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Estado de Minas

No Dia Mundial de Combate à Obesidade, o alerta vai para as crianças


11/10/2012 07:30

"Percebi que a gente come com os olhos e que dava para controlar, sem deixar de comer o que eu gosto. Emagrecer não exige sofrimento, só determinação" - Thiago Silva Faria, 13 anos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Não foi preciso retirar totalmente o bolo de chocolate e a batata frita do cardápio. Os novos hábitos exigiam alimentação regrada e atividades físicas. O começo foi difícil, claro, mas Thiago Silva Faria, de 13 anos, percebeu que exagerava na quantidade mesmo quando estava satisfeito. Ele já havia procurado aulas de esportes, mas não levava a sério a necessidade de reduzir parte dos 79,9 quilos. O colesterol alto no início do ano assustou e ele decidiu procurar ajuda. Com muita força de vontade passou a cumprir as orientações e mostrou que é possível perder peso.

Foram cinco meses até subir na balança e comemorar os 16 quilos perdidos. Há dois meses, ele mantém sozinho a dieta e os exercícios diários de spinning e musculação. Hoje, Dia Mundial de Combate à Obesidade, especialistas alertam que o problema, tanto em crianças quanto em adultos, está virando uma epidemia no Brasil. De acordo com dados do IBGE, em pesquisa feita em 2008 e 2009, entre jovens de 10 a 19 anos, 21,7% estão com peso acima do ideal para meninos e 19% para meninas. O início da infância é preocupante: 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso. Em números absolutos, são 5,7 milhões de crianças entre 5 e 9 anos e 6,8 milhões de adolescentes entre 10 e 19 anos com sobrepeso ou obesidade no país.

“Eu sabia que precisava emagrecer, ficava preocupado quando saía do médico e conversava com minha mãe sobre o que precisava mudar, mas brigava com ela para comer um pedaço de bolo depois. Tinha preguiça de fazer esporte e preferia dormir”, conta. “Até que percebi que a gente come com os olhos e que dava para controlar, sem deixar de comer o que eu gosto. Emagrecer não exige sofrimento, só determinação. Você não tem que fazer pelos outros, mas para seu próprio bem. Aprendi a regrar a quantidade e hoje estou satisfeito, com mais qualidade de vida.”

EM CASA

 

A mãe, Carmélia Barbosa Silva da Gama, de 40, diz que Thiago sempre foi gordinho. A empresária lembra que cortava doces, refrigerantes e fritura ao longo da semana, mas, com ela trabalhando fora, ele dava um jeito. Matriculado em esportes, ele dizia que ia. Mas só dizia. “Thiago usava o dinheiro da mesada e do lanche da escola para comprar besteira. Encontrei algumas vezes biscoito recheado escondido no armário ou debaixo da cama. Eu me preocupava, levei a médicos e coloquei na natação e depois no vôlei. Mas ele dizia que ia e acabava faltando, por preguiça”, conta. “Precisou ele criar consciência disso.”

Thiago diz que nunca sofreu pressão dos amigos da escola, mas a mãe revelou que uma professora de educação física, no início do ano, falou o peso dele em voz alta, na frente dos colegas. “Ele ficou muito bravo. Acho que pode ter partido daí.” O menino pediu ao pai que o levasse a uma reunião de um grupo de emagrecimento e agora sente-se bem.

E é com a ajuda da família, primeiramente, que crianças e jovens precisam contar. Para a endocrinologista e metabologista Roberta dos Santos Rocha, coordenadora do Ambulatório de Obesidade Infantil da Santa Casa de Belo Horizonte, o que mais dificulta o tratamento e combate ao excesso de peso é a conscientização da família. “Uma criança é obesa porque a família toda tem hábitos inadequados, é um reflexo da casa. Às vezes ela não procura ajuda porque os pais não tomaram consciência do problema”, afirmou Roberta. E, segundo ela, não há diferença de classe social ou econômica: “Tanto no SUS quanto no consultório particular não há diferença. A obesidade infantil se tornou uma epidemia mundial, um problema de saúde pública. Os números são alarmantes”.

Para conseguir que o ponteiro da balança desça, a primeira dica da especialista é mudar os hábitos da casa e procurar ajuda para isso. “Não adianta cobrar da criança se a compra é inadequada, se ninguém da casa faz atividade física, se compra muitas guloseimas”, afirmou. E que eles iniciem a partir do nascimento. “Têm crianças com menos de 1 ano viciadas em refrigerante, com peso igual ao dos 4 anos. Ela vai crescer achando que aquele consumo é normal”, contou a médica. Roberta ainda alerta que não adianta achar que o excesso de peso infantil é um problema hormonal. “Menos de 1% dos casos se deve a um problema genético ou hormonal. Pode acontecer, mas a maioria se deve ao consumo de alimentos calóricos e sedentarismo.”


FIQUE ATENTO


A endocrinologista e metabologista Roberta dos Santos Rocha dá algumas dicas para os pais ajudarem os filhos a mudar hábitos e emagrecer
– Observe se a criança está ganhando peso rapidamente. Se isso acontecer, procure um endocrinologista para fazer uma avaliação física e calcular o índice de massa corpórea
– A mudança do hábito alimentar começa no supermercado
– Evite comprar refrigerante, que é o grande vilão da alimentação
– Não estoque em casa biscoitos recheados, guloseimas, balas, doces, chocolates
– Não é preciso ser radical. Permita essas guloseimas no fim de semana, mas que seja exceção e não hábito
– Pratique atividade física aeróbica pelo menos três vezes por semana. Com o tempo, a criança vai tomar gosto
– Procure uma atividade que seja feita em grupo. A interação com outras crianças incentiva a prática
– Incentive hábitos alimentares saudáveis desde o nascimento
– A escola é uma extensão da casa, por isso se esforce para preparar o lanche do seu filho. Priorize frutas, sanduíche natural, barrinha de cereal e suco natural. Assim ele evita comprar alimentos calóricos na cantina


PALAVRA DE ESPECIALISTA: ANA CAROLINA C. ANGRISANO, NUTRICIONISTA ESPORTIVA


“Paciência, persistência e criatividade”
“A obesidade infantil é uma doença que tem afetado negativamente a vida de várias crianças. O crescente sedentarismo e hábitos alimentares pouco saudáveis podem causar, além do aumento de peso, sérias patologias, como pressão alta, alterações nos níveis de colesterol, triglicérides e glicemia. O tratamento para o sobrepeso e para a obesidade infantil consiste principalmente em um controle alimentar feito de forma personalizada e exercícios físicos adequados para a faixa etária e interesses de cada criança. Os pais são responsáveis por guiá-las por um caminho mais saudável e ativo. Para proporcionar uma boa alimentação é muito importante ter paciência, persistência e criatividade. A criança precisa aprender a importância de se alimentar corretamente e os pais devem sempre ressaltar a importância de comer de forma equilibrada para crescer, manter a saúde, contribuir para o desenvolvimento e evolução como um todo. Estimular a alimentação saudável com pratos bonitos, variados e coloridos é uma forma lúdica de estimular a criança a melhorar sua alimentação e ainda fazer controle do peso.”


FESTA DO DIA DA CRIANÇA

Pela quinta vez consecutiva, a TV Alterosa e o Serviço Social do Comércio (Sesc-MG) se unem para oferecer uma grande festa no Dia das Crianças. Amanhã, a Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, será transformada num imenso playground, com diversão garantida para a criançada. Entre as atrações da programação, das 10h às 15h, malabaristas, foto estúdio jornal Aqui, miniestúdio TV Alterosa, espaço Guri, presença de artistas e músicos, pula-pula, cama elástica, water ball, zona game (com consoles XBox 360) e bungee jump. A bancada democrática do Alterosa Esporte estará presente e vai participar das brincadeiras com o público. O Jornal da Alterosa 1ª Edição será transmitido do local, com apresentação de matérias especiais. O evento é gratuito e são esperadas cerca de 15 mil pessoas.


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