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Estado de Minas

Paróquia do Bairro Vila Paris tem missa das crianças

Igreja realiza, aos sábados, missa voltada para os pequenos. Eles participam do evangelho, perguntam e ficam curiosos com o momento da comunhão


postado em 21/07/2014 00:12 / atualizado em 21/07/2014 07:28

Sandra Kiefer

Antes de ir embora, pároco abençoa pipocas e pirulitos distribuídos para a meninada (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Antes de ir embora, pároco abençoa pipocas e pirulitos distribuídos para a meninada (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Parece mentira, mas algumas crianças andam implorando para ir à missa em Belo Horizonte. Perto das 17h, aos sábados, pais não precisam negociar para desligar o computador ou deixar de lado o iPad e o futebol com os amigos. Basta lembrarem que já está na hora daquela missa ‘maneira’ na Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, no Bairro Vila Paris, em que os pequenos fiéis sobem no altar, participam do evangelho contado por fantoches e, ao final, fazem fila para receber pipocas e pirulitos santificados. “Abençoa, Senhor, essas pipocas…”, invoca o padre José Wilson Andrade, de 52 anos, com sotaque sergipano e paciência infinita com os agitados projetos de anjo.

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…”, ensina padre Wagner, rodeado por olhares atentos, que tentam aprender a fazer o sinal. De pouco adianta, porém, a súplica do religioso, um dos que se revezam com José Wilson no comando da celebração. É que, na hora da comunhão, todas as 60, 70 crianças querem ver de perto o que acontece com a hóstia sagrada e o cálice de vinho, que o sacerdote ergue no alto das suas cabeças. “Dependendo do andamento da celebração, deixo duas delas suspenderem a hóstia grande comigo. Elas se sentem muito importantes e vão se lembrar disso pelo resto da vida”, conta o padre, orgulhoso.

Entretidas, as crianças respondem a perguntas no microfone, ajudam a carregar cestas no ofertório e executam passos de dança, imitando os monitores do grupo de jovens Filhos de Davi. É o caso da música O Homenzinho Torto, em que os pequenos entortam o pescoço, os pés, as mãos e fazem caretas, no ritmo da canção. “Quando eu era criança, era chato ir à missa porque eu não entendia nada”, admite Estéfano Trad, de 27 anos, um dos coordenadores do grupo de música.

No momento da comunhão, como não podem receber a hóstia, cada criança recebe uma bênção especial do padre. Aos 6 anos, Maria Fernanda acaba de ser abençoada. E do que ela mais gosta na missa? “Ué, de brincar!”, responde a menina, vestida de princesa. Ela foi iniciada na missa pela irmã Rafaela, de 19. “Agora, todo sábado tenho de trazer. Na semana passada, ela me cobrou o porquê de não ter vindo”, diz a jovem.

AMBIENTE ALEGRE
De cima do altar, padre José Wilson se distrai observando o rosto dos pais e avós enternecidos com a participação direta dos filhos e netos. “Um desses pais veio me contar que é ateu, mora na Região da Pampulha, mas que vem todos os sábados acompanhar o filho, que não abre mão da sua companhia. Ficou conhecendo a nossa missa por meio de um coleguinha da escola”, conta.

Moradores da Região Centro-Sul, a professora Jane Lúcia Silveira e o marido, o bancário aposentado Sérgio Mendes Ribeiro, ambos com 73 anos, batem ponto todos os sábados na missa das crianças, apesar de não ter netos para levar à celebração. “Não perco essa missa por nada. Gosto deste ambiente alegre. Além do mais, as crianças colocam o padre em cada aperto!”, diverte-se a professora. Já o homem, sério, dá a desculpa de que o horário da tarde é mais adequado. “Apesar de ser meio barulhenta, gosto desta missa”, diz Ribeiro.

“A missa respeita o imaginário infantil e passa uma mensagem em que a criança entende e se envolve a partir da música, da expressão corporal e da interação com o padre e com a equipe de apoio”, explica o padre José Wilson, que chegou a fazer cursos para aprender a contar histórias e a mergulhar no universo infantil na Universidade Federal da Bahia (UFBa). Integrante da Diocese de Paulo Afonso, na Bahia, está em Belo Horizonte para concluir os estudos de doutorado em teologia.

Há quatro anos à frente da missa das crianças, na Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, o religioso atuou também na missa para estudantes do Colégio Marista Dom Silvério. “Nunca vou me esquecer de um garoto de 5 anos, fantástico, que um dia se aboletou na minha cadeira, no meio da missa. Dei a ele o comando da celebração. Ele ia me perguntando o que fazer e eu ajudava. Quando chegou o momento da eucaristia, avisei que os adultos iriam receber Jesus, que estava na casinha do sacrário. Ele esticou a cabeça lá dentro e, ao ver as hóstias sagradas, disse bem alto: ‘Nossa, quanto Jesus tem aqui!’. Não houve quem não caísse na risada”, conta o padre.


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