Sandra Kiefer

“Como não ficar contente em trabalhar aqui? O povo brasileiro nos recebeu bem, apesar de ler algumas opiniões contrárias a nosso respeito”, avaliou a cubana Natasha Romero Sanchez, de 44 anos, fazendo questão de se expressar em português. Ela e a colega Luíza Malvina foram escolhidas entre a turma para conceder uma rápida entrevista coletiva no aeroporto. Malvina disse não ter percebido reações negativas por parte dos colegas médicos com quem fez o curso preparatório. “Ao contrário, eles são engraçados, bondosos e nos ajudaram a compreender o jeito do povo do Brasil”, afirmou.
Os profissionais de saúde devem começar a trabalhar o mais rápido possível, pois já estão passaram pelas três semanas de avaliação exigidas pelo Ministério da Saúde, em convênio com a Organização Panamericana de Saúde (Opas). Até quinta-feira eles devem receber as carteiras com o registro profissional no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG). Pelo menos, o pedido já foi protocolado há 15 dias, dentro do prazo regulamentar exigido pela medida provisória que criou o Mais Médicos.
JUSTIÇA
Para o caso de as carteirinhas não serem emitidas pelo CRM-MG, a Advocacia-geral da União (AGU) já preparou mandado de segurança preventivo contra o conselho, segundo informou o secretário nacional de Atenção à Saúde Helvécio Magalhães, presente à recepção aos médicos cubanos na capital. “A posição de alguns presidentes de conselhos está sendo repelida nacionalmente. A categoria médica percebeu que os cubanos estão chegando para dividir com eles a carga do SUS. Nosso programa se chama Mais Médicos e não Contra os Médicos”, informou.
Em entrevista ao Estado de Minas, em agosto, o presidente do CRM-MG, João Batista Gomes Soares, ameaçou cassar o documento e ainda mandar prender médicos estrangeiros que atuassem em Minas por exercício ilegal da profissão. Ele alegava que de acordo com a legislação, a carteira só poderia ser concedida por meio de exame nacional de revalidação do diploma e teste de proficiência no português.
