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Estado de Minas

Mineiros sofrem mais de depressão, mas procuram se exercitar e balancear refeições

Pesquisa Nacional de Saúde revela que 24% dos entrevistados no estado descobriram ter hipertensão arterial


postado em 11/12/2014 06:00 / atualizado em 11/12/2014 08:14

As estatísticas em dois cardápios: Isadora Werneck integra o grupo de 41,5% dos mineiros que consomem hortaliças e frutas em proporções recomendadas, enquanto Henrique Andrade é daqueles que não abrem mão do feijão diariamente, e em boa quantidade, em seu prato (foto: Marcos Michelin/EM/DA Press)
As estatísticas em dois cardápios: Isadora Werneck integra o grupo de 41,5% dos mineiros que consomem hortaliças e frutas em proporções recomendadas, enquanto Henrique Andrade é daqueles que não abrem mão do feijão diariamente, e em boa quantidade, em seu prato (foto: Marcos Michelin/EM/DA Press)


A culinária mineira, gordurosa por definição, por si só contribui para hábitos alimentares não muito saudáveis. Mas, nos pratos de Minas, não é a carne nem o arroz que predomina. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada ontem pelo IBGE, o feijão é a preferência de 86,1% dos mineiros, que afirmaram consumi-lo regularmente, média bem superior à do Brasil (71,9%). Os grãos se destacam na refeição do advogado Henrique Andrade, de 23 anos. “Como todos os dias. Gosto tanto do preto quanto do carioca.” Mas, preocupado com a saúde e mesmo almoçando em restaurantes, ele tenta montar um cardápio variado.


Porém, esse cuidado não é geral. Refeições desequilibradas se refletem, imediatamente, em outros dados da pesquisa. No estudo, 24% dos mineiros informaram ter recebido diagnóstico de hipertensão arterial, 11,3% assumem nunca ter feito exame de sangue para medir glicemia e 6,4% disseram ter diabetes. Por outro lado, 13,4% dos moradores de Minas afirmaram jamais ter medido colesterol e triglicerídeos, ao passo que 14,8% foram diagnosticados com colesterol alto, superior à média do país (12,5%). As doenças do coração acometeram 6,3% dos mineiros, enquanto a depressão atingiu 11,1% – índice bem acima da média Brasil, de 7,6%.


Segundo a analista do IBGE Luciene Longo, na última década a população brasileira teve melhoria de renda e de acesso à alimentação, mas acabou, também, cedendo às tentações de uma comida com mais gordura, sal e açúcar. “As doenças crônicas são indicativo do grau de desenvolvimento da população. No início do século, o que mais matava no Brasil eram as doenças infectocontagiosas, por causas das condições de saneamento e infraestrutura. Hoje, estamos na outra ponta.”

Segundo ela, a prevalência de enfermidades como as coronarianas, diabetes e hipertensão tende a ser mais frequente, por dois motivos. O primeiro é o envelhecimento da população brasileira; o segundo, a falta de alimentação saudável e de atividades físicas regulares. “Esta é a primeira pesquisa com tantos detalhes, importante para termos um diagnóstico e políticas públicas para incentivar melhorias na situação. É preciso educar as pessoas a melhorar os hábitos de vida”, afirma a analista. O diretor administrativo da Sociedade Mineira de Cardiologia, Epotamênedes Good God, alerta para o perigo de não se prevenir e ser diagnosticado em estágio avançado das doenças, já que muitas das enfermidades crônicas que despontam na pesquisa são silenciosas.

Nutricionista A estudante de direito Isadora Werneck, de 19, mantém a disciplina quando o assunto é alimentação saudável. De segunda a sexta-feira, evita a carne vermelha e dá preferência ao frango e ao peixe. Substituiu o arroz branco pelo integral. Cenoura e beterraba não faltam em seu prato. “Fui à nutricionista há muito tempo para ter noção do que deveria comer, mas não sigo uma dieta específica”, diz. A jovem engrossa a estatística dos 41,5% dos mineiros que informaram consumir hortaliças e frutas de acordo com as recomendações nutricionais. Também por orientação profissional, ela não toma líquido durante as refeições. “Sinto-me mais leve. Quando saio da rotina, fico com a sensação de estar pesada. Como bem durante toda a semana, mas, se mudo algo, o corpo sente rápido.”

A fonoaudióloga Camila Morais, de 33, faz acompanhamento com nutricionista e pratica exercícios diariamente. Para ela, o segredo para uma alimentação equilibrada são refeições fracionadas. “De manhã, faço de três a quatro refeições menores. À tarde, repito a frequência, com alimentos que facilitam a perda de peso e o ganho de massa muscular.” Por seguir as orientações por um mês, ela perdeu 2% da gordura corporal e três quilos. “Os resultados fazem com que eu fique animada. Melhora tudo, inclusive o humor.”

Dárquia Gonçalves é do time antissedentarismo: exercícios diários(foto: Marcos Michelin/EM/DA Press)
Dárquia Gonçalves é do time antissedentarismo: exercícios diários (foto: Marcos Michelin/EM/DA Press)
Entre a fumaça e a malhação

Na Pesquisa Nacional de Saúde, o tabagismo também aparece como um dos hábitos prejudiciais à saúde, atingindo 17,7% dos mineiros. É o caso do técnico de informática Felipe Gustavo, de 23, que fuma desde os 15. Ao longo do dia, ele consome de 12 a 15 cigarros. Aproveita o horário de almoço para saciar a vontade, uma vez que no trabalho nem sempre consegue sair para fumar. “Mesmo sendo fumante, concordo com as leis que estão cada vez mais rígidas. Quem não fuma se sente muito incomodado.” Os mineiros estão acima da média nacional, que registra o hábito entre 14,5% da população. Mas muitos querem abandonar o vício: cerca de 50% tentaram parar nos 12 meses anteriores à pesquisa.

O outro lado da moeda é que muita gente está disposta a deixar o sedentarismo de lado. Exercícios físicos são praticados por 22,8% dos mineiros, o que está muito próximo da média nacional, de 22,5%. O professor de educação física André Rigueira lembra que muita gente procura as academias para melhorar a saúde e por razões estéticas. A orientação que ele dá é a pratica de pelo menos uma hora de atividade física, de três a cinco vezes por semana.

A microempresária Dárquia Gonçalves, de 27, segue as orientações à risca. Dedica uma hora e meia diariamente aos treinos. “Comecei há 12 anos. Todos os dias, faço exercícios para os glúteos, bíceps, tríceps e quadríceps. Faço abdominais e, na parte aeróbica, gosto de correr pelo menos três vezes por semana.”

De olho na preparação física, o lutador Alisson De Angellis, de 34, treina seis vezes por semana. Para exercer sua profissão, ele precisa estar em forma, mas acredita que as pessoas estão mais dispostas a se exercitar. “Antes de começar a malhar, é importante se aconselhar com um nutricionista que irá orientar quais os alimentos certos para antes e depois dos treinos.”

Palavra de especialista

Renato Romano Aleme, coordenador do curso de enfermagem do Newton Paiva

“Um dos pontos relevantes da pesquisa é a autopercepção dos indivíduos. O brasileiro considera que tem boa saúde, e isso é preocupante. Quando mudamos o olhar para os estilos de vida relativos à alimentação e à prática de exercícios, notamos que isso não é uma prática entre nós. Em relação a outros países, como os Estados Unidos, ainda conseguimos nos alimentar a partir de fontes primárias, mas sem fazer seleção. Acabamos pecando pelo excesso de gordura e sal, e por não fazer exercício físico regular. O deslocamento hoje nas grandes cidades não é saudável: são muitas pessoas de carro, em vez de caminhar alguns minutos ou andar de bicicleta. Doenças adquiridas por maus hábitos têm a incidência aumentada cada vez mais precocemente. As pessoas começam cada vez mais cedo a ser sedentárias, a ingerir bebida alcóolica e a fumar. Se acham que está bom, não vão mudar os hábitos.”


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