
As condições cardíacas dos motoristas também não estavam boas. Segundo a avaliação do diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Eustáquio Guerino, A.V.R., que apresentou tonturas e sente mal ao dirigir, precisa ver um médico, pois pode desenvolver diabetes e problemas vasculares mais sérios. Uma dieta, recomendações de exercícios e de hábitos saudáveis foram passadas a ele. Outros três caminhoneiros também apresentaram pressão alta. “São homens que mesmo com planos de saúde têm dificuldade de consultar médicos. São escravos de suas profissões. Como ficam pouco em seu município, não conseguem articular esses cuidados”, atesta.
O relato mais impressionante foi o de um jovem de 24 anos que transporta granito de Medina, no Vale do Jequitinhonha, para vários pontos do país. O homem não fez os exames, mas seus relatos foram chocantes. “O caminhão dele suporta 14 toneladas. Ele traz blocos de 28 toneladas. Tem de rodar à noite e apaga o farol para os operadores das balanças não o verem. Cobre a carga com lona para disfarçá-la. Toma rebite para circular numa noite só. É uma rotina suicida”, atesta o consultor em manutenção, Alberto Guimarães.
