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Estado de Minas

Menos da metade dos salões em BH esteriliza corretamente alicates de unha

Falta de informação e desatenção podem transformar o momento de fazer as unhas em risco à saúde.Clientes e manicures estão sujeitas a contrair micoses a hepatite


postado em 29/01/2014 06:00 / atualizado em 29/01/2014 07:08

'Os cuidados são importantes para elas trabalharem tranquilas e as clientes terem segurança. Tem muita doença que passa de uma pessoa para outra. Todos os salões devem ter esses cuidados básicos' - Camila Freitas, dona de salão(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
'Os cuidados são importantes para elas trabalharem tranquilas e as clientes terem segurança. Tem muita doença que passa de uma pessoa para outra. Todos os salões devem ter esses cuidados básicos' - Camila Freitas, dona de salão (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Sinal amarelo nos salões de beleza. Falta de informação e desatenção podem transformar o momento de fazer as unhas em risco à saúde. Tese de doutorado do curso de enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que, sem o controle devido, clientes e manicures estão sujeitas a contrair doenças – de micoses a hepatite. Entre os itens que facilitam a transmissão estão a ausência de esterilização correta de materiais e o uso de equipamentos de proteção individual. O estudo aponta que apenas 35,3% dos salões pesquisados usam a autoclave (forno para esterilizar alicates e outros instrumentos), enquanto aproximadamente 70% das entrevistadas a citou como método recomendado para a esterilização dos seus artigos.

A autora da tese, Juliana Ladeira Garbaccio, pesquisou 235 estabelecimentos localizados em todas as regiões de Belo Horizonte. “Não houve um salão perfeito. Às vezes, tem boa esterilização, limpa bem o material, mas não usa luva, por exemplo, porque acha que não é importante ou o salão não exige”, comenta. “A própria cliente fica com medo quando vê a manicure de luvas, pensando que ela tem alguma doença. Ao mesmo tempo, muitas profissionais relataram perder a destreza ou ficar incomodada se usar a proteção”, conta.

Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) prepara regulamentação para normatizar os trabalhos. O regulamento técnico já foi formatado e aguarda aprovação da assessoria jurídica para ir a consulta pública, antes de se transformar em uma resolução. O documento vai estabelecer as exigências sanitárias para as clínicas de estética que não fazem procedimentos sob responsabilidade médica, salões de beleza, barbearias, massagens, limpezas de pele e atividades de podologia.

DOENÇAS

A doutora, que também é mestre em microbiologia, ressalta que não se pode afirmar que o cliente vai contrair alguma doença em salão de beleza. “Existe o risco, caso não sejam tomados os devidos cuidados, assim como ocorre em unidades de saúde e em consultórios odontológicos se não houver controle. O problema é que, em clínicas de estética e salões, as inspeções são em menor quantidade e os profissionais têm pouca formação”, relata.

Juliana explica que, no caso da clientela, o risco está na sobra de resíduos com restos de cutícula e sangue em materiais que não são devidamente limpos e esterilizados. As manicures também podem se contaminar, uma vez que muitas fazem a unha no próprio salão, além de estarem sujeitas a micoses.

A orientação é que cada cliente leve seu próprio alicate. O maior perigo é hepatite. “O HIV precisaria de quantidade maior de partículas para transmissão, ao contrário da hepatite, que precisa de volume muito menor. O tipo B ainda tem vacina, mas o C não. E ambos têm a mesma forma de transmissão: sangue e matéria orgânica.”  

CUIDADOS Dona de salão no Bairro São Geraldo, na Região Leste de BH, Camila Freitas, de 29 anos, usa a autoclave e materiais descartáveis, como lixa e palito, para garantir a segurança de funcionárias e clientes. As manicures também são orientadas a usar luvas. No salão, palito e lixa usados podem ser levados pela cliente. “Os cuidados são importantes para elas trabalharem tranquilas e as clientes terem segurança. Tem muita doença que passa de uma pessoa para outra. Todos os salões devem ter esses cuidados básicos, mas nem todos têm.”

A babá e estudante de pedagogia Luciana Aparecida da Silva Godinho, de 33, faz unha uma vez por semana no salão perto da casa dela, no Bairro Céu Azul, na Pampulha. Ela conta que só vai a estabelecimentos com indicação e sempre observa se é um ambiente com as devidas condições de higiene e segue à risca a orientação da tese da UFMG: carrega sempre consigo o próprio alicate. No salão que frequenta, lixa e palito são descartáveis. “Lá tem autoclave, mas não confio, prefiro levar o meu”, relata.


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