu se dirigir diretamente à seguradora, sem ajuda de intermediários.
Depois da entrada com a documentação, foram 60 dias para receber R$ 2,7 mil, referentes ao reembolso com medicamentos e outras despesas médicas. Ao conversar com um amigo da família que estava no mesmo ônibus, Érika descobriu que ele recebeu uma indenização com valor bem superior. “Vou procurar saber se temos direito e também correr atrás agora, pois as lesões dele foram tão graves quanto as da minha mãe”, diz.


O amigo da família é o técnico operacional Jonas Lopes Guimarães, de 64. Ele e a mulher, a auxiliar de cozinha Marlene Maria Guimarães, de 60, contrataram uma agenciadora que fez a intermediação entre eles e a Líder. Jonas ficou 60 dias internado no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. Ele sofreu várias fraturas, perfuração no pulmão e teve infecção. Marlene machucou a coluna e trincou a bacia. A agenciadora se responsabilizou por tudo, do xerox ao envio dos documentos à seguradora, tendo, inclusive, acompanhado Marlene na perícia médica. Conforme assinado em contrato, ela ficou com 20% do valor recebido – cada um teve direito a cerca de R$ 6 mil. Tudo foi feito sob a supervisão do filho do casal, que não permitiu que eles assinassem nada sem seu conhecimento. O dinheiro foi depositado na conta deles e repassado à mulher. “Ela nos disse que temos direito a mais e, por isso, vai recorrer”, conta Marlene.

SEM ATRAVESSADORES
Apesar das dificuldades enfrentadas pelos beneficiários, a presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro, entidade filiada à Líder como posto oficial de atendimento a vítimas de acidente de trânsito, Maria Filomena Magalhães Branquinho, afirma que não há necessidade de contratação de atravessadores e advogados. “As pessoas abordam vítimas ou familiares com a promessa de um recebimento mais ágil e, por causa disso, ficam com a indenização, ao reter uma parte ou cobrar determinado honorário para facilitar o recebimento. Qualquer pessoa pode requerer o seguro, sem burocracia”, afirma. Ela acrescenta que o atendimento é gratuito, sem cobrança de qualquer taxa.


Nos casos de morte e, caso a documentação tenha sido apresentada completa, o prazo de liberação do benefício é de 35 dias, com depósito na conta do beneficiário. Em casos de invalidez, a indenização é paga depois de laudo do Instituto Médico Legal (IML), atestando o problema. “O atravessador pega uma procuração e recebe em nome do beneficiário. Tira a parte dele, promete enterro de luxo e entrega no fim uma quantia ao beneficiário, que nem sabe realmente a quanto teve direito”, relata. Não assinar procurações e pedir ajuda da assistência social do hospital são algumas dicas para se livrar de golpes. As vítimas têm direito ao seguro num prazo até três anos depois da data do acidente. Informações: 0800 0310202.


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