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Estado de Minas

Cidade mineira tem lagosta que vem do rio, de açudes e cachoeiras


postado em 19/02/2012 08:21 / atualizado em 19/02/2012 08:35

Embora pertença a outra família, o animal tem gosto bem parecido ao de sua similar do litoral(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Embora pertença a outra família, o animal tem gosto bem parecido ao de sua similar do litoral (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
 

Não é conversa de pescador: na cidade de Resplendor, no Vale do Rio Doce, a lagosta vem do rio, de açudes e cachoeiras, e não do mar. Além da semelhança física com o crustáceo tradicional, nascido e criado no oceano, também a lagosta-de-água doce, como é conhecida, tem a casca laranja depois de cozida, carne de cor branca e o gosto muito parecido com o da servida no litoral. Palavra de quem pesca e prepara pratos com o ingrediente e também dos que já provaram a iguaria. No entanto, não são aparentadas, como explica Fábio Vieira, biólogo e doutor em ecologia. “Elas pertencem a famílias distintas e, portanto, são de espécies também diferentes. A de água doce é da família Palaemonidae e da espécie Macrobrachium carcinus. A do mar, da família Palinuridae, espécies Panulirus argus e P. laevicauda, mas confesso que o sabor é bastante semelhante.” Ou seja, na ponta do garfo, a diferença é praticamente imperceptível.

No Restaurante, Churrascaria e Pizzaria Gilmar, em Resplendor, a lagosta-de -água-doce é a base para a moqueca (veja receita na página). Como cada crustáceo tem, em média, 100g (depois de retirada a cabeça), o prato leva de quatro a cinco unidades e é comercializado por R$ 80. “Vendo como se fosse individual, mas serve de duas a três pessoas”, avisa o proprietário da casa, Gilmar Lopes Nágime.

A moqueca faz sucesso e está no cardápio fixo há 25 anos. Tradicional, a receita é de preparo simples e vai para a mesa acompanhada de pirão feito com o caldo de cozimento da lagosta e arroz branco. “Um detalhe é o cuidado com o tempo de panela: o crustáceo não pode cozinhar demais, senão endurece. Deve ser retirado do fogo logo depois de o caldo ferver um pouquinho.” Gilmar revela ainda que o animal vai quase inteiro para o refogado. “Retiro apenas a cabeça, deixo todo o resto (patas e carcaça). Essa técnica confere mais sabor e embeleza a receita”, sugere.

(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Caseiras

Gilmar conta ainda que a oferta da lagosta-de-água-doce já foi mais abundante na região. Atualmente, pequena quantidade vem dos braços de rio locais. A maioria é “importada” de Manhuaçu (MG) ou Linhares e Mascaranha, já no Espírito Santo. Benilde Madeira, pescador há 20 anos, residente em AImorés, também na região do Vale, confirma a informação. “Atualmente, o dia de pesca não rende mais que 1kg. Depende da lua, do tempo bom ou chuvoso, da temperatura, de a água estar limpa ou suja e outras variáveis.”

Para fisgar a lagosta, ele usa um tipo de armadilha de fabricação artesanal conhecida como jequi. Conta que deixa a gaiola dormir no fundo da água, em locais próximos a pedras e cachoeiras (habitat preferencial do crustáceo, que “gosta de água corrente, bem oxigenada” e “só sai da toca durante a noite”). Para atrair as presas, usa como iscas polpa de coco, milho verde, mandioca e cascudo (peixe apreciadíssimo por elas). Vale ressaltar que, embora haja criatórios na região destinados a outro crustáceo de água doce, o camarão-da- malásia, no caso da lagosta a reprodução em cativeiro não funciona. “Ela é um animal territorialista, agressivo, e não vive em ambientes adensados”, destaca o biólogo Fábio Vieira. O especialista ressalta ainda que a espécie é conhecida por nomes diferentes em outras regiões, como “camarão-grande, pitu e lagosta-de-são-fidélis, entre outros.”

Em casa, o pescador Benilde prepara o crustáceo de duas maneiras. Uma delas é clássica: basta aferventar a lagosta e degustar a carne e o recheio das patas com sal e limão a gosto. A outra é bem mineira. “Prepare a moqueca como de costume, mas acrescente azeitona ao cozido e finalize com lascas de queijo de minas verde (não pode estar maduro ou curado, senão derrete além da conta). Fica uma delícia”, garante.

Moqueca de lagosta
Ingredientes para 2 porções

500g de lagosta-de-água-doce inteira, apenas sem a cabeça; 2 tomates sem sementes e cortados em cubos ou tiras; 1 cebola cortada em cubos; urucum, coentro fresco, sal e alho a gosto e farinha de mandioca suficiente para o preparo do pirão.

Modo de fazer

Retire a cabeça e lave a lagosta em água corrente. Tempere a gosto. À parte, faça um refogado de tomate simples. Acrescente o crustáceo e água suficiente para que sobre molho para o pirão. Desligar o fogo depois de poucos minutos de fervura. Finalizar com coentro e servir. Para fazer o pirão, acrescente farinha de mandioca à parte do molho do refogado e misture até dar o ponto.


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