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Estado de Minas NORTE DE MINAS

Mineira de 110 anos sofreu adandono do marido e do filho


postado em 25/06/2011 07:46 / atualizado em 25/06/2011 09:18

Maria Pereira dos Santos, ao longo dos seus 110 anos, sempre demonstrou ser feliz, atenciosa. Ela não parece ter vivido as dificuldades que superou. E foram várias. Filha de pequenos agricultores, desde a adolescência teve que trabalhar para ajudar a família a retirar o sustento de pequenas lavouras de milho e feijão. Nunca pôs o pé numa sala de aula. “Naquele tempo, não havia escola na roça. A gente só trabalhava.” Era plantio, capina, colheita e a produção de rapadura e farinha.

Maria é testemunha de um grande sofrimento imposto ao sertanejo do Norte de Minas. Ela recorda a angústia vivida em 1939, quando a região enfrentou uma de suas piores secas. “Secou tudo. Não sobrou nada do que o povo plantou.” Sem trabalho e comida, seus pais foram obrigados a pegar os filhos e fugir em busca de “salvação” numa região distante, onde ficaram durante um ano. “Para chegar lá, a gente caminhou durante 20 dias”. Ela não se lembra direito para onde foram.

Ela vive hoje numa casa de alvenaria, com luz elétrica e água encanada, construída com o dinheiro “juntado” da aposentadoria rural (R$ 545 mensais) e com a ajuda dos filhos. Já morou em três casas em condições precárias. As duas primeiras tinham paredes de “enchimento” e a terceira era feita de adobe.

Com pouco mais de 20 anos de casada, em 1956, Maria Pereira dos Santos sofreu um duro golpe. O marido, João Francisco Firmino, pai dos seus seis filhos, disse que tinha outra mulher e abandonou a família. Dois anos depois, ele viajou para São Paulo. Justificou que “ia ganhar dinheiro”. Nunca mais apareceu e já se passaram 52 anos. O ex-marido de dona Maria estaria hoje com 105 anos. “Acredito que não esteja vivo.”

Na década de 1960, um dos filhos de Maria, José Francisco dos Santos, resolveu seguir os passos do pai e se mudou para São Paulo. Voltou para ver a mãe pela última vez em 1968. Desde então, não deu mais notícias. Ela tem esperança de rever o filho, que hoje estaria com 78 anos. “Se o Zé Francisco aparecer, estarei aqui para recebê-lo”.


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