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Estado de Minas

Cardeal cotado para substituir Bento XVI fala em cartilha única da fé

Cardeal de Gana Peter Turkson diz que não enganar, não mentir e não roubar são mandamentos para serem aplicados por empresários e políticos


postado em 20/07/2013 06:00 / atualizado em 20/07/2013 07:03

O religioso visitou o Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, onde assistiu a uma missa(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
O religioso visitou o Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, onde assistiu a uma missa (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

 

Não enganar, não mentir e não roubar. Os mandamentos dirigidos aos homens de negócios servem perfeitamente aos líderes políticos, administrativos e de toda a esfera econômica. Esse é o pensamento do cardeal de Gana Peter K. A. Turkson que esteve dois dias em Belo Horizonte para participar do Congresso Mundial das Universidades Católicas (CMUC) e Semana Missionária, evento preparatório para a Jornada Mundial de Juventude (JMJ 2013) que começa terça-feira, no Rio de Janeiro (RJ), sob o comando do papa Francisco. Ontem, na PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste, o religioso que esteve cotado para ocupar o trono de São Pedro no último conclave e preside Conselho Pontifício para a Justiça e Paz do Vaticano, lançou o livro A vocação do líder empresarial – uma reflexão e falou sobre os recentes protestos de norte a sul do país: “Se há manifestações, é porque o bem comum não é realizado. A desigualdade provoca confusão”.

À tarde, na companhia do arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, o cardeal Peter Turkson visitou o Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na região metropolitana, e assistiu à missa das 15h na pequena ermida do século 18, onde está a padroeira de Minas. Na comitiva, estavam também os bispos argentinos dom Eduardo Tauss e Gregório Saez, os italianos dom Bruno Forte, Vincenzo Zani e Lorenzo Leuzzi, o boliviano dom Jorge Herbas Valderama e o bispo auxiliar de São Paulo, dom Julio Endi Akamine. Ao falar sobre a capital mineira, o ganês foi enfático: “Vejo muitos diamantes aqui, então ninguém deve pensar que não é importante, sem utilidade. Todos os estudantes são diamantes, embora a vida exija muito trabalho para se chegar a algum lugar”.

Turkson se mostrou tranquilo sobre a realização JMJ, que reunirá, durante seis dias, mais de 2,5 milhões de peregrinos católicos no Rio de Janeiro, palco de violentos protestos com atos de vandalismo. “A posição do papa Francisco não é de confronto, mais sim muito positiva em relação a todos os movimentos e manifestações, que, basicamente, pedem mais educação, mais saúde etc.”, afirmou, lembrando que “precisamos pensar sobre o bem comum, o coletivo. Eu não sei exatamente o que o papa vai dizer no Rio, mas adianto que nossa área no Vaticano é dedicada à pobreza, desigualdade e busca de paz. A vinda do papa mobiliza lideranças em torno do que é interesse de todos”.

Periferia da humanidade

Certo de que Francisco deu uma nova imagem à Igreja, Turkson explicou que, antes do conclave, em março, os cardeais se reuniram para muitas discussões. “Naquele momento, o cardeal Bergoglio (Jorge Mario Bergoglio é o nome de batismo de Francisco) nos convidou para conhecer a verdadeira periferia. Não apenas a periferia geográfica, mas a periferia da humanidade, e saber daqueles que estão sem teto, sem casa, sem nada. Ele contou, na época, que era nessa direção que deveríamos levar o evangelho. Foi por isso que, durante a páscoa, Francisco foi à prisão para lavar os pés de detentos. Essa é a nova mensagem, o apoio aos pobres”, disse o ganês. Ressaltou ainda a ida do pontífice a Lampedusa, no Sul da Itália, ponto de entrada para milhares de imigrantes da África que tentam chegar à Europa.

Simpático, bem-humorado e sem se esquivar de qualquer pergunta, o arcebispo de Cape Coast, em Gana, falou sobre a união civil entre homossexuais. “São realmente assuntos polêmicos, mas depende de como são apresentados. Alguns o mostram como novo senso de modernidade, então, se você é moderno deve agir desta maneira. É preciso destacar que a modernidade não é inimiga da verdade. A modernidade pode nos fazer levar uma vida melhor, mas não é capaz de modificar a essência de nossa natureza. Nós existimos como Igreja para acompanhar a humanidade ao longo da história”.

Um Belo Horizonte

Quando o beato João Paulo II (1920-2005) esteve em BH, em 1980, e celebrou missa na praça que ficou conhecida como Praça do Papa, afirmou, diante de 1,5 milhão de pessoas, ter enxergado um Belo Horizonte. Na sua breve estada na capital, Turkson entendeu o sentido do “beautiful horizon”, conforme traduziu para o inglês, e destacou que há dois aspectos contidos no nome. “O primeiro é que há Belo Horizonte para a universidade e Belo Horizonte para a população. Contam que fazendeiro procurava diamantes em suas terras e não encontrou, pois não sabia que, em estado bruto, ele é o carbono. Porém, quando cortado e lapidado, a pedra vira o brilhante vendido nas lojas. Assim, todos os estudantes nas universidades devem saber que eles são diamantes em estado bruto, que precisam ser lapidados e trabalhados para se tornarem a pedra preciosa. O tempo na universidade é de lapidação.”

O segundo horizonte descrito pelo cardeal se refere ao povo brasileiro. “Eu venho de Gana, na África. Se olharmos o mapa, vamos ver que meu país está na direção do Brasil, famoso mundo afora principalmente pelo futebol. Esperamos que o Brasil ganhe outro tipo de fama, pois tem tudo para ser uma superpotência. Tem grande mercado doméstico, recursos naturais e muitas universidades para desenvolver ideias”, disse.


Peregrinos em defesa da vida

A Semana Missionária de Belo Horizonte tem hoje um dos seus pontos mais importantes. Com concentração a partir das 14h, na Praça do Papa, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, haverá a caminhada pela Avenida Afonso Pena até a Praça Rui Barbosa (Estação), com milhares de peregrinos, tendo como bandeira o tema A Juventude quer viver. Segundo os organizadores do evento (veja a programação) que antecede a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), trata-se de um grito contra as drogas e em prol da recuperação de tantos envolvidos com crack e outras substâncias químicas.

Segundo o bispo auxiliar e coordenador da Comissão da Semana Missionária, dom João Justino de Medeiros, a Semana Missionária, que termina amanhã, vai deixar três tipos de legado: pessoal, pela participação que marcará cada brasileiro e estrangeiro, por estarem no meio da multidão católica e perto do papa Francisco; eclesial, pela chance que cada jovem terá de oferecer sua contribuição à Igreja; e social, pela valorização da sociedade pelos cristãos. “É uma caminhada, a favor da vida, e este sentimento estará presente. Trata-se também de um incentivo à recuperação de quem está no mundo das drogas e fortalecimento das fazendas que prestam esse serviço”, disse o bispo auxiliar.

A BHTRANS implanta hoje e amanhã, das 11h às 22h, intervenções viárias nas imediações da Praça do Papa e Praça da Estação. Segundo técnicos do órgão municipal, as alterações têm o objetivo de garantir mais segurança aos motoristas e pedestres, além de dar fluidez ao trânsito da região. Hoje haverá interdição da Rua Juventino Dias e trecho da Avenida Agulhas Negras entre a Rua Américo Werneck e a Praça do Papa, no sentido Bairro/Centro. Trânsito local na Rua Professor Lourenço Menicucci Sobrinho, entre as ruas Mário Tourinho e Juventino Dias, e Rua Professor Otávio Magalhães, entre as ruas Arquiteto Rafaello Berti e Juventino Dias.

Congresso Mundial de Universidade Católica atraiu atenção de centenas de jovens(foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A PRESS)
Congresso Mundial de Universidade Católica atraiu atenção de centenas de jovens (foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A PRESS)
Também com o atração do fim de semana, na PUC Minas, no Coração Eucarístico, ocorre o Congresso Mundial de Universidades Católicas, com a presença de 2,5 mil gestores em educação, professores, estudantes e outros. Ontem, houve as conferências Desafios para a educação católica no novo milênio, com Michael James (EUA); Fé e crise de sentido, com dom Bruno Forte (Itália) e padre João Batista Libânio (Brasil); Espiritualidade e comunicação, com o padre Antonio Spadaro (Itália) e jornalistas Beatriz Castro (Brasil), além de debates, shows e feiras.

PROGRAMAÇÃO
HOJE

Manhã – Celebração eucarística, atividades missionárias e Giro Cultural nas paróquais
Tarde – Caminhada A Juventude Quer Viver, com concentração na Praça do Papa (14h); 14h40 – Show com Zé Vicente, na Praça do Papa; 16h – Caminhada pela Avenida Afonso Pena até a Praça da Estação com show da Tribo Maranata e DJs; 18h – Oração do rosário rezada em diversos idiomas na Praça da Estação; 19h – Show com Ministério Canção do Espírito na Praça da Estação
amanhã
Manhã – Ofício Divino e tempo livre nas paróquias
Tarde – Encerramento da Semana Missionária na Praça da Estação, com show de Alessandra Salles (14h); apresentação artística (15h30); celebração eucarística (16h30) e show de Celina Borges (18h).


TRÊS PERGUNTAS PARA PETER K. A. TURKSON, Cardeal de Gana

1) Quais são as suas expectativas em relação à Jornada Mundial da Juventude?

Basicamente, que tudo ocorra de acordo com o  previsto pelo Vaticano. Estamos celebrando o Ano Internacional da Fé e da nova evangelização. Então, a realização da JMJ, no Rio, acontece dentro deste contexto. Esta é a primeira viagem do papa Francisco fora de Roma, por isso é grande a expectativa.

2) Qual será, portanto, a mensagem do papa Francisco?
Será um ótima oportunidade para se fortalecer a fé entre os jovens. Há, no Brasil, uma população católica numerosa, que já foi superior a 80% e hoje é menor, está na faixa dos 60%. Então, algo precisa ser feito. A mensagem principal é realmente fortalecer a fé entre os jovens e há uma importância muito grande de renovar a fé.

3) Há milhares de jovens envolvidos com drogas, principalmente o crack. Como o senhor vê esta questão?
Na sua viagem ao Brasil, o papa vai olhar muito para esse lado e a questão está nos seus planos. É o seu estilo, trata-se da periferia da humanidade. Para o evangelho, essas pessoas não estão excluídas do amor de Deus. É bom lembrar que a Igreja não é só o papa e as pessoas que estão em Roma –a Igreja é de todos nós, que acreditamos em Deus. Então, não é só o papa que deve levar a mensagem do evangelho para os jovens dependentes de drogas, mas todos no Brasil devem fazer isso.


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