Moradores das ocupações instaladas no terreno da Granja Werneck, na Região Norte de Belo Horizonte, se acorrentaram nas grades do Palácio da Liberdade, na manhã desta segunda-feira, em protesto contra o possível despejo das famílias que vivem na área.
Os cerca de 80 manifestantes pertencem às ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão e chegaram à Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por volta das 10h. Eles também são apoiados por membros das Brigadas Populares, Movimento de Luta dos Bairros e da Comissão Pastoral da Terra.
Parte dos manifestantes interditou três faixas da avenida em frente à antiga sede do governo do estado. Policiais militares foram até o local negociar a liberação do trânsito, de modo que o protesto acontecesse apenas na calçada.
Mais cedo, a informação da polícia era de que representantes da Prefeitura de BH e do Ministério Público estavam reunidos com a PM para discutir a situação das famílias, que podem deixar a área nos próximos dias. No entanto, no início desta tarde, o major Gilmar Luciano, chefe de comunicação da Polícia Militar, esclareceu que houve um encontro com um grupo de moradores da ocupação e um advogado, sem a presença dos outros órgãos.
O major convidou os moradores para conhecer a sala de imprensa da PM, disse que estará presente na ação de desocupação e reafirmou o compromisso de garantir a integridade física das pessoas. A polícia havia sinalizado o início da operação para esta segunda-feira. No entanto, por meio de nota divulgada na noite de domingo, a PM informou que a ação de despejo não iria ocorrer na manhã desta segunda-feira.
Segundo Rafael Bittencourt, representante das Brigadas Populares, o protesto não tem relação com o encontro, que acontece hoje e os moradores pretendem continuar no local até que a ordem de despejo seja suspensa.
Enquanto a operação, que deve contar com 1,5 mil policiais militares, não acontece, o clima é de expectativa e tensão na região do Isidoro. Na tarde passada, moradores do acampamento e policiais entraram em confronto durante um protesto. Eles montaram uma barricada, que obstruiu um dos acessos à região. Uma viatura passou pelo bloqueio. Um representante das Brigadas Populares disse que os policiais chegaram a atirar para o alto e a população respondeu, lançando pedaços de madeira e pedras.
O confronto durou cerca de 20 minutos. A PM divulgou nota informando que “integrantes da invasão na região do Isidoro, na Zona Norte de Belo Horizonte, obstruíram as vias de acesso com pneus e entulhos neste domingo. Os moradores, que utilizam as vias, acionaram a Polícia Militar para restabelecer o acesso. Mesmo tendo sido recebida por pedradas e tiro, a polícia conseguiu desocupar as vias, não sendo necessária a permanência no local”.
Entenda o caso
A reintegração de posse é determinada pela Justiça, por meio de liminar. As comunidades estão instaladas em parte de uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados. No caso da Ocupação Vitória, a permanência de famílias tem impedido a implantação de empreendimentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, capaz de abrigar 13,2 mil famílias de baixa renda em Belo Horizonte. O projeto pretende diminuir o déficit de 62,5 mil moradias dessa faixa na capital mineira. Na ação de despejo, estarão envolvidos militares da 1ª Região da PM, 3ª Região da PM e CPE. (Com informações de Luana Cruz)