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Estado de Minas A VAGA NEM APARECEU E JÁ FICOU MAIS CARA

Vaga subterrânea para estacionamento em BH já tem preço nas alturas

Manobra da PBH em nova tentativa de atrair interessados em construir garagens subterrâneas eleva preço a ser cobrado de motoristas. Tarifa sobe de R$ 7,90 a hora para R$ 9, em média


postado em 24/09/2013 06:00 / atualizado em 24/09/2013 07:21

Rotativo lotado em quarteirão da Rua Guajajaras, uma das candidatas a receber as novas estruturas: prefeitura afirma que sistema, mais caro, vai substituir áreas de estacionamento nas ruas da capital(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Rotativo lotado em quarteirão da Rua Guajajaras, uma das candidatas a receber as novas estruturas: prefeitura afirma que sistema, mais caro, vai substituir áreas de estacionamento nas ruas da capital (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


As vagas para estacionamento subterrâneo em Belo Horizonte nem existem ainda, mas já ficaram mais caras. Antes mesmo da construção das garagens, que têm previsão para começar a operar no segundo semestre de 2015, a prefeitura da capital aumentou o preço máximo a ser cobrado dos motoristas, que passou de R$ 7,90 a hora para R$ 18 para período de duas horas. O valor médio por hora (R$ 9) representa salto de 13,9% na tarifa prevista inicialmente pela administração municipal. O preço se equipara ao cobrado pelo mercado, de R$ 9,19 por hora, em média, de acordo com levantamento do site Mercado Mineiro feito este mês em 72 estacionamentos da capital.

O aumento foi uma das estratégias adotadas pela prefeitura para tornar mais atrativa a licitação para a construção das estruturas. Depois que a concorrência aberta no ano passado não registrou interessados, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento lança na semana que vem novo edital para a concessão de nove estacionamentos subterrâneos . “Fizemos uma discussão técnica com consultores para tornar o projeto atrativo. Não houve interessados no último edital porque consideraram que o risco do investimento era alto demais”, afirma o secretário municipal de Desenvolvimento, Custódio Mattos.

Ele explica que pode haver diferença de valor entre a primeira e a segunda hora, desde que o total no período não ultrapasse os R$ 18. Outra mudança foi em relação ao direito de operação dos empreendimentos, que pulou de 30 para 35 anos. O número de estacionamentos caiu de 10 para nove, com a exclusão da Rua Oiapoque, por causa da implantação do transporte rápido por ônibus (BRT).

Além disso, a construção de quatro garagens passou a ser opcional. “Em uma primeira etapa, a empresa vencedora da concorrência terá que fazer cinco estacionamentos. Depois, caberá ao empreendedor a decisão de fazer ou não os outros quatro. Em caso negativo, a prefeitura abrirá nova licitação”, afirma Mattos. Mais um incentivo dado aos empresários é a redução do percentual cobrado pela prefeitura sobre as receitas acessórias, como bar e publicidade, de 10% para 5% da arrecadação, além do 1% sobre o estacionamento.

Um total de 2.354 vagas está previsto na primeira etapa, com a construção de garagens no subsolo da Praça Sete (Rua Tupinambás) e Avenida Álvares Cabral, próximo à Praça Afonso Arinos, ambos no Centro, além de vagas na Região Hospitalar, no Barro Preto, e na Rua Tomé de Souza, na Savassi. Neste primeiro momento, o investimento estimado é de R$ 220 milhões, média de R$ 93,5 mil por vaga. Na segunda etapa, estão previstas mais 1.541 vagas em quatro endereços: Praça Sete (Rua Espírito Santo), duas garagens na Savassi – nas ruas Paraíba e Fernandes Tourinho –, e próximo à praça da Assembleia. Nessa fase, o investimento é de R$ 140 milhões, ou R$ 92,4 mil por vaga.

A secretaria planeja para o segundo semestre de 2015 a entrega dos primeiros empreendimentos. De acordo com o edital, a obra deve durar no máximo 18 meses, sendo que o período de interrupção das vias deverá ser menor que 12 meses. Os prazos não contam o tempo para elaboração dos projetos executivos, que varia de 300 a 600 dias. O secretário explica que o vencedor da licitação será quem pagar mais pela outorga dos estacionamentos, com valor mínimo de R$ 8 milhões. “Esperamos ter interessados, pois não há nenhuma hipótese de viabilizar a obra sem o sistema de concessão”, ressalta Custódio Mattos.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)


Rotativo

De acordo com o secretário, a construção de estacionamentos subterrâneos não é uma política adotada pela prefeitura para gerar vagas, mas para reduzir o número de rotativos, que serão substituídos. Atualmente, a capital conta com 20.651 vagas físicas rotativas. Elas geram a possibilidade de 91.830 veículos estacionarem ao longo do dia.

Na avaliação do professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Minas Gerais Leandro Cardoso, a iniciativa reforça a cultura do automóvel. “Se, por um lado, libera área de estacionamento na superfície, por outro, continua a incentivar o uso de carros, pois não há política de restrição”, afirma. O professor defende as garagens no subsolo em situações específicas. “Elas devem existir apenas quando estiverem associadas a transporte de massa, nas proximidades de grandes estações de metrô ou do BRT, o que não é o caso”, afirma Cardoso, que põe em dúvida o sucesso do novo edital. “Pode atrair empresas, mas afastar o consumidor final, por causa do aumento do preço”, diz.


A ideia do estacionamento subterrâneo agrada aos motoristas que disputam vagas em regiões como a da Savassi, mas é exatamente o preço que desperta restrições entre os potenciais usuários do novo serviço. A médica Soraya Kumaira, de 53 anos, diz que a construção das garagens é “um sonho”, mas critica o valor proposto. “É um tanto salgado (R$ 18 por duas horas), já que atualmente pago R$ 3 pelo rotativo. E no shopping a hora fica em R$ 5, quando não tem promoção”, acrescenta.

O técnico em informática Renan Melgaço, de 25, também vê potencial no projeto, mas tem reservas quanto ao preço: “O valor proposto pode até ser compatível com o perfil de quem frequenta a região, mas não atende a maioria das pessoas que precisam estacionar no local”. O representante comercial Verinano Garcia, de 56, conta que estaciona com frequência na região, faz coro. “Pago em média R$ 6 por hora nos estacionamentos particulares. A ideia do estacionamento subterrâneo é excelente, mas não pode ser o contribuinte que vai financiar, pagando caro para estacionar. Se o preço for esse (R$ 18), prefiro usar o táxi.”

Para o empresário Wanderlei Peixoto, de 40, que esporadicamente estaciona na Savassi, o custo de execução do projeto em si é caro. “É preciso repensar se é viável tamanho investimento, quando consideramos o custo-benefício. Penso que a saída pode ser a melhoria da qualidade do transporte coletivo, para reduzir o número de carros em busca de vagas na área


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