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Estado de Minas

Maior favela do estado tem 11 bairros, 160 becos e 207 pequenas empresas


postado em 22/12/2011 07:30

Maior aglomerado de Minas Gerais sem considerar os complexos de favelas, o Jardim Terezópolis/Santo Antônio tem cerca de 23,1 mil moradores e números impressionantes. A favela conta com 11 bairros, 160 becos e 207 pequenas empresas na região industrial, segundo informações da Regional Jardim Terezópolis. Sim, a favela tem uma regional só para ela, dentro da estrutura da Prefeitura de Betim, cidade de contorno industrial da Grande Belo Horizonte. “Nós pensávamos que o Jardim Terezópolis perdia para a Cabana, mas é bom saber da real dimensão porque o governo dá mais atenção à nossa comunidade”, diz José Pereira, administrador regional do Jardim Terezópolis. “Quanto maior a população, mais aglutinada ela é e maiores são os problemas, porque as casas são muito próximas umas das outras. Um grave problema é a segurança, que já foi pior”, completa.

“O Jardim Terezópolis impressiona pelo tamanho, mas não chega a ser um favelão, porque aqui tem infraestrutura”, diz Bruno de Carvalho, supervisor da regional. Sem esconder a admiração, ele mostra o investimento de R$ 1 milhão feito com recursos próprios pelos moradores na construção de um prédio de 15 apartamentos na Avenida Belo Horizonte, principal corredor de trânsito do Jardim Terezópolis.

Na mesma avenida, chama a atenção o movimento do comércio, bem como o aluguel de caçambas para recolher os restos do material de construção e o passeio adaptado com guia para deficientes visuais ao longo de toda a via. “Ainda está faltando saneamento em 10% das casas da Vila Bemge e Vila Recreio, mas estamos criando uma consciência ecológica nos moradores, que não jogam entulho nas ruas. É só olhar o número de caçambas alugadas”, diz Bruno, que se orgulha de ter nascido no Jardim Terezópolis e de retornar ao lugar onde nasceu depois de longa temporada em Madri e em Londres para acudir a família depois que o irmão foi preso por tráfico de drogas. “Fui atrás de vida financeira melhor e o destino me trouxe de volta para vender água de coco e caldo de cana na esquina. Está dando mais certo. Lá fora o custo de vida é mais alto e a gente paga para viver. Aqui, já comprei meu imóvel financiado”, compara.

Sonho

No cruzamento com a Avenida BH, está a maior farmácia do bairro, a Drogaria Terezópolis, com placa do tamanho do empreendimento. O negócio é comandado pelo farmacêutico Jaisel de Oliveira Portes, de 32 anos, que está no quinto período do curso de medicina e vai se tornar o primeiro médico criado na região, onde mora há 14 anos. “Vim atrás da minha família, que é do interior (São Félix de Minas), e quero realizar um sonho de criança que estou conseguindo aos poucos depois de atingir a estabilidade financeira. Como médico, quero dar o retorno a esta comunidade, que me sustenta como comerciante”, afirma.

No passeio da frente, está a loja de roupas femininas Gesa Moda, de Maria de Jesus Araújo, de 45 anos, a Gesa. “Considero o Jardim Terezópolis como um bairro, porque é um lugar que tem tudo. Para quem sabe conviver, não tem nada que impede de morar aqui”, afirma ela, referindo-se de forma velada à violência e à criminalidade, maior preocupação dos moradores do local, que já foi o mais violento de Betim, e hoje perde para Citrolândia e PTB. Pelo aluguel da loja, Gesa paga um salário mínimo mensal. “Se a loja fosse no Centro de Betim eu pagaria R$ 2 mil por mês e poderia vender mais, mas os gastos seriam maiores. Prefiro ficar por aqui, onde sou conhecida por todos”, resume a lojista, que gosta de ser chamada pelo apelido.

Vilas

Dos 11 bairros, apenas a Vila Bemge e a Vila Recreio abrigam pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e, nestas duas vilas, estão os últimos becos sem pavimentação e sem casas de tijolos, que serão beneficiados pelo projeto de habitação popular do governo federal Minha casa, minha vida. A Jardim Terezópolis nasceu no encalço da montadora de veículos italiana Fiat, cinco anos depois da sua instalação em Betim, em 1976.

“Não vejo isto aqui como favela. É um ótimo lugar para morar. Tem água, luz, esgoto, tem de tudo no comércio e a violência é mais lá para baixo. A casa é minha e só não tenho o papel”, admite a dona de casa Carmelita Alves Rocha, de 57 anos, que já criou os filhos e agora ajuda a cuidar dos netos (como Eduarda Gabriele, de 3, e Rosilaine, de 8) há 20 anos no mesmo barracão na entrada da Vila Recreio.


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