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Estado de Minas

Prédio mais alto da capital é mirante para a região central

Edifício Acaiaca, com 120 metros de altura, oferece visão privilegiada e revela belezas e problemas da capital


postado em 26/05/2013 00:12 / atualizado em 26/05/2013 08:38

 Não é fácil chegar ao alto do Edíficio Acaiaca, que pode ser reconhecido pelas carrancas de índios esculpidas na fachada de cimento cru, em exposição na esquina de Avenida Afonso Pena com Rua Espírito Santo. Exatos 70 anos depois da construção, em 1943, o prédio continua sendo o mais alto de Belo Horizonte, com cerca de 120 metros.

Primeiro, é preciso enfrentar 25 andares de elevador (superiores em altura aos 36 andares do Edifício JK, com 100m aproximadamente). Apesar de manter o design antigo, com arabescos dourados, a engrenagem das máquinas surpreende. A subida é rápida e inspira segurança. Ao transpor o primeiro portão, lê-se na placa de ferro fundido: Administração do Condomínio do Edifício Acaiaca.

Na recepção, é necessário assinar um protocolo, sob a supervisão de um segurança encarregado pelo síndico de vigiar os visitantes durante todo o percurso. É sabido que o Acaiaca já foi palco de inúmeras tentativas de suicídio, consumadas ou não. O homem parece tenso, evita dizer o próprio nome e alega que os funcionários são proibidos de dar entrevista.

Depois de atravessar o pórtico da administração, surgem 37 degraus e quatro portões, no caminho até o telhado. Dois deles estão trancados à chave e os outros dois a cadeado. No último obstáculo, o rangido da porta se abrindo e a ruga profunda na testa do encarregado indicam que o fim está próximo. De repente, a escada torna-se estreita, lembrando o acesso ao campanário de uma igreja. São quatro lances de oito degraus cada um.

É preciso coragem e fôlego para dar conta da escalada ao topo do Acaiaca. Estamos quase lá. A escada chumbada na parede dá acesso ao alçapão. Só mais 12 degraus. Lá em cima, uma espécie de pirâmide de vidro oferece a última proteção ao visitante. Acabou. Vencidas todas as barreiras, apenas uma grade estreita, pintada de branco, nos separa do céu de Belo Horizonte. As pernas tremem, instintivamente. Dá vertigem.

Lá embaixo, a cidade ficou pequena. O Pirulito da Praça Sete parece caber entre o polegar e o dedo indicador. Formiguinhas correm para cá e para lá, freneticamente. Atravessam a faixa de pedestres da Avenida Afonso Pena. O Parque Municipal lembra um pulmão verde para a cidade, mas está sufocado entre prédios espetados no entorno. Ao fundo, céu e montanhas azuis.

Zonzo de tanta beleza, o porteiro quebra o silêncio regulamentar: “Daqui, a capital mostra toda a sua boniteza. Por outro lado, tudo isso me lembra estresse, agitação, trânsito. Prefiro a tranquilidade das pequenas cidades do interior”.

A pobreza desvelada

Nem só do bom e do belo vive a capital vista de um ângulo superior. Nos telhados, marquises e coberturas de pontos de ônibus, há uma cidade oculta que muitos moradores de BH ignoram. Um dos inesperados encontros fica bem ali, na Praça Sete, no quarteirão fechado entre as ruas Carijós e São Paulo. Cerca de 15 adolescentes e jovens moradores de rua dormem em cima da marquise revitalizada, em forma de meia-lua, a uma altura de cerca de quase 4 metros do chão. “Não tem adulto aqui, não. Tem de ser jovem para conseguir subir na árvore e chegar lá em cima”, diz M., de 23 anos. Segundo ele, apesar da altura, é mais seguro cochilar na marquise do que na rua.


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