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Estado de Minas

Especialista diz que problema não é só falta de chuva


postado em 24/01/2015 06:00 / atualizado em 24/01/2015 10:13

O clima de preocupação que tomou conta dos moradores de Belo Horizonte, por causa da baixa nos reservatórios de água que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte, vai exigir mais que apenas reduzir o volume consumido. Além da economia de 30%, proposta pela Copasa, especialistas avaliam que é necessário enxergar o problema de outra maneira. “Enquanto a situação não for vista de forma sistêmica, essas dificuldades não serão sanadas”, disse o idealizador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer. Segundo ele, o problema da estiagem é grave, mas não pode ser tratado como “o culpado” da dificuldade de abastecimento, já que períodos com mais ou menos chuvas são frequentes. “Tudo no mundo tem ciclos, tem ciclo hidrológico e tem também o fenômeno climático, ele é sabido e previsível. Não posso culpar o regime de chuvas por uma característica natural dele”, disse.

Para Apolo, o Brasil ainda não despertou para a necessidade de encarar o meio ambiente de forma interdisciplinar. “Não é só uma crise de água, ela afeta o transporte, a educação. Tudo no mundo está em crise de interdisciplinaridade. Tudo é visto de forma separada, sem fazer as conexões necessárias”, analisou o ambientalista. Ele aponta que as medidas, como a redução do consumo em 30%, a possível taxação de excessos e o racionamento, anunciadas na quinta-feira pela Copasa são “tradicionais”. “Quero saber onde está o engate dessas medidas com as estratégias de mudança de paradigma”, questionou.

Já para a professora Paulina Maia Barbosa, do Departamento de Biologia Geral da UFMG, a abundância de recursos hídricos no país e no estado serviu historicamente para justificar o desperdício. “A reutilização da água tem que ser prioridade, não podemos gastar o recurso como gastamos”, disse. “É necessário deixar a água tratada, como é a da Copasa, realmente para abastecimento, e não lavar calçada, carros. É preciso conscientização forte”, completou. A professora ainda defende que os casos de mau uso sejam taxados. “Não tem como fugir de um racionamento, de um rodízio e de educação ambiental. É necessário fazer uma campanha como foi com a Lei Seca, inclusive apelando para multa”, defendeu.

Planejamento Apolo Heringer e Paulina Barbosa também apontam falta de planejamento. “Está na hora de uma mudança de comportamento, mas os órgãos, secretarias, têm que se preparar. É necessário uma ação conjunta”, disse a professora. O ambientalista, por sua vez, questiona a forma como ocorrem as outorgas do uso pelas grandes empresas, que impactam mais o sistema que o consumo doméstico. “É preciso reduzir as outorgas de água para grandes empresas produtoras de alimento, indústrias altamente poluidoras, condôminos que usam grande quantidade de água subterrânea e não pagam quase nada pelo recurso”, afirmou.

Apolo defende um planejamento para um período de sete anos. Além de cuidar das reservas de matas que ainda podem ser preservadas e evitar o lançamento de esgoto nos rios. Ele afirma que propôs a presidente Dilma um programa chamado de “Águas do Brasil”, que pretende duplicar a quantidade de água doce.


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