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Estado de Minas

Familiares tentam superar a dor da perda de jovens mortos em confrontos


postado em 05/06/2011 07:47 / atualizado em 05/06/2011 09:22

‘‘Campo é para torcedor, não para vândalos..."

Terezinha Pereira Anastacia, avó de Lucas Batista Anastacia Marcelino(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Terezinha Pereira Anastacia, avó de Lucas Batista Anastacia Marcelino (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
>> Lucas Batista Anastácio Marcelino, 20 anos,
>> Morto em 15 de fevereiro de 2009, no Bairro Horto


A vontade que aperta o peito de Terezinha Pereira Anastácio, de 85 anos, é poder mais uma vez dançar à beira do fogão com o neto, Lucas Batista Anastácio Marcelino, morto a tiros aos 20 anos na Avenida Silviano Brandão, ao lado de outros torcedores que iam ao estádio. Terezinha também sente falta de cozinhar as batatas fritas e o tropeiro para aquele a quem chama de filho. Sem conter as lágrimas, a senhora que oferecia o colo para o neto aconchegar-se está só. “Desde que o Lucas nasceu eu o criei. Lembro de tanta coisa... Ele era meu companheiro”, lamenta a mãe de oito filhos, todos vivos. “O único que perdi foi ele”, diz a anciã.

A avó tinha orgulho do neto que cedo buscou uma profissão, a de cabeleireiro. Dona Terezinha também não se esquece das viagens que fez com Lucas. “Para mim, acabou. Na verdade, nem meus filhos eram como ele. Não perdi um neto, perdi um filho”, emociona-se a senhora, que roga todas as noites para que a “joia” esteja em um bom lugar. Lucas era muito conhecido no Bairro Boa Vista, na Região Leste de Belo Horizonte, pela presença na igreja e pela atenção dispensada às crianças e idosos, dos quais cortava o cabelo de graça uma vez por mês.

A tia de Lucas, Ana Maria Anastácio, 51 anos, que ensinou o ofício ao sobrinho, cobra, e muito, uma resposta da Justiça. “Campo é pra torcedor, pra família, não é local de vândalos. Marginal é dentro de cadeia. No entanto, os bandidos ficam soltos”, exalta-se. “Nós não temos boas condições financeiras, queremos nos divertir, e dentre o que temos de melhor está o futebol. Os vândalos estão tirando isso da gente”, completa Ana Maria.

‘‘Com a violência, a pessoa tem que torcer e ficar calada... "

Mônica de Cássia Fernandes, mãe de Otávio Gonçalves Fernandes, morto na Região da Savassi no fim do ano passado(foto: Danilo Evangelista/Esp.EM)
Mônica de Cássia Fernandes, mãe de Otávio Gonçalves Fernandes, morto na Região da Savassi no fim do ano passado (foto: Danilo Evangelista/Esp.EM)
>> Otávio Gonçalves Fernandes, 19 anos

>> Atacado em 27 de novembro de 2010, na Região da Savassi

O balconista Otávio Gonçalves Fernandes era, desde criança, um apaixonado pelo seu time favorito e filiado a uma torcida organizada. Mesmo assim, não se envolvia em confusões ou brigas. “O meu filho era uma pessoa muito caseira e tranquila”, assegura a auxiliar de serviços gerais Mônica de Cássia Fernandes, de 39 anos, mãe do rapaz, que, aos 19 anos, morreu espancado por torcedores rivais em frente a uma casa de shows, na Avenida Nossa Senhora do Carmo, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, depois de um evento de lutas marciais. Mônica, que também gosta muito de futebol, conta que desde 27 de dezembro, data da morte do filho, não se interessou mais pelos jogos do seu time. “Não assisto nem pela TV, porque me lembro do meu filho.” Lamenta o fato de que, hoje, torcer virou um risco. “Com a violência, a pessoa tem que torcer e ficar calada, para não ter problemas.”

‘‘Só queria dar um abraço...."

>> Ronaldo Pedro Ferreira, 26 anos
>> Atacado em 6 de maio de 2007 na porta do Mineirão

“Só queria dar um abraço e um beijo nele, coisa que não fazia muito enquanto ele estava vivo”. A frase é de Eliane Francisca Ferreira, de 32 anos, irmã de Ronaldo Pedro Ferreira, que aos 25 foi espancado na entrada do Mineirão, em 6 de maio de 2007. Sem saber, ele e quatro companheiros entraram pelo portão destinado à torcida adversária e foram atacados por um grupo de aproximadamente 20 torcedores rivais. Dois dias depois, Ronaldo morreu no Hospital João XXIII, vítima de traumatismo craniano.


‘‘Tudo está mais difícil..."

>> Washington Sebastião Teixeira, 26 anos,
>> Morto em 5 de agosto 2005, no Bairro Horto

O lugar vazio no sofá da sala faz brotar um turbilhão de lembranças em João Jacinto Teixeira, de 63 anos, pai de Washington Sebastião Teixeira, que aos 26 anos foi vítima da rivalidade exacerbada entre as torcidas. Era ali que pai e filho discutiam escalações, triunfos e fracassos do time favorito. Um tiro matou Washington num ponto de ônibus, quando ele se preparava para ir ao Mineirão. “Tudo está mais difícil. A gente não é mais alegre como era. Hoje, evito fazer muitas coisas que ele gostava, como assistir futebol, pois me lembro de tudo”, desabafa o pai.


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