Numa noite sem chuva, e com direito até a algumas estrelas, começou, ontem, desta vez com uso de um robô, a digitalização em 3D dos 12 profetas esculpidos, entre 1800 e 1805, por Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), o Aleijadinho, para o adro do Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos. O processo vai garantir maior segurança para as peças, pois armazenará todas as informações sobre a escultura, inclusive o sistema construtivo, e permitirá a produção de réplicas de tamanhos diversos sempre que necessário. O profeta Abdias, localizado do lado direito da basílica, foi o escolhido para reiniciar o projeto – outras cinco esculturas já mereceram o mesmo tratamento, embora de forma manual e com demanda de muito mais tempo.
Iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em parceria com a Comau do Brasil, o trabalho está sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Visão Computacional, Computação Gráfica e e Processamento de Imagem (Imago), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo o professor Luciano Silva, do Imago, não se trata de um ultrassom, mas de um sistema de coleta de imagens composto de uma máquina scanner laser e câmera de alta resolução. A expectativa é que o serviço termine até sábado, sendo feito apenas à noite, pois a iluminação artificial, ao contrário da solar, incide de forma homogênea sobre a escultura e permite uniformidade na coleta das imagens. O conjunto histórico é reconhecido como patrimônio mundial, pela Unesco, desde 1985. Esta é a primeira vez que um robô industrial próprio de linhas de produção, como a de automóveis, será usado em um projeto de preservação de obras de arte.
Descoberta
Eram 22h45 quando Luciano e sua equipe, formada pelos estudantes Leonardo Gomes, de doutorado, e Jong Wan Silva, de mestrado, começaram o serviço. Acompanhando tudo de perto, estavam a oficial de projeto do setor de Cultura da Unesco, a arquiteta Patrícia Reis; o engenheiro mecânico da Comau Paulo Nascimento; João Carlos Cruz de Oliveira, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Ithan); e Maurício Vieira, presidente do Conselho Municipal do Patrimônio. Luciano explicou que para cada profeta são feitas 250 imagens e, para garantir total segurança das esculturas, a scanner nem encosta na superfície de pedra-sabão. Um dos grandes benefícios do uso do robô NJ 110, cedido gratuitamente pela Comau, é que será possível alcançar todos os ângulos das peças, sem necessidade de montagem de andaimes e plataformas, como ocorreu anteriormente. “A mobilidade é fundamental para o resultado e conseguimos isso com o robô”, disse.
A digitalização inicial traz revelações, como mostrou o Estado de Minas ontem com exclusividade: na escultura de Daniel, Aleijadinho deixou um orifício que funciona como dreno, impedindo acúmulo de água de chuva entre a cintura e o pergaminho. Outra descoberta, desta vez no profeta Oséas, está na divisão milimétrica entre os blocos superior e inferior do corpo, os quais não se tocam, a não ser no eixo central. A digitalização reproduz a geometria exata das esculturas e textura da pedra, e com o monitoramento ao longo do tempo será possível acompanhar o processo de degradação das peças.
Iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em parceria com a Comau do Brasil, o trabalho está sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Visão Computacional, Computação Gráfica e e Processamento de Imagem (Imago), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo o professor Luciano Silva, do Imago, não se trata de um ultrassom, mas de um sistema de coleta de imagens composto de uma máquina scanner laser e câmera de alta resolução. A expectativa é que o serviço termine até sábado, sendo feito apenas à noite, pois a iluminação artificial, ao contrário da solar, incide de forma homogênea sobre a escultura e permite uniformidade na coleta das imagens. O conjunto histórico é reconhecido como patrimônio mundial, pela Unesco, desde 1985. Esta é a primeira vez que um robô industrial próprio de linhas de produção, como a de automóveis, será usado em um projeto de preservação de obras de arte.
Descoberta
Eram 22h45 quando Luciano e sua equipe, formada pelos estudantes Leonardo Gomes, de doutorado, e Jong Wan Silva, de mestrado, começaram o serviço. Acompanhando tudo de perto, estavam a oficial de projeto do setor de Cultura da Unesco, a arquiteta Patrícia Reis; o engenheiro mecânico da Comau Paulo Nascimento; João Carlos Cruz de Oliveira, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Ithan); e Maurício Vieira, presidente do Conselho Municipal do Patrimônio. Luciano explicou que para cada profeta são feitas 250 imagens e, para garantir total segurança das esculturas, a scanner nem encosta na superfície de pedra-sabão. Um dos grandes benefícios do uso do robô NJ 110, cedido gratuitamente pela Comau, é que será possível alcançar todos os ângulos das peças, sem necessidade de montagem de andaimes e plataformas, como ocorreu anteriormente. “A mobilidade é fundamental para o resultado e conseguimos isso com o robô”, disse.
A digitalização inicial traz revelações, como mostrou o Estado de Minas ontem com exclusividade: na escultura de Daniel, Aleijadinho deixou um orifício que funciona como dreno, impedindo acúmulo de água de chuva entre a cintura e o pergaminho. Outra descoberta, desta vez no profeta Oséas, está na divisão milimétrica entre os blocos superior e inferior do corpo, os quais não se tocam, a não ser no eixo central. A digitalização reproduz a geometria exata das esculturas e textura da pedra, e com o monitoramento ao longo do tempo será possível acompanhar o processo de degradação das peças.