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Estado de Minas

Cavaleiros percorrem 130 quilômetros para homenagear Nossa Senhora da Piedade


postado em 12/03/2012 08:00

(foto: Renato Weil/EM/D.A Press.)
(foto: Renato Weil/EM/D.A Press.)

A lua ainda brilhava quando os 40 cavaleiros chegaram ao sopé da serra. O vento gelado, a neblina densa e a escuridão do fim da noite em nada serviam para desanimar a tropa, que saíra às 6h de sábado de Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para cruzar 65 quilômetros de trilhas, passando por fazendas, e chegar ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, onde está a imagem da padroeira de Minas. Por volta das 5h, eles começaram a subir a “montanha sagrada”, como fazem questão de chamar a Serra da Piedade, repetindo a romaria, sempre na quaresma, que completa 12 anos e reúne homens de várias gerações, incluindo crianças.

À frente dos cavaleiros, Vicente de Paula Souza, o Paulinho, de 63 anos, exausto pelo trajeto, mas ainda movido pela adrenalina de viagem tão longa, lembrava momentos emocionantes dessa e das romarias anteriores. “Desde a infância a gente vem aqui, podia ser de carro, ônibus, a pé ou de moto. Meu pai, Sebastião Quirino, já falecido, era um entusiasta da peregrinação e herdei o seu gosto. Em 2001, decidimos fazer o trajeto a cavalo e, a cada ano, conseguimos juntar mais amigos”, recorda Paulinho, vestido com um colete na cor laranja para garantir segurança no trecho mais perigoso, que são os 600 metros na rodovia BR-381.

À medida que subia a serra, o semblante dos cavaleiros ia mudando, assim como a paisagem se alterava. Os primeiros raios de sol e os rasgos de céu claro davam vida nova à turma, que passara a noite acampada numa fazenda, à moda dos ranchos dos antigos tropeiros, com muita moda de viola, pinga da roça para espantar o frio, churrasco para dar energia e cobertor pesado, porque ninguém é de ferro. “É um roteiro muito cansativo, mas vale a pena. Preferimos essa época pois não chove e os caminhos estão secos, além de não ser tão gelada como o meio do ano. Graças a Deus nunca ocorreu nenhum acidente e temos um carro de apoio nos acompanhando o tempo todo”, conta Paulinho com satisfação, na companhia do filho Túlio, de 17.

As constantes idas em grupo à Serra da Piedade, monumento espiritual, paisagístico e histórico, mostra que a solidariedade é fundamental para tudo dar certo. “Fazemos a viagem porque gostamos, mas é preciso atenção e cuidado. Costuma o arreio afrouxar, então é preciso socorrer o amigo. Da mesma forma, o cavalo pode cansar, então trazemos outro para substituí-lo. Cada um ajuda o outro, pois ainda teremos mais 65 quilômetros na volta para casa, dessa vez viajando direto. Durante o fim de semana, comemos, dormimos e vivemos como tropeiros, saindo completamente da rotina”, explica o advogado e perito criminal Paulinho.

ENQUANTO ISSO
..PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA

Nos domingos que antecedem a semana santa, a Serra da Piedade, em Caeté, recebe cerca de 2,5 mil pessoas que fazem orações e preparação para a Páscoa, diz o reitor do santuário, padre Nédio Santos Lacerda. São comunidades religiosas, estudantes e católicos que chegam em comitivas vindas de várias cidades. Ao dar a bênção aos cavaleiros, padre Nédio ressaltou que uma viagem de sacrifício assim é uma notável demonstração de fé. O projeto de revitalização do santuário, iniciado em 2010, está tendo continuidade, e o próximo passo será a restauração da ermida, já com aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


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