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Estado de Minas

BHTrans promete melhorias nas condições de circulação na Antônio Carlos

Além dos transtornos para usuários, início das operações prejudica trânsito nas pistas comuns. Solução só nas próximas semanas, promete BHTrans


postado em 20/05/2014 06:00 / atualizado em 20/05/2014 08:43

Com movimentação intensa, muitos reclamaram dos acessos à Estação Pampulha. Maiores problemas foram relatados por passageiros que chegavam ao terminal a pé(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Com movimentação intensa, muitos reclamaram dos acessos à Estação Pampulha. Maiores problemas foram relatados por passageiros que chegavam ao terminal a pé (foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Tumulto, corre-corre, discussões, falta de informação, ônibus lotados e atrasos. Apesar de o cenário lembrar o que ocorreu na inauguração da Estação de Integração São Gabriel, em 8 de março, na Região Nordeste de Belo Horizonte, desta vez o foco dos problemas foi a Estação de Integração Pampulha, construída na junção das avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Portugal, no Bairro Itapoã. O segundo terminal-chave para o funcionamento do BRT/Move foi testado ontem pela primeira vez em um dia útil e mostrou que, a 23 dias da Copa do Mundo, há muito a ser resolvido. A estrutura é a maior aposta para garantir o bom funcionamento do Move na Avenida Antônio Carlos, principal acesso ao Mineirão, que vai receber seis jogos do Mundial de 2014. Apesar dos problemas, segundo a BHTrans a situação tende a melhorar gradualmente, principalmente com a remoção de mais linhas convencionais do corredor, que nas próximas semanas serão integradas ao sistema de transporte rápido por ônibus.

Enquanto isso não ocorre, o trânsito caótico nas pistas mistas da Antônio Carlos, devido à presença de ônibus de 30 linhas convencionais, atrapalhou a chegada das sete novas linhas alimentadoras à nova estação. Para piorar, um protesto de taxistas, reivindicando a possibilidade de dividir as faixas centrais da Antônio Carlos com os ônibus do BRT, congestionou ainda mais o tráfego. Nas pistas comuns, dos 354 ônibus que trafegavam no pico da manhã antes do Move, 82 foram retirados desde sábado. Outros 86 vão sair de cena na segunda fase, uma redução de 47% no número de coletivos. Testadas pelo Estado de Minas, as duas principais linhas troncais que já estão operando na Antônio Carlos tiveram desempenhos diferentes. Enquanto a 50, que vai da Estação Pampulha ao Centro direto, levou 13 minutos para chegar à Avenida Santos Dumont, os usuários sofreram com a 51, que vai da Pampulha aos hospitais, por conta da superlotação, mesmo fora do horário de pico. Foram 47 minutos até a Santa Casa.  

Antes mesmo de os passageiros das sete novas linhas alimentadoras chegarem à Estação Pampulha, inaugurada ainda em meio a uma série de obras, problemas já testavam a paciência dos usuários. Com as linhas convencionais na pista mista, totalizando cerca de 190 coletivos no pico da manhã, além de táxis e veículos de passeio, o trânsito na Antônio Carlos ficou caótico, com os congestionamentos se estendendo à Avenida Portugal, rota obrigatória das alimentadoras. Moradores de bairros como Jardim Leblon, Copacabana e Jardim Atlântico, na Região de Venda Nova, ficaram presos no engarrafamento e não conseguiram chegar no horário que pretendiam. Muitos desembarcaram e continuaram o trajeto a pé.

O pedagogo Marden Sousa, de 27 anos, foi um dos que apelaram para a caminhada. Porém, depois de descer da linha alimentadora e chegar à Estação Pampulha, precisou passar por duas linhas de catracas, o que o obrigaria a pagar três passagens para fazer todo o trajeto até o Centro de BH. Depois de discutir com um funcionário do Transfácil, acabou ganhando a passagem. “Qual é o objetivo disso tudo? Atrapalhar a vida do cidadão? Está inviável, não conseguimos passar pela Portugal para chegar na estação”, reclamou. Quem também desistiu do coletivo foi a consultora de vendas Hérica Vieira, de 27. Como não havia sinalização clara, ela acabou entrando na estação por uma passagem exclusiva dos ônibus articulados e se viu presa na plataforma. “Acabei correndo perigo no meio dos ônibus, porque não tem nada explicando por onde entrar. Tive que correr, porque se eu chego atrasada meu patrão desconta R$ 137 do meu salário”, afirmou Hérica, depois de ser resgatada da pista para a plataforma por outras pessoas.

O impacto na rotina das linhas alimentadoras, segundo os passageiros, não ficou restrito ao trânsito da Avenida Portugal, que atrasou a chegada à Estação Pampulha. Houve demanda excessiva nessas novas linhas, que levou muitas pessoas a ver ônibus lotados passando direto por pontos. “Eu esperei das 6h05 até 6h45 para entrar em uma linha que fosse até a estação. Antes disso, passaram cinco ônibus lotados”, disse o comerciário Sérgio Souza, de 72.

As sete alimentadoras que substituíram oito linhas antigas semiexpressas, que iam direto dos bairros ao Centro ou aos hospitais, deixam os passageiros no segundo andar da estação. Dali, eles descem e encontram duas plataformas, pelas quais se dividem as três linhas troncais criadas para o início do BRT na Antônio Carlos. “Não tem nenhuma informação sobre onde passa cada linha. Por instinto, vi o ônibus e achei que era ali, mas não dá para saber”, afirmou Renata Fonseca, de 47, funcionária de uma drogaria. A sinalização para orientar passageiros consistia em folhas de papel de tamanho mínimo, em colunas e extintores de incêndio, indicando onde cada linha passava.

Segundo a BHTrans, a sinalização da Estação Pampulha é provisória e será reforçada. A empresa municipal frisou ainda que há funcionários treinados para tirar as dúvidas dos passageiros. Sobre as linhas alimentadoras, a informação é de que elas passam por monitoramento para serem ajustadas, caso necessário, à oferta de mais ônibus e horários.

Retenção no Centro

Apesar da superlotação dos ônibus da Linha 50 (Estação Pampulha/Centro – direta), foram 13 minutos da Estação Pampulha até o Centro da capital, com a primeira parada na Estação Rio de Janeiro, na Avenida Santos Dumont. O que chamou a atenção foram os 23 minutos rodando pelas ruas e avenidas do hipercentro. Segundo o motorista Ismael Valério, de 44 anos, condutor de coletivos da Linha 50, esse tempo poderia ser reduzido com uma mudança no itinerário.

“Nesse caminho damos duas voltas pela Santos Dumont. São muitos semáforos no trecho, o que atrasa a viagem”, afirmou. Na prática, o ônibus chega ao Centro pela Rua São Paulo e entra à esquerda na Santos Dumont, onde desce a maioria dos passageiros. Depois, os coletivos fazem a volta e seguem para a Avenida Paraná, com parada na Estação Carijós. Feita nova volta, mais uma vez a Linha 50 chega à Santos Dumont, repetindo o retorno do cruzamento com a Rua da Bahia, antes de descer a Rua Saturnino de Brito e pegar a Avenida Oiapoque. Dali o itinerário passa pela Avenida do Contorno e Rua Curitiba, para depois chegar ao Viaduto A e voltar à Antônio Carlos.

A BHTrans informou que o tempo médio das viagens entre a Estação Pampulha e a Estação Rio de Janeiro foi de 14 minutos. Ainda segundo a empresa, já está definido que a linha 50 terá reforço na oferta, passando de 117 para 140 viagens por dia. A linha 52 (Estação Pampulha/Lagoinha) percorreu o trajeto até a Estação Senai, último terminal do corredor Antônio Carlos, com média de 21 minutos, de acordo com a medição oficial.

Intervalos longos rumo aos hopitais

Passageiros do BRT/Move que tiveram ontem a primeira experiência com a linha 51 (Estação Pampulha/Centro/hospitais) passaram por uma verdadeira provação para chegar aos seus destinos. Das 6h às 7h, os ônibus partiram com intervalo de seis minutos. Entre 7h e 8h da manhã, saíram de sete em sete minutos. As reclamações pipocaram a partir das 8h, quando o intervalo subiu para 15 minutos. Entre 9h e 10h o tempo de espera ficou ainda maior: de 20 em 20 minutos, o que foi a gota d’água para a ira de passageiros.

“Eles diminuíram a quantidade de ônibus em um horário em que a demanda ainda é grande. Está superlotado, sem condições de entrar mais ninguém”, afirmou a cabeleireira Meire Aparecida Santos, de 42 anos. A equipe do EM conversou com ela dentro do ônibus, ainda na estação. De lá, o coletivo parou em todas as 14 estações de transferência da Antônio Carlos, diferente das nove do corredor Cristiano Machado. Quando algum passageiro tentava embarcar em algum dos terminais, a sensação era de que não seria possível apertar mais, mesmo em uma viagem que se iniciou às 9h40, fora do horário considerado de pico.

O vendedor Felipe Pires fez o percurso mais cedo. Mesmo assim, quase perdeu a fisioterapia, na área hospitalar. “Peguei a linha alimentadora às 7h40 e o normal seria chegar por volta das 8h40. Cheguei às 9h30, horário limite para o fisioterapeuta ir embora”, afirma. Com o aperto dentro do ônibus, outros problemas ficaram claros. Sem visibilidade devido ao número de pessoas, era praticamente impossível saber as estações de parada: como o monitor não indicava as estações e o sistema de som não anunciava os terminais, o jeito foi contar com a ajuda de outros passageiros. Na dúvida se já estava no Hospital Odilon Behrens, uma passageira acabou descendo no terminal da Rua Operários, tendo que andar bastante para chegar ao hospital.

Segundo a BHTrans, problemas apontados na identificação das estações pelo monitor e microfone são pontuais. O número de viagens será reforçado para atender os passageiros da linha 51, mas ainda não foi definido o tamanho da expansão. O tempo médio entre a Estação Pampulha e a Avenida Augusto de Lima foi 31 minutos, de acordo com a BHTrans.


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