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Estado de Minas

Mirante da Mangabeiras é um palco sem cortinas


postado em 26/05/2013 00:12 / atualizado em 26/05/2013 09:18

Tiago de Holanda

 Nas cidades banhadas por mar, a praia surge como principal destino de quem quer fugir do corre-corre rotineiro – engarrafamentos, buzinas, horários, contas a pagar. Na capital mineira, entremeada e margeada por morros e montanhas, alguns dos refúgios mais cobiçados ficam no alto. Um deles está meio escondido, à beira do Parque da Serra do Curral. No Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, basta subir a Rua Alcides Pereira Lima, virar à direita em uma rotatória e seguir pela Rua Ministro Vilas Boas até o final, onde há uma pracinha circular. É dali, à beira de uma ribanceira, que os frequentadores observam um silencioso tecido de prédios se estender sob o céu.

 

O mirante é rodeado por área verde e não tem postes de iluminação. À noite, quando a linha do horizonte se esvai, o local cairia em absoluta escuridão, não fossem o luar e carros com faróis acesos. É até melhor assim, na opinião das poucas pessoas que passam por ali. “Aqui é gostoso pra pensar. Não tem aquela confusão, barulheira que é o dia a dia. Nem parece que estamos na mesma cidade”, diz a estudante de pedagogia Emanuele Mateus, de 28 anos. Em uma noite de sexta-feira, ela chegou à pracinha acompanhada de quatro colegas, todos da mesma universidade. De vez em quando, depois das aulas, o pessoal dá um tempo por ali.

 “É bom para espairecer, bater um papo, ficar à toa”, diz o futuro administrador Marcos Lima, de 28. Apontando para um lado, um deles arrisca: “O Mineirão é aquele ali, ó”. Outro entra no jogo: “Acho que a lagoa é aquele vão preto”. O estudante de ciência da computação Leonardo Oliveira, de 23, parece absorto. “Você imagina cada janelinha, várias vidas que estão rolando. Você começa a pensar um monte de coisas. É um lugar bom pra reciclar as ideias, pensar sobre si mesmo. Você esquece do mundo, fica só viajando”. Filosofia estimulada por esse palco sem cortinas que oferece um espetáculo a cada dia, em Belo Horizonte. Resta conhecer. E aplaudir.


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