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Estado de Minas

Grande BH precisa de rotas para salvar fauna e flora

Estudo do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) propõe a criação de linhas verdes entre o Parque Estadual do Rola Moça, o Monumento Natural da Serra da Moeda e a Área de Proteção Ambiental do Rio Manso


postado em 07/10/2013 00:12 / atualizado em 07/10/2013 07:13

Pedro Ferreira

 

Viaduto da Mutuca: projeto de lei deve criar debaixo da ponte uma
Viaduto da Mutuca: projeto de lei deve criar debaixo da ponte uma "linha verde" para os animais (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Só a criação de corredores ecológicos entre áreas de preservação ambiental poderá garantir a sobrevivência do que restou da fauna e da flora do ecossistema na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A avaliação é de especialistas, que veem no deslocamento de animais silvestres e na dispersão de sementes de uma reserva ambiental para outra a solução para evitar a extinção de espécies.

 Estudo do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) propõe a criação de linhas verdes entre o Parque Estadual do Rola Moça, o Monumento Natural da Serra da Moeda e a Área de Proteção Ambiental do Rio Manso. Em Nova Lima, levantamento para fundamentar projeto de lei que cria o Corredor Ecológico Vale do Mutuca propõe uma conexão física entre as bacias dos rios Paraopeba e das Velhas, entre o municípios de Brumadinho e Belo Horizonte, com caminhos para a preservação dos animais.

Autora da pesquisa de mestrado “Modelagem espacial de corredores ecológicos em paisagens naturalmente heterogêneas”, a bióloga Laís Jales, do Instituto de Geociências da UFMG, explica que entre o Rola Moça, Serra da Moeda e Rio Manso há trechos de dois grandes biomas do Brasil, mata atlântica e cerrado.

Segundo ela, há nesses biomas uma paisagem natural heterogênea, com diversos tipos de ambientes de florestas, de formações savânicas e campestres, que formam uma beleza excêntrica e biológica. “Como são vegetações distintas em área de transição ambiental, a formação de um corredor ecológico possibilita o fluxo gênico entre as diferentes espécies da fauna e da flora, com a troca de genes entre as espécies, e deve ser mantido para evitar o isolamento de populações e a extinção das mesmas, garantindo sua perpetuação a longo prazo”, disse a pesquisadora.

MAPEAMENTO As áreas estudadas por Laís Jales estão inseridas no perímetro de extração de minério e de empreendimentos imobiliários. Com os corredores ecológicos, segundo a bióloga, a paisagem verde será conservada. “A implementação de corredores é um ganho ambiental para a região, pois reduz os efeitos da fragmentação”, reforça.

Vários estudos foram feitos pela pesquisadora, entre eles o mapeamento do uso e ocupação do solo na região. Outros critérios ambientais também foram avaliados, como declividade e altitude. Ela considera seu trabalho diferente, pois, ao contrário de outros estudos, não busca apenas uma alternativa de caminho, mas cria vários corredores conectando as unidades de conservação. “Sabemos que o animal não percorre um único caminho. A criação de vários corredores dá a ele possibilidade de novos percursos de deslocamento”, explica.

Entre os principais beneficiados com o corredor estão o lobo-guará, a onça-parda e as aves que circulam pela região, conforme atestaram especialistas que apoiaram a pesquisa. Organizações não governamentais (ONGs) e entidades privadas passaram a adotar os métodos de preservação propostos pela bióloga, como forma de proteger os recursos naturais, e favorecer a dispersão das espécies e melhorar a qualidade de vida das pessoas. “Considero esse estudo muito importante e espero que sirva de auxílio aos tomadores de decisões”, disse Laís Jales.

Animais em fuga na MG-030

 

Uma cena que impressionou a presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Nova Lima, Ângela Lima (PMDB), foi a fuga dos animais silvestres devido a uma construção às margens da MG-030. “Eles tinham de correr para outro local para manter a vida”, disse. Ela explicou que as áreas a serem protegidas estão isoladas umas das outras e a sobrevivência dos animais é reduzida com a falta de comunicação entre uma região e outra.

A vereadora informou que a Associação para Proteção Ambiental do Vale do Mutuca (Promutuca) ainda não concluiu o pré-projeto para embasar projeto de lei municipal. “É proposta de lei complementar ao Plano Diretor. Vamos discutir a importância desse corredor ecológico em audiências públicas”, salientou.

Para o ambientalista e engenheiro Júlio Grillo, conselheiro do Movimento Promutuca, que contratou empresa para elaborar o estudo do corredor que liga as bacias dos rios Paraopeba e das Velhas, os caminhos ecológicos já deveriam ter sido definidos e delimitados há muito tempo. “Animais não podem se reproduzir em outras áreas, começa a ter a degeneração da espécie e ela acaba. Por isso tem de haver essa interligação entre as áreas de preservação”, disse. 


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