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Estado de Minas

Barulho da limpeza da Lagoa da Pampulha incomoda moradores

Vizinhos das obras de desassoreamento do reservatório se queixam dos ruídos causados pelas dragas à noite, impedindo-os de dormir, e pedem maior número delas na operação


postado em 18/01/2014 06:00 / atualizado em 18/01/2014 07:33

Quem mora mais próximo à orla não está conseguindo dormir devido ao trabalho ininterrupto das máquinas na remoção de material do fundo do lago formado há décadas (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Quem mora mais próximo à orla não está conseguindo dormir devido ao trabalho ininterrupto das máquinas na remoção de material do fundo do lago formado há décadas (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

O barulho não para e vem incomodando moradores da orla da Lagoa da Pampulha. Desde o fim do ano passado, quando a Prefeitura de Belo Horizonte iniciou os trabalhos para o desassoreamento de um dos principais cartões-postais da cidade, o ruído ininterrupto gerado pelas dragas tem dificultado a concentração e o sono de muita gente. A máquina que serve para retirar entulhos do fundo da água trabalha 24 horas por dia, inclusive em fins de semana, segundo os vizinhos, que pedem para as atividades serem interrompidas durante a noite.

Sabino Ferreira, de 55 anos, mora no Bairro Bandeirantes, a um quarteirão da Avenida Otacílio Negrão de Lima, que percorre toda a orla da lagoa. Ele não quer que o andamento das obras para a requalificação do cartão-postal seja prejudicado, mas se queixa do incômodo provocado pelo ruído das dragas, que quebraram o habitual silêncio noturno da região, predominantemente residencial. “O barulho começou em outubro. No início, as máquinas eram desligadas por volta da meia-noite e voltavam a funcionar pelas seis da manhã. Depois, passaram a ficar ligadas direto”, relata ele, professor do Departamento de Estatística da UFMG.

Com dificuldade para dormir, Sabino chegou a comprar um protetor de ouvido do tipo usado por nadadores, mas o objeto não bloqueou o barulho. “Isso me atrapalha muito, inclusive por eu trabalhar em casa à noite. Para fazer um trabalho intelectual você tem que se concentrar, mas fica aquele barulho o tempo todo. Venho tendo dor de cabeça por causa disso”, reclama. Para não atrasar ainda mais as obras, que já tiveram prazos adiados, o professor tem uma sugestão: “A prefeitura pode aumentar o número de dragas e limitar os trabalhos ao horário comercial. Sou completamente favorável à recuperação da lagoa”, ressalta.

Vizinho de Sabino e professor do Departamento de Física da UFMG, Emmanuel Araújo Pereira também se queixa do barulho. “Ele me incomoda mais à noite, quando cessam outros ruídos e o das dragas fica bem evidente”, conta. Às vezes, ele demora mais que o normal para pegar no sono, mas a mulher é ainda mais prejudicada. De vez em quando, ela prefere dormir na sala, já que o quarto do casal tem a janela direcionada para a lagoa. “Acabamos tendo a noite maldormida. Meu trabalho é intelectual. Se eu não estiver descansado, não consigo pensar direito”, aponta. “As dragas poderiam não trabalhar de madrugada. Isso está sendo tocado com essa rapidez toda por causa da Copa, uma vez que a lagoa está num estado lastimável”, acredita.

No outro lado da orla, no Bairro Copacabana, a administradora de empresas Adriane Freitas Vidal, de 50 anos, mora com a família em um sobrado na Avenida Otacílio Negrão de Lima e também sofre com o problema. “Durante o dia, o ruído das dragas é amenizado pelo barulho do trânsito, dos carros passando. Incomoda mesmo quando a gente vai dormir. Esse barulho vai lá no cérebro, fico com a sensação de que essas máquinas estão bem ao meu lado”, diz. “As obras são necessárias, mas poderiam ser interrompidas às 22h ou às 23h e voltar de manhã cedo.”

Vizinho de Adriane, o professor de história Marco Marinho, de 40, reforça o coro dos descontentes. “Só percebi interrupções do ruído no Natal e no réveillon. De dia, às vezes o barulho fica imperceptível, com o barulho dos carros. Mas imagine isso de madrugada. É muito chato. Você está vendo TV, assistindo a um filme, e fica esse ruído horroroso”, diz, tentando imitar o som emitido pelas dragas. “Até entendo a importância dessas obras, mas quem mora aqui sofre”, ressalta.

RECURSOS Ao ser comunicada das queixas, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou, por meio da assessoria de imprensa, que “todas as obras são realizadas de acordo com os licenciamentos obtidos”. Primeira etapa dos trabalhos de despoluição da Lagoa da Pampulha, o desassoreamento está orçado em R$ 109 milhões e abrange a execução de serviços de dragagem e de desidratação, transporte e destinação dos sedimentos removidos, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura. Ela foi iniciada em outubro de 2013, com término previsto em oito meses. As outras duas etapas da revitalização da lagoa são a recuperação da qualidade das águas, orçada em R$ 30 milhões, e a complementação do sistema de esgotamento sanitário da Bacia da Pampulha, em R$ 102 milhões.


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