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Estado de Minas

População arruma alternativas para se livrar do trânsito caótico de BH

Do abandono do almoço em casa à decisão de pedalar para fugir do caos, quem precisa se deslocar por BH lança mão de criatividade e paciência enquanto obras e outras medidas para desafogar o trânsito não viram realidade


postado em 09/09/2013 06:00 / atualizado em 09/09/2013 08:14

"Há um ano e meio, eu saía às 7h e conseguia chegar às 7h30 à faculdade. Agora, pego o ônibus às 6h20 para chegar a tempo. Com as obras, as pistas se afunilam e confundem as pessoas" - Tâmara Cristina de Souza, de 25 anos, estagiária de farmácia (foto: Marcos Michelin/EM DA Press)

Estresse, ansiedade, raiva, tempo perdido, compromissos atrasados. O drama de quem depende do trânsito no dia a dia não tem fim. Enquanto o transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês), promessa para melhorar a qualidade do transporte em Belo Horizonte, não passa de um canteiro de obras e a polêmica implantação de rodízio de veículos e pedágio ainda está em discussão, muita gente se vira como pode e busca alternativas, como mudar horário e até o próprio estilo de vida para fugir do trânsito cada vez mais congestionado.

O analista financeiro Amaro Francisco do Nascimento Júnior, de 35 anos, se cansou de ficar parado em longas filas de carros no trajeto de ida e volta de casa, no Barreiro, para o trabalho, na Região Centro-Sul, e resolveu fazer parte do percurso de bicicleta. Há um ano, ele leva a mulher ao emprego, na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro Luxemburgo, deixa o carro em uma rua sem estacionamento rotativo, no Bairro Cidade Jardim, e segue de bike para o Bairro Santa Efigênia. A empresa onde Amaro trabalha fica no cruzamento das avenidas Brasil e Francisco Sales, região com grande movimento de pessoas e veículos. “Gastava tanto tempo para conseguir uma vaga no rotativo e parado no trânsito que decidi dividir o percurso usando a bicicleta”, conta.

Segundo Amaro, para estacionar eram quase 40 minutos e, no mínimo, mais 40 para chegar ao local onde hoje deixa o carro, após o expediente. “Em dias de chuva, a situação era ainda pior. Agora consigo fazer o percurso sempre no mesmo horário, com 15 minutos para ir e o mesmo tempo para voltar”, diz. Ele apoia quem pretende usar a bicicleta.

A estudante de farmácia Tâmara Souza, de 25, também teve que mudar a rotina para sobreviver ao trânsito em BH. A solução foi madrugar no ponto de ônibus para fugir dos congestionamentos das avenidas Portugal, Dom Pedro I e Antônio Carlos, no caminho para a UFMG: “Há um ano e meio, eu saía às 7h e conseguia chegar às 7h30 na faculdade. Agora, pego o ônibus às 6h20 para chegar a tempo. Com as obras, as pistas se afunilam e confundem as pessoas”.

A servidora pública Érika Dorze, que trabalha como assessora no Tribuna de Justiça, no Centro, ainda não abriu mão do carro, mas mudou sua rotina. Há um ano ela trabalhava das 8h às 18h e usava o intervalo para almoçar em casa, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste, e frequentar academia. “Começou a ficar muito corrido e estressante, porque o trânsito está cada vez pior. Agora faço tudo durante a manhã, entro no trabalho às 13h e vou até a noite”, afirma.

"Eu gastava tanto tempo para conseguir vaga no estacionamento rotativo e parado no trânsito que decidi dividir o percurso usando a bicicleta" - Amaro Francisco do Nascimento, de 35 anos, assistente financeiro (foto: Leandro Couri/EM DA Press)
Outra mudança foi o estacionamento. Depois de esperar vagas por até duas horas e meia no rotativo na Avenida Álvares Cabral, passou a pagar estacionamento particular. “Entrar e sair do Centro é muito difícil. Estacionar, então, é praticamente impossível. Até nos locais pagos é preciso esperar quase um ano para conseguir vaga”, garante. Érika é contra o pedágio e defende o rodízio de veículos, mas cobra mais investimento no transporte público. “ O ônibus seria a melhor solução para mim, mas não o uso por falta de segurança na rua e porque está sempre cheio e atrasado.”

Quem também teve de abrir mão de almoçar em casa foi o advogado Thiago Monteiro, de 30 anos, que mora no Bairro Itapoã e trabalha no Planalto, ambos na região da Pampulha. Pelo menor quatro vezes por semana ele vai a audiências no Tribunal de Justiça, no Centro, ou no Fórum Lafayette, no Barro Preto, quando não pode almoçar com a família.

“Muitas vezes tenho até três horas de intervalo entre uma audiência e outra, mas ir em casa e voltar fica inviável, por causa do trânsito. Sem contar que a gente nunca sabe se vai ser tranquilo ou um verdadeiro transtorno”, diz. Ele é contrário ao pedágio e ao rodízio, “Não adianta restringir o uso do carro particular, porque não temos transporte de qualidade. Se o rodízio for implantado nas atuais condições, por exemplo, as pessoas vão revezar o carro entre familiares ou amigos e até mesmo comprar outro carro”, avalia.


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