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Estado de Minas REFUGIADO DE GUERRA

Refugiado da Síria acha asilo em Santa Luzia

Jovem que fugiu de conflito na Síria acha abrigo e emprego em Santa Luzia e sonha com a paz e o reencontro da família


postado em 15/09/2013 06:00 / atualizado em 15/09/2013 07:51

O barulho das bombas ainda estremece o coração, o helicópteros corta a tranquilidade do sono e os gritos das mulheres surgem como fantasmas na noite. As lembranças são fortes, desesperadas e pontuam o cotidiano do refugiado sírio Shvan Frho, de 25 anos. Há um ano e dois meses em Minas, ele procura viver o cotidiano dos jovens de sua idade, mas sabe que precisará de tempo para curar as feridas da guerra civil que transforma o país do Oriente Médio em escombros e já matou mais de 100 mil pessoas. “Saí de um inferno e sinto falta da família. A Síria já acabou”, diz o rapaz que, muitas vezes, não consegue esconder a emoção pela distância da terra natal, das conversas na língua pátria e dos amigos que deixou. No Brasil, há 160 refugiados sírios, dos quais 10 em Minas, segundo o Consulado da República Árabe da Síria.


Shvan foi acolhido por uma família de Santa Luzia, onde é tratado como filho, e trabalha como soldador numa empresa de Contagem. Primogênito de uma família de seis filhos e natural de Hasaka Alhamraa, ele saiu de casa em busca de trabalho, diante da pobreza da família. O pai perdeu as terras nas quais plantava trigo e algodão e Shvan peregrinou por Homs e Damasco até chegar a Der Atya, onde conseguiu emprego num hotel.

De etnia curda e de religião muçulmana, Shvan gosta de ser tratado, na intimidade, pelo apelido curdo de Hvras (Ravrás, em português). “Lá ninguém podia pronunciá-lo, com medo de perseguições políticas, por isso gosto tanto de ouvi-lo no Brasil”, conta o jovem, ao lado da dona de casa Magda Aparecida Rodrigues Torres Barros, a quem chama de mama, e do filho dela, o engenheiro mecânico Felipe, de 27. “Um dia, apareceu por lá um grupo de 20 estrangeiros, entre eles um brasileiro, o empresário Antônio Carlos. Como eu falava inglês, conversamos e declarei minha admiração pelo Brasil. Ficamos amigos e sempre que ele retornava à cidade, nos encontrávamos.” Mas a barra se tornava cada vez mais pesada na Síria e o jovem decidiu pedir ajuda a Antônio Carlos. Diante da situação extrema, o brasileiro prometeu auxiliá-lo e, em Santa Luzia, conversou com a mulher Magda, com quem tem Felipe e três filhas.

CARINHO Na sala da casa, Shvan recebe o carinho de Magda. Ela conta que decidiu atender o pedido de Antônio Carlos de imediato. O sírio, por sua vez, conseguiu dinheiro emprestado com o tio parar custear a viagem ao Brasil. “Não aguentava ficar mais. Minha família se dividiu, uns foram para o Iraque, outros para a Europa e meus pais estão em Hasaka Alhamraa. Eu chorava sozinho, as bombas caíam a todo instante e as mulheres nas ruas.”

 Shvan desembarcou em São Paulo em julho de 2012 e Magda providenciou o translado para Confins e foi recebê-lo de braços abertos. “Acho que houve um entrosamento rápido, foi um amor da família à primeira vista”, revela a dona de casa, certa de que “foi uma vida que salvamos”. Ele agora tem a declaração do Conselho Nacional de Refugiados e a carteira de estrangeiro. Para conseguir emprego, fez curso de soldador.

Hoje, trabalha numa empresa em Contagem e frequenta o curso de português para estrangeiros no câmpus da UFMG, na Pampulha. “Quero ser tradutor.  “Não gosto de ver as reportagens sobre a Síria, as imagens mostram muito sofrimento. Estou, sempre que posso, conectado nas redes sociais.”

“Se voltar, vão colocar uma arma nos meus braços e mandar que eu mate irmãos”, observa o sírio. Ele não gostaria que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizasse uma intervenção militar na sua terra: “Podem tirar o presidente Bashar al-Assad do poder, mas, por favor, não atinjam a população”.  

SOLIDARIEDADE
Hoje, às 18h, na Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, em BH, o padre George Rateb Massis, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus dos Siríacos Católicos, celebra missa para a comunidade síria. “Estamos preocupados com a situação no meu país”, disse ontem o religioso, que participou de uma reunião em Brasília (DF). Desde julho de 2012, a convite da Arquidiocese de Belo Horizonte, os mineiros se mobilizam para ajudar a Síria. A campanha humanitária Juntos pela Síria arrecada recursos a serem enviados ao país do Oriente Médio. Em julho de 2012, o padre George, há nove anos no Brasil, viajou à terra natal levando as contribuições.

SERVIÇO
 Campanha Juntos pela Síria
– Banco do Brasil
– Agência: 3494-0
– Conta corrente: 30.351-8
– Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte


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