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Estado de Minas

BH tem média de 20 acidentados com moto a cada dia

Número de vítimas de acidentes de moto atendidas na rede Fhemig denuncia riscos da escalada de desrespeito nas ruas. Desde 2012 foram 153 mortes no Hospital João XXIII


postado em 24/10/2013 06:00 / atualizado em 24/10/2013 06:43

Acidente com motociclista indica que trafegar pelo corredor, mais que despertar críticas de motoristas e pedestres, representa perigo para os próprios condutores de moto(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Acidente com motociclista indica que trafegar pelo corredor, mais que despertar críticas de motoristas e pedestres, representa perigo para os próprios condutores de moto (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)



Os atendimentos a pessoas envolvidas em acidentes com moto em Belo Horizonte dão a dimensão do risco do desrespeito às leis de trânsito. Dados da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) mostram que de janeiro a setembro deste ano 5.402 vítimas de acidente com motocicletas deram entrada em unidades da rede. A média é de 20 pacientes por dia, uma estatística que se mantém desde 2012, quando o número foi de 5.430 no período. Somente no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, 68 pessoas morreram em decorrência de acidentes com moto neste ano. No ano passado foram 85 óbitos.

Entre as vítimas, a predominância é de homens de 20 a 39 anos. Um deles foi o vendedor Mateus Vargas, de 23, que teve uma perna amputada ao ser atingido por um carro quando andava de moto, em 2012. Hoje ele reconhece os perigos de andar sobre duas rodas, mas admite que já foi muito imprudente e nervoso ao pilotar. “Quando estava estressado, chutava retrovisores dos carros quando levava uma fechada de motoristas no corredor. Nunca quebrei nenhum, mas já houve casos de a peça quase cair”, lembra. Mateus conta também que, mesmo buzinando muito para pedir passagem, sempre era surpreendido por pedestres atravessando no corredor, fora da faixa, e por pessoas que abriam as portas de carros no momento em que ele passava. “Já passei por muitos sustos e riscos”, diz.

Da escolha de transitar entre os carros, no entanto, ele não abria mão. “Eu não tinha medo de corredor. Passava entre carretas em rodovias e até com os carros em movimento, mas quando percebia que a via era segura. Agora, depois do acidente, vejo que há muita imprudência de todos no trânsito. Mas considero impossível proibir o tráfego de motos nos corredores”, diz o rapaz, que, com uma prótese na perna esquerda, já planeja comprar outra moto. “Agora vou ser mais cuidadoso e não vou mais correr o risco de andar entre os veículos.”

Quem está ao volante também percebe o estresse dos motociclistas. A motorista Camila Cristina, de 24, já foi vítima da impaciência deles e conta que uma vez, quando não deu passagem no corredor, o piloto chutou o retrovisor do seu carro. “Parece que eles estão mais nervosos. Perderam totalmente o respeito por quem está dirigindo”, afirma.

A dona de casa Maria José Soares, de 76, reclama do desrespeito de motociclistas com pedestres. Segundo ela, quando não há semáforo condutores de  carros tendem a parar para a travessia de pessoas, mas pilotos de  moto não costumam dar preferência. “Jogam em cima da gente e não nos deixam passar. Muitas vezes, cruzam entre os carros e só conseguimos vê-los quando já estamos atravessando”, diz a mulher, citando como exemplo de local arriscado a Avenida Abílio Machado, na Região Noroeste de BH.

O presidente da Associação Brasileira de Motociclistas, Lucas Pimentel, defende a regulamentação da passagem dos motociclistas por um corredor entre as faixas localizadas à esquerda e destinadas a veículos que transitam mais rapidamente. Segundo ele, o ideal seria manter a atual divisão, mas com pintura diferenciada, para a demarcação de espaço entre essas duas filas de trânsito.

Ele entende ainda que o tráfego entre as faixas mais à direita deve ser proibido e defende que, quando possível, sejam criadas faixas exclusivas. “É melhor um motociclista andar mais próximo do corredor, porque assim ele tem um campo de visão maior e evita acidentes como batidas nas traseiras dos veículos”, afirma. O representante dos pilotos frisa, no entanto, que qualquer comportamento hostil no trânsito é inaceitável. O Sindicado dos Motociclistas e Ciclistas de Minas Gerais foi procurado para comentar o assunto, mas ninguém foi encontrado.

PROJETOS Belo Horizonte já teve projetos de lei para tentar melhorar a segurança para motociclistas no trânsito. Um deles, de autoria do vereador Paulinho Motorista, tentou emplacar faixas exclusivas para veículos de duas rodas, em 2010, mas não foi aprovado na Câmara Municipal. O mesmo ocorreu em 2006, quando a tentativa foi da ex-vereadora Neusinha Santos. A ideia foi vetada pelo então prefeito Fernando Pimentel (PT).

Abusos no interior

A imprudência dos motociclistas é um problema sério também nas grandes cidades do interior e já se agrava em Montes Claros, no Norte de Minas. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a frota do município é de 173 mil veículos e mais de 40% são motos. Os motociclistas não obedecem à sinalização e aos limites de velocidade e fecham cruzamentos. Segundo o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), são em média 19 acidentes por dia na cidade, 90% com motos.

Tudo para evitar acidentes

 

Os órgãos de trânsito da capital paulista já tomaram providências para diminuir os riscos de acidentes com motociclistas. Criaram, entre os carros e a faixa de pedestres, bolsões para que as motos fiquem separadas dos demais veículos e possam arrancar antes na abertura dos semáforos. A medida, no entanto, não elimina o tráfego nos corredores, o que constitui infração, segundo o Código de Trânsito Brasileiro. A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo informa que não fiscaliza a conduta por falta de regulamentação do Departamento Nacional de Trânsito, mas que há monitoramento com radares para excesso de velocidade nos corredores. Na cidade há duas faixas preferenciais para motos: na Rua Vergueiro e na Avenida Liberdade, ambas no Centro.


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