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Estado de Minas

População de Pedro Leopoldo está à espera de Nossa Senhora do Rosário

Comunidade de Quinta do Sumidouro celebra com procissão a decisão da Justiça que determinou volta da padroeira ao altar


postado em 03/03/2014 00:12 / atualizado em 03/03/2014 07:20

Gustavo Werneck

Fiéis carregaram andor com manto da santa, que está prestes a retornar (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press. )
Fiéis carregaram andor com manto da santa, que está prestes a retornar (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press. )


Na manhã de céu muito azul, um manto da mesma cor traduziu agradecimentos, fé e esperança da comunidade de Quinta do Sumidouro, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Com terços, velas e flores nas mãos, os católicos acompanharam ontem uma procissão que saiu da Capela de Nossa Senhora do Rosário, logo após a celebração eucarística iniciada às 9h, e percorreu as ruas da localidade, surgida no século 18. No lugar da padroeira, o andor trazia apenas a veste com laço branco: “É o símbolo de que estamos aguardando a chegada de Nossa Senhora do Rosário. Quando ela retornar ao altar, a festa vai ser muito maior, com banda de música”, disse a coordenadora do Conselho Paroquial Comunitário, Edna Maria da Silva Santos.

Há 33 anos, incluindo uma década de luta nos tribunais, os moradores de Quinta do Sumidouro aguardam a volta da imagem furtada do templo em 1º de dezembro de 1981. Anos depois a peça foi localizada com o colecionador paulista Renato de Almeida Whitaker, com quem esteve até 2012, quando foi apreendida, em São Paulo (SP), pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Na terça-feira passada, a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu por unanimidade que a peça deve retornar à capela, confirmando sentença do juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de BH, Geraldo Claret de Arantes. A ação foi movida pelo MPMG, via Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MG), cujo titular é o promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda.

Para que a escultura de madeira retorne ao altar é preciso que o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), responsável pelo tombamento da capela em 1974 e pela guarda da peça, por ordem judicial, desde 2012, dê o sinal verde sobre a segurança do templo. Acompanhando o cortejo religioso de ontem, o gerente do Parque Estadual do Sumidouro, Rogério Tavares, explicou que está sendo concluída a instalação dos equipamentos de segurança. “Aguardamos a visita da equipe do Iepha”, disse Tavares. Ele explicou que apenas alarmes, câmeras de vídeo e outros aparelhos eletrônicos não bastarão para proteger o bem cultural e espiritual. “Será preciso uma rede de fiscalização integrada pela polícia, vizinhos e poder público”, afirmou.

Durante a procissão, houve cânticos em louvor a Nossa Senhora do Rosário, presença da guarda do Congado Chico Rei, de Quinta do Sumidouro, queimas de fogos e toque de sinos. Com a roupa branca da guarda, Gilberto Pereira de Almeida, de 54 anos, falou, ao fim da celebração eucarística, sobre o sentimento que move a comunidade. “O retorno de Nossa Senhora do Rosário é o sonho de todos nós”, disse. Perto de completar 80 anos, Ana Ambrósio Quirino, com um vestido azul, disse que o domingo é de felicidade, pois está mais próximo o dia do retorno da padroeira. “Vamos soltar muitos foguetes e celebrar. A saudade é grande.” Patrícia Teodoro cresceu ouvindo a história de perda e tristeza relativa ao roubo da santa. “Estamos todos felizes com o desfecho do caso na Justiça”, afirmou a secretária do Conselho Paroquial. No dia 14, antes da decisão judicial, os católicos acompanharam outra procissão, desta vez com o andor vazio, para evidenciar a ausência do patrimônio.
 
DECISÃO
Os desembargadores mantiveram a condenação de Whitaker por litigância de má-fé (atrasar e prejudicar o andamento do processo), com pagamento de R$ 200 mil ao Fundo de Preservação do Patrimônio Histórico e Minas Gerais. Terá que pagar ainda 1 mil salários mínimos ao Fundo Estadual dos Direitos Difusos Lesados. Whitaker informou ao Estado de Minas que vai recorrer da decisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

SERVIÇO

Para denunciar roubos, furtos ou
dar informações sobre peças, faça contato:

Ministério Público Estadual
E-mail: cppc@mp.mg.gov.br
Telefone (31) 3250-4620

Iphan
www.iphan.gov.br
Telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482
E-mail: bcp-emov@iphan.gov.br

Iepha/MG
www.iepha.mg.gov.br
Telefone (31) 3235-2812 ou 2813


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