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Estado de Minas

Médicos correm para carimbar o diploma pela UFMG

Dispara a procura de médicos formados no exterior pela revalidação do diploma pela UFMG. Oferta de trabalho a estrangeiros ajuda a explicar aumento de 250% na demanda


postado em 16/07/2013 06:00 / atualizado em 16/07/2013 07:05

Em meio à polêmica sobre a atuação de médicos estrangeiros no país, o processo de revalidação de diplomas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sinaliza uma corrida de profissionais formados no exterior para o Brasil. Balanço das inscrições revela crescimento de 250% do número de candidatos, que passou de 292 no ano passado para 1.036 este ano. A UFMG é uma das instituições que não aderiram ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida), principal forma de reconhecimento do título. A previsão é de que o salto registrado na federal de Minas se repita no Revalida, que está na terceira edição e abriu ontem as inscrições.


Nas duas últimas edições da prova da UFMG, a média de aprovação foi de apenas um quinto dos candidatos (20,7%). Apesar de baixo, o percentual é quase o dobro do registrado nos dois testes do Revalida (9,5%), que no ano passado teve 884 inscritos. “Os conteúdos são aqueles que exigimos de um recém-formado da universidade. Nossa prova é justa, os próprios candidatos comentam isso”, explica o presidente da Comissão de Revalidação de Diploma Médico Estrangeiro da UFMG, André Cabral. A prova é aplicada em três etapas.

Cerca de 9% dos inscritos já são eliminados na primeira etapa, a análise de documentos. A segunda etapa, marcada para 3 e 4 de agosto, inclui parte teórica, e a última, prova prática de habilidades clínicas. Aproximadamente 60% dos candidatos ao exame da UFMG deste ano são brasileiros que estudaram no exterior. Mais da metade dos participantes (55,8%) se formaram em instituições de ensino da Bolívia. Outra parcela importante dos candidatos conquistou o diploma em Cuba (9,4%) e no Paraguai (8,0%), mas há inscritos de 33 países, incluindo Macedônia, Síria e Ucrânia.

O balanço indica ainda que a maior parte dos inscritos mora em São Paulo (26,8%), em Mato Grosso do Sul (7,4%) e no Acre (7%). A explosão de procura pelo teste é uma surpresa para André Cabral. Para ele, a simplificação da inscrição, que no ano passado deixou de ser presencial, pode ter contribuído para o aumento da procura. “Os candidatos vão sabendo aos poucos dessa facilidade. Além da credibilidade da UFMG, outro fator é adesão de muitas universidades ao Revalida, diminuindo as opções dos candidatos”, afirma.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, acredita que a intenção do governo federal em abrir o mercado para estrangeiros e a ampla divulgação da falta de profissionais no país tenha relação com o aumento da procura. “Já há algum tempo que o governo tem deixado explícita a intenção de facilitar a entrada de diplomados do exterior. A maior parte são brasileiros que se formaram na Bolívia, em instituições mais fáceis e baratas”, afirma Ferreira.

Na semana passada, o Ministério da Saúde lançou o Programa Mais Médicos, que entre outras ações autoriza a atuação de estrangeiros sem o Revalida. Nesse caso, o profissional terá seu trabalho supervisionado por universidade pública e secretarias estaduais e municipais de Saúde, e só poderá atuar no local determinado pelo programa. “Tudo isso estimula a vinda para o Brasil. Nosso receio é de que, com isso, seja permitida a atuação de quem não esteja capacitado para trabalhar aqui”, reforça Ferreira.

REVALIDA

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirma que uma pesquisa interna feita com base em dados do Revalida mostra que as questões cobradas estão adequadas. Ao todo, 37 instituições de ensino públicas aderiram ao exame, cujas inscrições ficam abertas até o dia 30. A primeira etapa será aplicada dia 25 de agosto, em 10 capitais. A primeira fase é composta de 110 questões de múltipla escola e por cinco discursivas.

Na segunda etapa serão avaliadas as habilidades clínicas, em que os participantes simulam atuação em situações reais de atendimento médico. Este ano, como forma de avaliar melhor a metodologia e conteúdos, os estudantes que estão concluindo o curso de medicina no Brasil vão passar pela primeira etapa do exame, em caráter de teste. Foram selecionadas 32 das 144 instituições de ensino superior particulares e públicas que oferecem o curso, com 3.745 dos 13,8 mil futuros médicos. “Nosso objetivo não será o estudante, mas avaliar de maneira mais consistente o Revalida”, afirma Costa.


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